Boric e Bolsonaro ficam do mesmo lado contra Maduro na ONU – UOL Confere
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Jamil Chade é correspondente na Europa há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em Genebra. Com passagens por mais de 70 países, o jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparência Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Vivendo na Suíça desde o ano 2000, Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti. Entre os prêmios recebidos, o jornalista foi eleito duas vezes como o melhor correspondente brasileiro no exterior pela entidade Comunique-se.
Colunista do UOL
14/10/2022 13h55
Numa aliança inesperada para muitos, Brasil e Chile foram co-patrocinadores de uma resolução no Conselho de Direitos Humanos da ONU para condenar a repressão contra a oposição na Venezuela e estender o mandato da comissão que investiga as suspeitas de crimes cometidos pelo regime de Nicolás Maduro por mais dois anos.
A decisão foi aprovada por 19 votos a favor, 23 abstenções e cinco contra. Em seus primeiros informes, a comissão de inquérito deixou claro que possíveis crimes contra a humanidade teriam sido perpetrados na Venezuela, sob o comando do mais alto escalão do país. Num segundo informe, o documento ainda apontava para o papel das agências de inteligência de Caracas na repressão.
Agora, a comissão continuará o trabalho, com a missão também de designar e identificar os eventuais responsáveis pelos crimes.
Mas, na região, o que surpreendeu foi ver os governos de Jair Bolsonaro e de Gabriel Boric defendendo a mesma posição sobre o papel da ONU em Caracas. Progressista, a administração chilena foi alvo de ataques por parte do presidente brasileiro durante um debate no primeiro turno da eleição, o que levou a chancelaria em Santiago a convocar o embaixador do Itamaraty para protestar e denunciar a desinformação que Bolsonaro estava fazendo sobre Boric.
Dentro do Itamaraty, a decisão do Chile de copatrocinar a resolução foi recebida por uma parcela dos diplomatas como uma sinalização de que nem toda a ala progressista latino-americana tenha como objetivo a blindagem de aliados em votos na ONU, quando o assunto é a violação de direitos humanos.
O Chile não faz parte do Conselho de Direitos Humanos da ONU neste ano. Mas, ainda assim, as regras permitem que países apresentem projetos de resolução.
No voto, que ocorreu no final da semana passada, a Venezuela contou com o apoio de China, Cuba e Bolívia. Mas México e Argentina optaram pela abstenção. Na América Latina, Brasil e Paraguai votaram pela aprovação do texto.
Nesta semana, uma segunda derrota de Maduro foi registrada na ONU. Sua candidatura para continuar como membro do Conselho de Direitos Humanos não teve êxito. Caracas concorria contra Chile e Costa Rica por dois assentos no órgão das Nações Unidas.
Numa votação na Assembleia Geral da ONU, o Chile de Boric ficou com 144 votos, contra 134 para Costa Rica.
O governo venezuelano somou apenas 88 votos e, na terceira colocação, não conseguiu ser eleito.
O UOL apurou que o Itamaraty votou pelo Chile e Costa Rica.
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