Brasil: País tem dívida histórica com África e deve mudar política externa – Plataforma Media

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“Vamos voltar ao território africano. Vamos voltar porque o Brasil tem que compreender que (..) tem uma dívida de 350 anos de escravidão que (…) não vai pagar em dinheiro, (…) vai pagar em solidariedade, em transferência de tecnologia, compartilhando aquilo o que pode para ajudar os africanos”, disse Lula da Silva, ao defender mudanças na política externa do país.
“Eu e o [Fernando] Haddad fomos inaugurar em Moçambique uma universidade aberta, nós fomos inaugurar uma fábrica de remédios retrovirais para combater a Sida. Nós levamos a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] para Gana para ver se (…)transformava a savana africana no cerrado brasileiro [para agricultura], e é plenamente possível. Tudo isto acabou e nós vamos voltar para fazer a mesma coisa com mais eficiência”, acrescentou.
Durante o discurso, Lula da Silva atacou o rival na corrida eleitoral, o Presidente, Jair Bolsonaro, citando três factos que classificou como graves ocorridos no país nos últimos dias.
“Na semana passada um Presidente da República confundiu uma menina venezuelana de 14 anos e tratou como se fosse um objeto sexual”, disparou referindo-se a refugiadas venezuelanas que participavam num projeto social e que Bolsonaro disse acreditar que eram prostitutas.
Lula da Silva afirmou que a segunda coisa grave que aconteceu no Brasil foram manifestações racistas contra o cantor Seu Jorge, durante um show, em Porto Alegre.
“Ele fez um L com a mão e passou a ser chamado de macaco”, acusou, referindo-se ao gesto com as mãos, símbolo da sua campanha.
Por último, o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) lembrou o ataque que o ex-deputado Roberto Jefferson, aliado de Bolsonaro preso no domingo depois de atirar sobre agentes da polícia, fez contra a juíza Carmen Lúcia do Supremo Tribunal Federal.
O ato de campanha, chamado “Ato em Defesa da Democracia e do Brasil”, foi organizado no teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.
O local escolhido é simbólico para a democracia brasileira já que, em 1977, durante a ditadura militar, aquela universidade foi invadida por militares que detiveram centenas de estudantes que organizavam um congresso e resistiam ao regime.
“Jamais imaginei depois da nossa experiência de Governo que pudéssemos ter o retrocesso que tivemos”, afirmou Lula da Silva.
“Esse país tem uma dívida com o povo pobre, esse país tem uma dívida com o povo negro, esse país tem uma dívida com as mulheres e nós temos que pagar esta divida fazendo política”, acrescentou.
Noutro momento, Lula da Silva disse ter um compromisso com o Brasil e defendeu que se for eleito novamente provará que “é possível fazer política social, que é possível aumentar o salário mínimo sem aumentar a inflação”.
“Já provamos que é possível”, acrescentou.
O candidato do PT também pediu que seus apoiantes ajudem a eleger Fernando Haddad, candidato que disputa o governo do estado de São Paulo contra o ex-ministro Tarcísio de Freitas, apoiado pelo Presidente brasileiro.
Antes do discurso do candidatos do PT, apoiantes da sua candidatura, como a senadora e ex-candidata presidencial, Simone Tebet, a ex-ministra e deputada eleita Marina Silva, a ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, e líderes de movimentos sociais, falaram ao público.
Segundo as últimas sondagens, o ex-Presidente lidera a corrida eleitoral com cerca de cinco pontos percentuais à frente do atual governante, Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição.
A segunda volta da eleição brasileira acontece no próximo domingo, 30 de outubro.

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