Bolsonaro cai entre pobres após bomba sobre o mínimo e granada de Jefferson – UOL Confere

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em países como Timor Leste e Angola e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). Diretor da ONG Repórter Brasil, foi conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão (2014-2020) e comissário da Liechtenstein Initiative – Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos (2018-2019). É autor de “Pequenos Contos Para Começar o Dia” (2012), “O que Aprendi Sendo Xingado na Internet” (2016), ?Escravidão Contemporânea? (2020), entre outros livros.
Colunista do UOL
27/10/2022 18h28
Após a revelação de um estudo do governo para uma mudança no salário mínimo que pode reduzir seu poder de compra e um dos aliados do presidente, Roberto Jefferson, tentar matar dois policiais federais, a vantagem de Lula sobre Bolsonaro cresceu de 20 para 28 pontos, em oito dias, entre os que ganham até dois salários mínimos, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta (27).
A intenção de voto no petista foi de 57% para 61%, entre 19 e 27 de outubro, e a de Bolsonaro passou de 37% para 33%. A margem de erro para esse grupo, cuja amostra representa 48% da população, é de três pontos.

Essa é a primeira queda do presidente fora da margem entre os mais pobres desde o início dos levantamentos no segundo turno.
Para gerar caixa a fim de cumprir promessas eleitorais de Jair Bolsonaro, como garantir Auxílio Brasil de R$ 600, sua equipe estudou parar de corrigir o salário mínimo pela inflação registrada no ano anterior e passar a atualizá-lo com base na meta da inflação, que pode ser menor que a inflação efetivamente medida. Isso impactaria salários, aposentadorias, seguro-desemprego e benefícios sociais de 72 milhões de brasileiros, de acordo com Eduardo Fagnani, professor de economia da Unicamp.
O estudo, revelado por reportagem de Idiana Tomazelli e Julianna Sofia, da Folha de S.Paulo, no dia 19, faz parte de um plano do ministro Paulo Guedes para refundar a legislação sobre as contas públicas do país em um segundo mandato de Jair. O problema é que essas refundações, ao que tudo indica, seriam estruturadas na base do aperto do cinto dos que já não têm.
Após o PT usar a informação para atacar a sua campanha, Bolsonaro fez uma live com seu ministro da Economia, em que prometeram aumentar o salário mínimo acima da inflação – o que não fizeram desde que ele assumiu o governo em 2019.
Outro fato que pode ter impactado uma parcela dos mais pobres foi o espetáculo de violência armada proporcionado pelo ex-deputado Roberto Jefferson, aliado de Jair Bolsonaro e um de seus principais defensores nas redes sociais. Ele atirou na Polícia Federal, neste domingo (23), ferindo com mais de 50 tiros de fuzil e três granadas um delegado e uma agente que tentavam executar uma ordem prisão contra ele.
Logo em seguida, o presidente tentou se desvencilhar do ex-deputado (que assumiu, em nome dele, parte do serviço sujo de ataques a membros do Supremo Tribunal Federal na campanha) repudiando sua ação e chamando-o de “bandido”. Disse que não havia sequer uma foto sua com ele, o que foi largamente desmentido pela internet, que nunca esquece.
As cenas de violência e o discurso de Jefferson alinhado ao do presidente, que vem defendendo que “um povo armado jamais será escravizado”, podem ter afastado votos dos mais pobres – que são os que mais sofrem com a violência armada no país.
A polícia foi até à sua casa, em Levy Gasparian (RJ), para cumprir um mandado de prisão do STF. Nesta sexta, ele havia gravado um vídeo atacando a ministra Cármen Lúcia, chamando-a de “prostituta arrombada”, entre outras coisas, por ela ter votado a favor de um direito de resposta para Lula. O mandado de prisão não foi pelo xingamento, mas por desrespeitar as condições de sua prisão domiciliar.
No dia 29 de julho, Bolsonaro afirmou que armas de fogo podem garantir ao cidadão sua “liberdade no futuro”. No vídeo que postou nas redes neste domingo, Jefferson encenou um teatrinho dizendo que estava defendendo a liberdade. Pediu para que o ato dele inspire outros, ou seja, insurreição. Isso pode ter pego mal com o eleitor.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
Leonardo Sakamoto
Leonardo Sakanoto
Leonardo Sakamoto
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Leonardo Sakamoto, colaborou Carla Araújo
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