Bolsonaro no melhor da sua forma – Metrópoles

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Blog com notícias, comentários, charges e enquetes sobre o que acontece na política brasileira. Por Ricardo Noblat e equipe
08/10/2022 6:00, atualizado 08/10/2022 6:08
Ronaldo Caiado (União Brasil), governador reeleito de Goiás, terminou a campanha no primeiro turno convencido de que não deveria apoiar nenhum candidato a presidente no segundo turno, assim como não apoiara no primeiro. Fazia sentido.
Não apoiaria Lula porque ideologicamente sempre foi seu adversário. Não apoiaria Bolsonaro porque, como médico que é, distanciou-se dele na pandemia. Para completar, Bolsonaro lançou um candidato em Goiás para atrapalhar a vida de Caiado.
E não só: Bolsonaro foi a Goiás algumas vezes durante a campanha renovar o apoio ao seu candidato, sem desautorizar os ataques furiosos feitos por ele a Caiado. Mas, DNA é DNA. Logo, Caiado se apresentou e declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno.
Foi uma tarefa dura a dos políticos que cercam Bolsonaro convencê-lo a comportar-se com moderação até aqui. Ou melhor: até ontem. O verdadeiro Bolsonaro, brigão e que facilmente se descontrola, deveria ser deixado atrás da porta.
Recomendável seria reviver o Jair Paz & Amor, criação de Michel Temer para ajudar Bolsonaro a recuperar-se do 7 de setembro de 2021, quando ele chamou de “canalha” o ministro Alexandre de Moraes e disse que não mais iria obedecer a ordens judiciais.
O Jair Paz & Amor durou além do que se supunha, mas acabou na coxia. Recentemente, Bolsonaro voltou a incorporá-lo para reduzir a vantagem de Lula nas pesquisas de intenção de voto. Humildemente, desculpou-se até pelos palavrões que diz.
Parou de bater na justiça. Parou de insinuar que se recusaria a aceitar os resultados da eleição se lhe fossem desfavoráveis. Esqueceu o golpe. E parou de falar mal das urnas eletrônicas. Como falar mal delas e pedir aos seus devotos que fossem votar?
Mas, sabe-se como é: nada mais poderoso do que o DNA, e ele triunfou outra vez. Depois de dois dias de celebrações com governadores que lhe foram dar uma força, Bolsonaro explodiu em cólera e protagonizou um espetáculo memorável.
Aos berros, num salão do Palácio do Planalto, agrediu com pesados insultos Alexandre de Moraes, o Supremo Tribunal Federal, Lula e todos os demônios que não o deixam dormir em paz. Dormir em paz é força de expressão porque ele dorme pouco e mal.
Por que agiu assim? Ora, porque em estado bruto ele é assim. E porque não gostou de ver nas redes sociais vídeos antigos onde admite ter dado “sopapos” em mulheres, e que por pouco não comeu carne humana cozinhada por índios na Amazônia.
Não gostou também de ter visto o ministro Paulo Guedes, da Economia, em vídeo do ano passado, elogiar Lula por empregar bem o dinheiro quando governou o país. A esquerda aprendeu com o bolsonarismo as técnicas de combate nas redes sociais.
Na antevéspera, Bolsonaro atribuiu a votação obtida por Lula no Nordeste ao analfabetismo dos brasileiros que vivem lá. Não adiantou, depois, referir-se aos nordestinos com carinho, posar com chapéu de vaqueiro e dizer-se um autêntico “cabra da peste”.
Nordestino não vota em chapéu de vaqueiro. Nem em que se exibe montado em jumento. As pequenas motos substituíram o jumento. “Cabeça chata” é uma ofensa. De resto, há nordestino em todo lugar, especialmente em São Paulo, e Bolsonaro precisa deles.
Precisa que parte deles que votou em Lula no primeiro turno fique em casa no segundo. Um aumento da abstenção no Nordeste tiraria preciosos votos de Lula. É possível, porém, que aconteça justamente o contrário. E, aí, tchau e benção, Bolsonaro.
“Esse país não pode votar em quem não derramou uma lágrima pelas 680 mil pessoas que morreram da Covid, por uma mãe ou um avô que morreu. Ele poderia ter salvado 400 mil vidas, mas resolveu brincar com a pandemia. Temos que tirá-lo de lá e pôr alguém que goste do povo”. (Lula)
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