Brasil sob Lula pode ser elo entre África e América Latina, diz presidente de Cabo Verde – UOL

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Entre as muitas mensagens de líderes que recebeu após ser eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ouviu uma demanda quase que uníssona dos Palop, os países africanos de língua portuguesa: a retomada das relações bilaterais com o Brasil.
José Maria Neves, 62, presidente do arquipélago de Cabo Verde, foi um deles. Com formação acadêmica no Brasil —estudou na FGV nos anos 1980—, o líder de centro-esquerda listou à Folha expectativas do continente e de sua nação diante do futuro governo petista.
Neves vê no Brasil um poderoso elo entre América Latina e África, regiões que Lula já apontou como prioridade de sua política externa, e expressa o anseio por mais laços econômicos, notadamente no setor energético. “O Brasil pode ajudar países africanos a serem mais resilientes e terem uma economia inclusiva e sustentável.”
Sobre a recente corrida por influência na África liderada por EUA, China e Rússia, o político diz que a movimentação das superpotências não reduz o possível protagonismo que o Brasil pode assumir no continente. Há, afinal, um soft power e uma simpatia únicos, segundo o cabo-verdiano.
Qual o balanço das relações entre Brasil e Cabo Verde no governo Bolsonaro? Houve um quadro de resfriamento das relações do Brasil com o continente africano e menor presença do Brasil no espaço da CPLP. Mas é claro que, em partes, a cooperação técnica continuou. Os horizontes que se abriram para o reforço das relações entre Brasil não foram rasgados.
O que espera do governo Lula? Recebi com alguma satisfação a escolha do povo brasileiro. Com o regresso à normalidade, à democracia, o Brasil se apresenta mais aberto ao mundo. Temos com Lula da Silva maior presença do país nos fóruns internacionais, o reforço do multilateralismo, das relações da América Latina com a África e com o mundo e maior contribuição para enfrentarmos os grandes desafios da atualidade: a crise climática e os efeitos devastadores da pandemia de Covid.
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O Brasil tem muitas capacidades intelectuais e de pesquisa. Pode dar enorme contribuição na cooperação no meio sanitário; desempenhar papel fundamental na reforma das Nações Unidas, no reforço dos países em desenvolvimento, na busca de novas avenidas para o crescimento inclusivo e ambientalmente sustentável e para o reforço das democracias e o combate à pobreza.
O Brasil pode facilmente transformar Cabo Verde em um portal para a África. Poderia ser uma plataforma para empresas, bancos e universidades brasileiras entrarem no continente, um hub aéreo.
E o que os Palop esperam? Essencialmente o reforço das parcerias. Abertura suficiente para encontrarmos novas avenidas de cooperação, especialmente no domínio da tecnologia, das energias renováveis, pesquisa e ciência, para fazermos face aos desafios da transição energética. O Brasil pode ajudar os africanos a serem muito mais resilientes e a terem uma economia mais inclusiva e sustentável. Também pode ter papel nas trocas comerciais e maior investimento da América Latina na África.

Entre alguns envolvidos na CPLP, há a visão de que existe uma dissonância: enquanto países como Brasil e Portugal estão mais concentrados na língua, os Palop querem arranjos econômicos. A atuação da CPLP está aquém da expectativa? Tendo em conta que os diferentes países estão em espaços geopolíticos e continentes muito diferentes, vamos ter obstáculos. Estamos em sociedades democráticas, onde pode haver avanços e retrocessos, mais ou menos disponibilidade para o reforço da cooperação.
O sr. falou sobre democracia. Recentemente tivemos a reeleição de Teodoro Obiang, líder da Guiné Equatorial, que conduz um regime autoritário. Existem muitas críticas ao acolhimento que a CPLP deu ao país. O sr. acha que há uma omissão? É uma questão muito sensível. A presença da Guiné Equatorial pode ser importante para que a CPLP desempenhe um papel positivo nas mudanças que devem ser realizadas no país. Claro que a comunidade não pode impô-las. Penso que a CPLP deve seguir a exercer influência positiva para que o país resolva os problemas internos que ainda tem e possa se integrar inteiramente como um país democrático.
A CPLP é forte o suficiente para exercer essa influência em um país que guinou para o autoritarismo há tanto tempo? No momento de entrada [da Guiné Equatorial na CPLP], determinadas questões de tradição deveriam ter ficado mais claras. Temos de continuar a pressionar e exercer uma influência positiva.
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Tem havido uma disputa pela África, marcada notadamente por EUA, China e Rússia ao longo dos últimos meses. Como vê esse movimento? África prova que tem um papel a desempenhar e que este século pode ser o século da África. Mas tem de fazer o trabalho de casa: não pode ser apenas objeto de disputa, mas sujeito de mudança. É a oportunidade para deixar de ser um continente marginal na arena internacional e passar a ser um ator relevante.
Em quais áreas o continente tem a contribuir? África talvez seja o continente mais rico em terras aráveis, recursos minerais, disponibilidade de água e talentos. Tem uma população jovem que está a crescer rapidamente. Mas o intercâmbio entre a África e o mundo é extremamente desfavorável. É preciso uma profunda e radical mudança para que o continente acrescente valor, deixe de ser mero fornecedor de matérias-primas para ser parte importante nas relações econômicas.
As elites africanas devem construir Estados visionários e catalisadores de processo de desenvolvimento e promover a democracia, com sociedades civis fortes e limites ao exercício do poder.
Essa disputa pode, de algum modo, tirar o espaço de atuação do Brasil na África? Não necessariamente. O Brasil faz parte do Brics e já desempenhou papel importante a nível da ONU. Vejo que o Brasil eventualmente não tem consciência das suas enormes potencialidades no mundo. A África tem uma simpatia e amizade que constituem soft power fundamental para as relações. O Brasil é um país emergente, que quer estabelecer parcerias para que tenhamos maior nome no mundo. Acho que conseguirá.

Os governos Lula promoveram o estreitamento de relações com a região, mas em grande parte baseado em acordos comerciais com empreiteiras que depois foram palco de escândalos de corrupção —como ocorreu em Angola e Moçambique. O que o sr. acredita que deve ser feito diferente desta vez? As questões têm de ser feitas com transparência. Na relação da África com outras potências, como as da Europa, também houve grandes problemas, corrupção. Os problemas devem servir de aprendizado. Não vamos encontrar respostas simplistas para as nossas questões.
O sr. viaja para a posse, um evento marcado pelo temor de atos antidemocráticos. Como compreende essa violência política? Aprendi na FGV que, quando o contexto é muito complexo, tendemos a buscar respostas fáceis. Caminhamos para o extremismo. Surgem movimentos inorgânicos e populistas e há a ascensão de lideranças autoritárias, que parasitam a democracia para depois corroer as próprias instituições. E, como apresentam respostas muito fáceis às pessoas, desempenham grande atração.
Nesses momentos, temos que dizer não às respostas simples. Temos de criar pontes e alicerces para eliminar as fissuras e enrijecer a sociedade civil, a cidadania e as minorias para recuperar o espírito democrático e retomar a força das instituições políticas e econômicas.
Nascido em Santa Catarina, em Cabo Verde, graduou-se em administração pública pela Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo. Foi premiê de Cabo Verde de 2001 a 2016, presidente do Concelho (equivalente a prefeito) de Santa Catarina, em 2000, e presidente do PAICV (Partido Africano para a Independência de Cabo Verde), sigla pelo qual foi eleito em primeiro turno para a Presidência em 2021.
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