Bolsonaro tornou Brasil fator de instabilidade regional, diz equipe de Lula – UOL Confere

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.
Jamil Chade é correspondente na Europa há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em Genebra. Com passagens por mais de 70 países, o jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparência Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Vivendo na Suíça desde o ano 2000, Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti. Entre os prêmios recebidos, o jornalista foi eleito duas vezes como o melhor correspondente brasileiro no exterior pela entidade Comunique-se.
Colunista do UOL
22/12/2022 12h21Atualizada em 22/12/2022 12h54
Ao adotar uma vertente ideológica para o debate regional e tentar isolar o governo de Nicolas Maduro, o governo de Jair Bolsonaro transformou a América do Sul em um campo de enfrentamento entre potências, cada qual buscando sua hegemonia na região.
Essa foi a conclusão da equipe de transição que ficou responsável por avaliar a política externa, fazer um mapeamento da situação no Itamaraty e propor medidas para a diplomacia nacional sob o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Como parte do relatório publicado nesta quinta-feira, o grupo apontou para o desgaste do país no exterior como resultado de quatro anos de política externa bolsonarista.
“Ao apostar no isolamento da Venezuela, o Brasil cometeu erro estratégico de transformar a América do Sul em palco da disputa geopolítica entre EUA, Rússia e China. De catalisador de processos de integração, o país passou a ser fator de instabilidade regional”, constatou.
De uma maneira geral, o grupo indicou que a “combinação entre o desmonte de políticas públicas, em nível interno, e o predomínio de visão isolacionista do mundo, no nível externo, afetou a imagem do país e prejudicou a capacidade brasileira de influir sobre temas da agenda global”.
“Ao assumir posturas negacionistas, o Brasil perdeu protagonismo em temas ambientais, desafiou esforços de combate à pandemia e promoveu visão dos direitos humanos inconsistente com sua ordem jurídica”, constatou.
Mas foi o papel de instabilidade que desempenhou o governo Bolsonaro que recebeu destaque especial. “Na América Latina, (o Brasil) tornou-se fator de instabilidade”, alertou.
“O estímulo a processos de integração política, comercial e de infraestrutura com os países vizinhos sempre foi uma marca da diplomacia brasileira, além de um preceito constitucional”, disse o levantamento.
“No governo Bolsonaro, predominou postura diametralmente oposta, que redundou no desmonte da UNASUL, na saída da CELAC e no crescimento de forças favoráveis ao desmantelamento do MERCOSUL enquanto união aduaneira”, afirmou.
No raio-x apresentado, o grupo ainda destaca como “a política africana foi abandonada e pouca atenção foi dada às comunidades brasileiras no exterior”.
Também concluíram que, em quatro anos, o Brasil deixou de ser um ator relevante. “O governo Bolsonaro abandonou o protagonismo em agendas internacionais caras aos interesses de desenvolvimento nacional, como direito à saúde, direito à alimentação adequada, igualdade de gênero e racial, e enfrentamento a todas as formas de violência e de discriminação”, disse.
Para a equipe de transição, houve ainda um diálogo intenso entre a estratégia externa do Brasil e o comportamento doméstico do governo na retirada de direitos.
“A mudança no discurso diplomático e a participação desastrada em alianças ultraconservadoras caminharam de mãos dadas com o desmonte de políticas públicas domésticas, em especial no que se refere a igualdade de gênero, direitos sexuais e reprodutivos e direito de minorias”, apontou.
O informe ainda confirmou as revelações publicadas pelo UOL, no início do mês, destacando a dívida deixada por Bolsonaro com entidades como a ONU e tantas outras. “A dívida com organizações internacionais representa grave prejuízo à imagem do país e à sua capacidade de atuação e compromete severamente sua política externa”, disse.
“O Brasil deve atualmente cerca de R$ 5,5 bilhões de reais. Se um valor mínimo dessa dívida não for pago ainda no atual exercício, haverá perda de voto em organizações como a ONU, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT ), entre outras”, completou.
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