Bolsonaro quer manter suspeita sobre urnas como "colchão" para derrota – UOL Confere

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Thaís Oyama é comentarista política. Foi repórter, editora e redatora-chefe da revista VEJA, com passagens pela sucursal de Brasília da TV Globo, pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S Paulo, entre outros veículos. É autora de “Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos” (Companhia das Letras, 2020) e de “A arte de entrevistar bem” (Contexto, 2008).
Colunista do UOL
11/10/2022 12h13
As Forças Armadas não encontraram nenhuma irregularidade no processo de votação organizado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no primeiro turno das eleições, mas o presidente Jair Bolsonaro (PL) desautorizou a divulgação do relatório atestando isso.
A informação é da colunista de O Globo, Malu Gaspar. Segundo ela, ao ser informado sobre as conclusões do trabalho de fiscalização, “Bolsonaro disse que os militares deveriam se esforçar mais, porque as informações não batiam com o que ele próprio soube a respeito do assunto”.

Bolsonaro pretende insistir na desmoralizada tese da vulnerabilidade das urnas eletrônicas?
Politicamente, a ideia é impraticável, dado que nenhum dos 99 deputados federais ou oito senadores eleitos pelo seu partido, para ficar só no Congresso, embarcariam numa aventura capaz de arriscar sua própria eleição.
Eleitoralmente, a iniciativa configuraria também um desastre.
Pesquisas qualitativas feitas pela equipe de campanha do presidente já mostraram que os embates com o Judiciário fazem o presidente perder votos. São mal-vistos sobretudo por mulheres de classe média baixa, um público que Bolsonaro precisa desesperadamente cativar.
Bolsonaro não quer ver divulgado o relatório das Forças Armadas endossando a lisura do pleito porque, de outra forma, perde o “colchão” sobre o qual pretende espernear em caso de derrota. “Ter esse ‘trunfo’ é uma questão de sobrevivência para ele”, diz um colaborador do Palácio do Planalto.
E em caso de esperneio diante da derrota, terá Bolsonaro o apoio das Forças Armadas?
Generais já bocejam diante da pergunta tantas vezes feita.
“Não há hipótese de sairmos da normalidade”, repete um deles. Afirma o militar, com interlocução junto ao Alto Comando do Exército: “Se a lisura das urnas foi atestada pelo TSE e pelas Forças Armadas, quem vai abraçar essa causa [do presidente]?”.
Para o colaborador do Palácio, Bolsonaro, com a ameaça de retomar o questionamento das urnas, está apenas resguardando a chance de, em caso de derrota, poder fazer barulho nas redes sociais e mostrar que tem apoiadores. “Ou seja, que não está morto”, afirma o colaborador.
Com relatório das Forças Armadas divulgado ou não, Bolsonaro, em caso de derrota, esperneará por pouco tempo e sozinho. Como diz um um estrategista da campanha: “Para choro de perdedor, ninguém dá ouvidos”.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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