Bolsonaro usa dados do Ipea para minimizar aumento da pobreza no país – Correio Braziliense

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O presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou minimizar os dados sobre aumento da pobreza no país e usou números do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que são criticados até por integrantes do órgão, para rebater o adversário no debate da TV Globo, nesta sexta-feira (28/10). 
“Por que o povo ficou tão miserável no seu governo?”, perguntou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o aumento da pobreza no país, com 33 milhões de pessoas passando fome e 24 milhões sem comida suficiente para comer, logo na abertura do segundo bloco do confronto entre os dois candidatos à Presidência da República, citando matérias do jornal Folha de S.Paulo.

 
“Você não bota na mesa que teve uma pandemia”, respondeu Bolsonaro, acrescentando que, se fosse o Bolsa Família em vez do Auxílio Brasil de R$ 600 que vem sendo pago atualmente, seria pior. Em seguida, o presidente fez questão de citar dados do Ipea, e afirmou que a taxa de pessoas na extrema pobreza passou de 5,1%, no início do governo, para 4%.
“A minha fonte é o Ipea. A sua é a Folha de S.Paulo”, afirmou o presidente, em tom de deboche, esquecendo que os dados citados pelo diário e por vários veículos de imprensa têm como fonte órgãos respeitados e que acompanham de perto o aumento da desigualdade no país. No caso do número de 33 milhões de pessoas passando fome, a fonte da pesquisa, na verdade, é a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Pensann). 
O relatório do Ipea, feito às pressas pelo presidente do órgão, Erik Figueiredo, chegou a ser criticado por funcionários do órgão e criou uma crise interna. Servidores alegaram que o levantamento do chefe do órgão não passou pelos trâmites normais de avaliação prévia.
O estudo de Figueiredo foi criticado por analistas de mercado, sendo considerado uma mera peça eleitoreira. Vale ainda lembrar que, neste ano, conforme dados da Organização das Nações Unidas, o Brasil voltou para o mapa da fome. Analistas também não poupam críticas ao modelo do programa Auxílio Brasil, que não tem contrapartida como o Bolsa Família, que era elogiado por organismos internacionais como uma política pública eficaz.

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