Brasileiros estão rachados quanto à confiança no STF, diz pesquisa AtlasIntel-JOTA – JOTA
Imagem do Supremo
Moraes é o ministro com maior popularidade, mas empata tecnicamente na liderança da rejeição com Gilmar Mendes
A desconfiança dos brasileiros sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) é maior entre eleitores de Jair Bolsonaro (PL), homens, jovens entre 25 e 34 anos, evangélicos, com escolaridade até o ensino médio e que possuem renda familiar de R$ 2 a R$ 3 mil mensais.
Esses grupos têm também as piores avaliações sobre Alexandre de Moraes – ao mesmo tempo, na população em geral, ele é o ministro com mais percepções positivas.
O perfil foi traçado pelo instituto de pesquisa AtlasIntel, que, a pedido do JOTA, ouviu a opinião dos brasileiros sobre o tribunal após os ataques aos Três Poderes.
Há um empate técnico entre a parcela de brasileiros que confiam e a que desconfiam do STF: 44,9% dizem confiar na Corte e 44,8% afirmam não confiar — os 11% restantes não têm opinião formada sobre o tribunal constitucional brasileiro.
Entre as pessoas que disseram ter votado em Bolsonaro no primeiro turno das eleições de 2022, 91% declararam desconfiar da atuação do STF e apenas 2% afirmaram confiar – o número restante corresponde àqueles que afirmaram não saber opinar. Essa é a maior proporção de desconfiança levando-se em conta os apoiadores dos quatro candidatos mais bem classificados nas eleições presidenciais de 2022.
No outro polo, os eleitores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ao lado dos de Simone Tebet (MDB), têm os maiores níveis de confiança: 81% em cada um dos grupos.
Confiança dos brasileiros no STF de acordo com seus candidatos no 1º turno:
“Esses números refletem a polarização vista na política, que acaba atingindo uma instituição que deveria ser árbitro. A pesquisa reflete a percepção da opinião pública, que aponta para um risco ao STF, já que quase a metade dos brasileiros vê a corte como politizada”, comenta Andrei Roman, CEO da AtlasIntel, que coordenou o levantamento.
A parcela de homens que não confiam no STF é de 49%, contra 45% que confiam. Entre as mulheres, a desconfiança cai para 39% e a confiança é de iguais 45% – entre elas a proporção das que não opinaram é superior.
Os evangélicos são os que mais desconfiam do trabalho do STF: 61% responderam nesse sentido, e 25% afirmaram confiar. Entre os católicos a situação se inverte, com 52% entre os que confiam e outros 39% que não. O maior nível de confiança é encontrado entre quem contou ter outra religião, com 65%, acima dos 49% de agnósticos e ateus.
Moradores do Sul do país confiam menos. Entre essa população, a divisão é de 56% de desconfiança contra 38% de confiança. No Nordeste, a maioria confia: a proporção é de 61% frente à 29%.
Observando a população por escolaridade, a maior proporção de desconfiança está entre os que concluíram o ensino médio, segmento em que 53% responderam não confiar na Suprema Corte. Já na parcela que possui ensino superior, em que é encontrada maior fatia de análises positivas no tribunal, 54% disseram ter confiança.
A desconfiança é maior entre aqueles com renda familiar entre R$ 2 e 3 mil mensais, segmento em que 56% declararam não confiar no STF. A maior parcela de confiança é encontrada no grupo que recebe mais de R$ 10 mil ao mês, com 63% de afirmações nessa linha.
Os ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes são os mais reprovados pelos brasileiros, tecnicamente empatados com 45% e 48% de avaliações negativas, respectivamente.
Moraes, por outro lado, é o ministro com maior avaliação positiva, com 51% de aprovação. Ele é seguido pela presidente da Corte, Rosa Weber, com 42%, e Cármen Lúcia, 41%.
Avaliação dos brasileiros sobre os ministros do STF:
“Além de Alexandre de Moraes ter se tornado muito conhecido, as decisões dele se tornaram cada vez mais interpretadas pelos bolsonaristas como contrárias a Jair Bolsonaro, transformando-o numa espécie de herói da esquerda ao mesmo tempo”, diz Roman.
Moraes é pior visto entre os mesmos grupos com maior desconfiança em relação ao STF no geral. Apenas entre os bolsonaristas, 94% tem imagem negativa sobre ele; já os eleitores de Lula tiveram a maior parcela de avaliações positivas, 92%.
Nunes Marques é o menos popular, com apenas 16% de aprovação – mas também está entre os menos reprovados, com 35%, resultado de uma alta parcela que não soube responder sobre ele.
A AtlasIntel entrevistou 2,2 mil pessoas entre terça (10/1) e quarta-feira (11/1). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Leia a íntegra da pesquisa.
Letícia Paiva – Repórter em São Paulo, cobre Justiça e política. Formada em Jornalismo pela Universidade de São Paulo. Antes do JOTA, era editora assistente na revista Claudia, escrevendo sobre direitos humanos e gênero. Email: [email protected]
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