Bolsonaro age, mas aliados de Marinho dizem que Pacheco lidera – Poder360
Ex-presidente tem ligado para senadores com quem tinha boas relações e pede voto dizendo que é uma forma de manter o equilíbrio de poder
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem ligado para senadores com quem tinha boas relações para pedir voto em Rogério Marinho (PL-RN) na eleição para a presidência da Casa Alta. Ainda assim, os principais articuladores da candidatura dizem que Rodrigo Pacheco (PSD-MG) mantém a dianteira de votos.
Bolsonaro telefonou a pelo menos 3 senadores no domingo (29.jan.2023). Nas conversas, segundo seu filho mais velho, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), faz uma leitura de cenários políticos.
“Ele faz contato com alguns senadores que ele tem mais liberdade e explica como está o cenário no Brasil e como é decisiva a eleição de presidente do Senado. O retorno tem sido bastante positivo. Mesmo à distância, ele continua muito ativo“, disse.
Os senadores que apoiam a candidatura de Marinho fizeram um almoço na casa do senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Flávio e ao menos outros 15 senadores passaram por lá ao longo do dia. Foi servida uma paella para os congressistas.
Estiveram lá o candidato, os ex-ministros Ciro Nogueira (PP-PI), Tereza Cristina (PP-MS) e Damares Alvez (Republicanos-DF), Marcos do Val (Podemos-ES), Wellington Fagundes (PL-MT) e Nelsinho Trad (PSD-MS), do mesmo partido de Pacheco.
A ideia, segundo os presentes, era montar uma base ampla. Há a possibilidade de o PSDB juntar-se ao bloco de 3 partidos que apoiam Marinho: PP, PL e Republicanos. No sábado (28.jan), oficializaram o apoio à candidatura.
A eleição será na 4ª feira (1º.fev). Além de Marinho e Pacheco, o senador Eduardo Girão (Podemos-CE) também concorre, mas praticamente sem chances de vitória. O partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoia a candidatura de Pacheco. O presidente tem feito gestos que podem ser considerados como apoio velado. Na 5ª da semana passada foi a um jantar na residência oficial ao lado do ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT).
Segundo apurou o Poder360, os principais articuladores de Marinho dizem que ele está atrás. Em frente às câmeras, mostram otimismo.
“Pelas nossas contas, já temos 42 votos“, disse o senador Wellington Fagundes. Ele participou do almoço e, antes, de outra reunião no barco do senador eleito Wilder Morais (PL-GO), que estava no Lago Paranoá, em Brasília.
Rogério Marinho, disse que, se for eleito em 1º de fevereiro, assinará a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os ataques do 8 de Janeiro. A declaração foi dada em evento no sábado (28.jan.2023), em Brasília, em que foi oficializado o apoio de PP e Republicanos ao seu nome. Ele criticou o atual governo que, segundo ele, antes era favorável às investigações e agora passou a ser contra.
“É evidente que houve falha na segurança. A senadora Soraya [Thronicke] está propondo uma CPI. Acho que é o instrumento adequado para averiguarmos quais foram as falhas por ação ou omissão de uma forma geral. Não se pode fazer investigação seletiva. Estamos vendo um governo que, em um 1º momento, estava favorável à CPI. Agora, o presidente Lula e o [senador] Randolfe [Rodrigues] dizem que não é necessário. Estamos prontos para assinar uma CPI ampla”, afirmou.
Assista à íntegra do evento (35min25s):
Marinho discursou por 15 minutos e depois conversou com jornalistas por mais 10 minutos. Em sua fala, ele e seus aliados rechaçaram a ideia de que a eleição para presidente do Senado seja uma espécie de 3º turno das eleições presidenciais. Mas fez diversas críticas ao atual governo, que associou a Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Ele afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) apoia Pacheco. “O governo está operando e vai operar. Não estamos reclamando, estamos falando o óbvio”, disse.
Marinho foi ministro de Jair Bolsonaro (PL). Afirmou que sua candidatura dará sequência às ações do ex-presidente e do presidente anterior, Michel Temer (MDB). Na avaliação dele, essas políticas foram responsáveis pela redução do desemprego, observada em 2022. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego encerrou o ano passado em 8,1% –menor taxa em 7 anos.
“Isso se inicia em 2016, quando o ex-presidente Temer começa a erguer este país que havia sido colocado no fundo do poço, perdido a confiança daqueles que investem no país. Que estava ladeira abaixo, imerso em uma catástrofe, em uma hecatombe econômica. Um processo de aparcelamento da máquina pública e de desagregação social e econômica levando nosso povo ao desespero”, disse em referência velada à ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Marinho diz que Temer e Bolsonaro foram responsáveis pela modernização do Estado. Esse legado estaria em risco com o atual governo. Sua candidatura seria para manter mudanças como as reformas trabalhista e da Previdência, e os marcos legais do saneamento e das ferrovias.
“Muito desse legado está em risco. Nós precisamos fazer o contraponto. Precisamos moderar a avidez, os excessos que estamos assistindo daqueles que estão chegando ao poder e no afã de impor a sua agenda querem destruir o que foi feito de forma virtuosa”, disse.
Questionado se as falas elogiosas ao ex-presidente Temer fazem parte de uma tentativa de atrair o MDB à sua candidatura, ele respondeu que não, já que o partido está na base de apoio de Lula. “Mas senadores do MDB são bem-vindos”, emendou. O partido tem 10 senadores.
A fala de Marinho contrasta com os discursos de Lula, que tem chamado Temer de “golpista”. Em viagem ao Uruguai, o presidente disse que o impeachment de Dilma foi um “golpe”. Temer reagiu dizendo que foi, na verdade, um “golpe de sorte”. Dos 37 ministros de Lula, 7 apoiaram o impedimento da ex-presidente.
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