Biografia de Viola Davis asfixia ao escancarar o racismo e a humilhação – UOL
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Jornalista, doutora em ciências sociais e professora de comunicação social da Universidade Mackenzie
Talvez Viola Davis encarne o epítome da resiliência da mulher negra.
A atriz americana é uma dessas pessoas que reconhecemos como uma grande guerreira de fibra. Inspiradora, combativa nos discursos de aceitação dos grandes prêmios, perfeita nas suas atuações, lindíssima, sempre segura e sagaz, venceu a tudo e a todos.
Nasceu abaixo da linha da pobreza em uma “plantation” no sul dos Estados Unidos, região que lutou pela manutenção da escravidão na Guerra da Secessão e foi palco dos ataques racistas mais ferozes, tanto no passado segregacionista quanto no presente integrado.
Sofreu com a falta de roupas, comida ou água quente para o banho antes da escola durante o inverno. E, mesmo assim, chegou ao éden prometido a todos que não se parecem com ela.
Era de se esperar então que sua autobiografia, “Em Busca de Mim”, fosse uma narrativa de superação. Mas a superação é linear. E o que essas páginas oferecem são histórias multifacetadas, a serem modeladas pela própria leitura —quem procurar uma Viola que ganhou o mundo, mas perdeu a essência e precisou enfrentar o passado para dar sentido ao futuro, encontrará.
Mas a leitura mais interessante talvez esteja nas fissuras desse caminho, por onde se entrevê uma história que, no fundo, não é individual; diz respeito a todas e todos nós, porque suscita o questionamento da desigualdade.
O que sobressai nesse olhar não é mérito, mas a sensação asfixiante de ver tão óbvio talento submetido a tamanha opressão, humilhação, subjugação. Não há como não pensar em quantas Violas devem ter ficado pelo caminho, enquanto gente menos competente –mas da cor certa– chega aonde ela chegou sem nem sequer transpirar.
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Viola Davis expõe pouco a pouco as veias ainda pulsantes desse racismo sistêmico naquela que é conhecida como a “maior democracia do mundo”. E é duro de ler.
Desfilam pelas páginas a construção sistemática do auto-ódio, a miséria no coração do capitalismo, violência doméstica, o dilema do perdão a um pai agressivo, o abuso sexual em troca de dinheiro, a difícil busca por amor, as inseguranças na construção da carreira, a redenção pela terapia, pela fé. Em suma, as diversas camadas de desumanização que constituem e ao mesmo tempo assombram a hoje aclamada Viola Davis.
Não há romantização da dor. A dor é o preço exorbitante que ela teve de pagar para chegar ao mais longe que uma mulher com sua história e pele já havia chegado no teatro e no cinema. Isso também fez dela uma pessoa esgotada, incapaz de saborear o próprio sucesso.
Enquanto um sentimento de inadequação ganhava força nos bastidores, o que o público via era mais uma camada de violência, disfarçada de congratulação; um requinte extra de crueldade na proclamação da (manutenção do) status quo. “Somos inclusivos, sim, veja nossa Viola! Basta ter seu talento e coragem que você vai atravessar tudo isso e encontrar seu pote de ouro.”
Nas linhas ou entrelinhas, “Em Busca de Mim” é um manifesto profundo e bem escrito pelo resgate da humanidade da mulher negra adulta que, ao mesmo tempo, redime a garotinha de oito anos, se esgueirando pelo portão dos fundos da escola para escapar da agressão cotidiana dos colegas de classe.
E, nessa busca retroativa, do topo para trás, Viola Davis acaba fazendo uma declaração de amor às nossas mais humildes origens, às comunidades, famílias e lutas históricas por direitos —ainda pouco efetivos e muito voláteis.
É um texto capaz de indagar com honestidade as possibilidades de ascender num mundo de segregação (aberta ou velada), sem que se deixe a alma pelo caminho. E o que conclui essa protagonista cheia de rachaduras, profundas como as da casa da sua infância, é que o caminho até o pódio foi dolorido, angustiante e solitário.
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