Balbúrdia bolsonarista em São Paulo é teste para governador Tarcísio – UOL Confere

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em países como Timor Leste e Angola e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). Diretor da ONG Repórter Brasil, foi conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão (2014-2020) e comissário da Liechtenstein Initiative – Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos (2018-2019). É autor de “Pequenos Contos Para Começar o Dia” (2012), “O que Aprendi Sendo Xingado na Internet” (2016), ?Escravidão Contemporânea? (2020), entre outros livros.
Colunista do UOL
07/01/2023 06h25
O comportamento de um grupo de seguidores de Jair Bolsonaro, que provocou balbúrdia pelas ruas da capital paulista, nesta sexta (6), é um teste para Tarcísio de Freitas, aliado do ex-presidente. O governador do Republicanos controla uma polícia militar que tem se mostrado leniente à aplicação da lei quando o bolsonarismo é o delinquente.
Apesar de redes e grupo de mensagens de extrema direita afirmarem que a cerimônia de posse, em Brasília, foi uma encenação promovida por TVs e financiada pela China, cresce a percepção entre eles que Lula realmente assumiu o poder. Com isso, os acampamentos em torno de quartéis, como o Comando Militar do Sudeste, em São Paulo, têm minguado.

Relatório entregue ao presidente da República pelo ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, aponta que as aglomerações de caráter golpista passaram de 43 mil para 5 mil pessoas, entre o início de dezembro e a última quinta. A grande maioria voltou para casa e está tocando sua vida, mas uma minoria ruidosa e violenta continua não aceitando o resultado. E quer ir para o tudo ou nada.
Nesta sexta, uma semana após a fuga de Bolsonaro para os Estados Unidos e aniversário de dois anos da invasão trumpista do Capitólio, uma carreata de seguidores de Jair passou por grandes avenidas de São Paulo para demonstrar que não aceitam a vitória de Lula. Espalharam medo e caos.
Quatro homens que estavam em uma carreata na avenida Angélica desceram de seus veículos para bater em uma mulher idosa que carregava uma bandeira do petista. Uma moradora da região central da cidade foi agredida ao tentar defende-la. Um vídeo mostra um deles batendo em seu rosto. Conforme ela relatou ao UOL Notícias, policiais que estavam no local não detiveram o agressor.
Depois, a carreata interditou o trânsito na região do Parque do Ibirapuera usando uma faixa com o lema do governo passado (“Brasil acima de tudo”). Vídeos mostram bolsonaristas prometendo que fechariam primeiro o Aeroporto de Congonhas, depois São Paulo, depois o Brasil.
Não foram molestados pelas forças de segurança, o que não aconteceria se o trancamento da avenida 23 de Maio, uma das mais movimentadas da cidade, fosse realizado por integrantes do MST pedindo recursos para plantar, do MTST demandando moradias ou por professores da rede pública exigindo aumento de salários.
Mensagens em grupos de extrema direita estão convocando para que, neste final de semana, bolsonaristas tranquem rodovias, atrapalhem o trânsito e dificultem a distribuição de combustíveis.
Tentam também organizar um ato, na próxima segunda (9), na Praça dos Três Poderes, em Brasília, que culminaria com uma invasão ao Congresso Nacional – plagiando o crime cometido há dois anos em Washington DC.
Enquanto a atenção do governo do Distrito Federal, do Ministério da Justiça e Segurança Pública, da Procuradoria-Geral da República e do Supremo Tribunal Federal terá que ser redobrada com essas ameaças, São Paulo tem seus próprios problemas.
Tarcísio colocou um bolsonarista como titular da Secretaria da Segurança de São Paulo, o PM da reserva Capitão Derrite. Mas foi eleito vendendo-se com um discurso menos radical que o do antigo chefe.
A depender da escalada da loucura violenta do golpismo em São Paulo, ele será chamado a provar se é apenas um preposto de Jair ou se tem luz própria.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
Leonardo Sakamoto
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