Bolsonaro enfrenta dois problemas: um dentro de casa, o outro fora – Metrópoles

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Blog com notícias, comentários, charges e enquetes sobre o que acontece na política brasileira. Por Ricardo Noblat e equipe
01/11/2022 6:00, atualizado 01/11/2022 1:48
Sejamos justos com a formosa primeira-dama Michelle Bolsonaro, agora ocupada com os demônios que voltaram a afligir o país, uma vez que Deus não atendeu seus apelos para nos livrar deles.
Não, ela nada tem contra seu marido, o presidente derrotado em sua tentativa de se reeleger e inconformado com isso, afinal de que lhe valeu ajoelhar-se tanto diante de pastores evangélicos.
O problema de Michelle é antigo e atende pelo nome de Carlos Bolsonaro, o filho Zero Dois do presidente, o mais ciumento deles, o mais emocionalmente instável, que nunca a aceitou na família.
Sejamos justos também com Carlos, de apelido Carluxo. Imagine-se com 17 anos, seus pais separados, sua mãe, vereadora, candidata à reeleição, e, de repente, você ouve uma proposta.
A proposta do seu pai, a pessoa que você mais admira no mundo: “Eu quero que você seja candidato a vereador para impedir que sua mãe se reeleja.” Como é??? Isso mesmo que você leu.
E por sua cabeça jamais passara a ideia de tornar-se um político como seu pai, então deputado federal porque fora afastado do Exército sob a acusação de ser um mau militar.
Era Deus no céu e o seu pai na terra. Você testemunhou o sofrimento dele por terem lhe tirado a farda e proibido de frequentar ambientes militares; você se compadecia dele.
Seu pai queria seguir a carreira militar e não pôde. Derivou para a política porque precisava ganhar dinheiro para sustentar a família. Mas não era feliz, nunca seria de fato.
O que você faria? Ficaria do lado de quem? Seu pai tentara convencer o filho mais velho, Flávio, a derrotar a mãe, mas ele não topou. Eduardo, o Zero Três, não tinha idade.
Então, Carlos disse sim. Elegeu-se, derrotando a mãe, Rogéria, e só pôde assumir o mandato porque completou 18 anos entre a eleição e a posse. No primeiro dia, foi à Câmara de mãos dadas com o pai.
A ferida aberta por Bolsonaro em Carlos nunca mais cicatrizou, e voltou a sangrar depois que ele casou-se com Michelle. Era sua terceira mulher. Antes tivera Ana Cristina, mãe de Jair Renan.
Carlos passou a ver Michelle como uma poderosa sombra a separá-lo do pai. Michelle, de início, procurou apaziguá-lo, mas sem sucesso. O rompimento entre os dois, assim, tornou-se inevitável.
Nada apavora mais Bolsonaro do que saber que Carlos está infeliz, que parou de atender aos seus telefonemas, que está disposto a distanciar-se da família e ir tocar a própria vida.
E Carlos usa e abusa do poder que tem sobre Bolsonaro. Demitiu ministros, como Gustavo Bebianno (Casa Civil) e o general Carlos Alberto Santos Cruz (Secretaria de Governo da Presidência).
Na cerimônia de posse do pai, fez questão de desfilar com ele e Michelle em carro aberto pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília. E estava armado porque temia algum atentado.
No ano passado, com medo de que Carlos fosse preso no inquérito sobre distribuição de notícias falsas e atos contra a democracia, Bolsonaro hospedou-o no Palácio da Alvorada. Para quê…
Michelle detestou e o abrigo durou pouco. Carlos deu-lhe o troco: quando Michelle começou a brilhar na campanha do marido, a conta oficial de Bolsonaro no Instagram deixou de seguir a dela.
É Carlos, sempre foi ele, que administra as contas de Bolsonaro nas redes sociais. Quem tem as senhas é ele, com autonomia para fazer postagens sem muitas vezes consultar o pai.
Michelle reagiu em legítima defesa de sua imagem: deixou de seguir o marido no Instagram. E postou a seguinte mensagem em sua conta:
“Esclarecendo a matéria de hoje sobre o meu marido ter deixado de me seguir em seu Instagram, conforme o Jair explicou em várias ‘lives’, quem administra essa rede não é ele. Eu e meu esposo seguimos firmes, unidos, crendo em Deus e crendo no melhor para o Brasil. Estaremos sempre juntos, nos amando na alegria e na tristeza… Que Deus abençoe a nossa amada Nação!”
Bolsonaro, agora, enfrenta dois problemas igualmente graves: um dentro de casa, o outro fora com sua derrota para Lula.
“Não é possível você impedir as pessoas de se locomover. É grave, porque você pode comprometer a saúde das pessoas, abastecimento de hospitais, transplantes, vacina, alimentação, combustível. A pergunta é: quem vai pagar os prejuízos?” (Geraldo Alckmin, vice-presidente eleito)
A extrema-direita copiou os modos e estratégias de Trump, e isso nem é o mais grave: o mais grave é que outros possam copiá-lo
A história não será condescendente com Bolsonaro. Daqui em diante, será somente o líder de parcela restrita da irracionalidade presente
Luiz Eduardo Ramos foi assessor parlamentar durante o governo de Lula, mantém bom trânsito com alguns petistas e recebeu Alckmin
O Centrão não vai gostar, mas e daí?
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