Bolsonaro renunciou à Presidência e age como napoleão de hospício – UOL Confere
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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Thaís Oyama é comentarista política. Foi repórter, editora e redatora-chefe da revista VEJA, com passagens pela sucursal de Brasília da TV Globo, pelos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S Paulo, entre outros veículos. É autora de “Tormenta – O governo Bolsonaro: crises, intrigas e segredos” (Companhia das Letras, 2020) e de “A arte de entrevistar bem” (Contexto, 2008).
Colunista do UOL
15/12/2022 13h52
O país amanheceu com a Polícia Federal cumprindo mandados de busca, apreensão e prisão em todo país contra acusados de envolvimento em manifestações antidemocráticas, incluindo os atos de vandalismo praticados por apoiadores de Jair Bolsonaro em Brasília na última segunda-feira — sobre os quais o presidente até agora nada disse.
Bolsonaro também não abriu a boca para falar sobre a tentativa de golpe presidencial no Peru, a queda do desmate na Amazônia ou os riscos de apagão na máquina pública, para ficar só em alguns assuntos recentes que deveriam dizer respeito a um chefe de estado e presidente no exercício de suas funções.
Bolsonaro, embora presidente ainda, na prática, renunciou.
Levantamento da revista VEJA aponta que ele trabalhou não mais que 60 minutos diários, em média, desde o fim do segundo turno das eleições que deram a vitória ao seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo a agenda oficial do Planalto, a maior parte dos compromissos de Bolsonaro foi com membros do seu próprio gabinete – em especial o chefe da Secretaria de Governo, o fiel escudeiro Célio Faria Júnior, e Renato de Lima França, subchefe para assuntos jurídicos da Secretaria-Geral.
São dos poucos funcionários palacianos que parecem ainda não se constranger em ouvir os patéticos devaneios do ex-capitão sobre as suas possibilidades de “virar a mesa” — seja convencendo um senador ou jurista a ingressar com nova ação de contestação do resultado das eleições (a mais recente rendeu ao seu partido, o PL, um prejuízo de R$ 22 milhões em multa por litigância de má-fé, agora referendada no plenário do TSE), seja a pretexto de tumultos (espontâneos ou organizados?) que lhe permitiriam invocar o artigo 142 da Constituição e as Forças Armadas, com um propósito declarado (restabelecer “a lei e da ordem”) e outros facilmente adivinháveis.
Bolsonaro age como um napoleão de hospício, cada vez mais convencido de ser uma vítima, agora dos próprios apoiadores, a quem ele atribui — e de quem cobra— a responsabilidade por fazer algo que garanta a sua permanência no poder.
“Quem decide o meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vai (sic) as Forças Armadas são vocês”, disse a apoiadores na sexta-feira no cercadinho do Palácio da Alvorada.
As Forças Armadas não vão a lugar nenhum, ficarão onde sempre estiveram; e o futuro de Bolsonaro não guarda qualquer mistério, foi decidido pela maioria dos brasileiros no dia 30 de outubro.
O melhor que o presidente pode fazer agora é trabalhar para conferir alguma dignidade a si mesmo nos últimos dias do seu triste mandato — e correr para segurar o emprego no PL, antes que Valdemar Costa Neto se arrependa de ter contratado um funcionário que, além de não dar mostras de querer trabalhar, já chega dando prejuízo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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