Campanha de Bolsonaro deve ter foco em rádios locais, novas promessas e material para o Nordeste – UOL
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A equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL) aposta no auxílio de prefeitos e em entrevistas a rádios locais para dar ainda mais capilaridade à campanha na semana que antecede o segundo turno.
O chefe do Executivo permanece em segundo lugar nas principais pesquisas de intenção de voto, mas levantamentos recentes têm apontado um encurtamento da distância para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em fatias importantes do eleitorado.
Se no primeiro turno ainda era perceptível um receio entre aliados de que Lula poderia ganhar na rodada inicial do pleito, o clima agora é de otimismo no entorno de Bolsonaro.
De acordo com um assessor, uma das prioridades é evitar a criação de novos fatos negativos. Chegou-se a discutir a possibilidade de Bolsonaro realizar um grande ato de encerramento da campanha em São Paulo, no fim da semana, mas a ideia foi descartada.
Além das dificuldades operacionais, aliados levantaram a preocupação de que eventuais declarações mal calculadas de Bolsonaro ou mesmo cenas de apoiadores levantando bandeiras antidemocráticas poderiam prejudicar o mandatário eleitoralmente.
Nos últimos dias antes de 30 de outubro, o presidente deve visitar os quatro maiores colégios eleitorais do país: São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Bahia.
É no Sudeste onde a campanha do chefe do Executivo aposta na máquina de governadores aliados para conseguir votos e tentar promover uma inédita virada num segundo turno presidencial.
Na Bahia, ele deve participar de agendas ao lado do ex-ministro da Cidadania João Roma (Republicanos) nos municípios de Guanambi e Barreiras.
A estratégia de Bolsonaro na única região do país em que Lula marca ampla vantagem é focar as classes C e D.
A ofensiva sobre os eleitores nordestinos será a de reforçar as bandeiras de programas sociais, em especial o Auxílio Brasil de R$ 600. No último Datafolha, o presidente conseguiu oscilar positivamente no Nordeste.
Uma das ideias é intensificar o impulsionamento de conteúdos nas redes sociais direcionados para as classes C e D. As peças tratam dos benefícios sociais e da transposição do rio São Francisco.
Há uma preocupação entre aliados do presidente de que a medida do STF (Supremo Tribunal Federal) de liberar o oferecimento de transporte público gratuito no dia da eleição possa favorecer Lula no Nordeste.
Entretanto, eles minimizam essa possibilidade, afirmando que o porcentual da abstenção que seria reduzido com a iniciativa não seria suficiente para conter o avanço de Bolsonaro.
A campanha do presidente deve ainda divulgar novas promessas na reta final.
A ideia é lançar um documento com 22 propostas (referência ao número de urna do presidente) para o próximo mandato em caso de reeleição. Divididas entre os temas “Deus”, “Pátria” e “Família”, elas estão sendo discutidas por integrantes do governo e da campanha.
O documento deve servir para reforçar pautas ligadas a Bolsonaro, especialmente segurança pública. Para isso, um dos itens deve ser a promessa de aprovar, no Congresso, a redução da maioridade penal para 16 anos nos casos de crimes hediondos.
Em pesquisas qualitativas, a campanha do mandatário identificou que o tema tem boa aceitação na sociedade, inclusive em parte dos eleitores de Lula.
A campanha de Bolsonaro deve propor ainda o fim das audiências de custódia e das saídas provisórias de presos em regime semiaberto —as saidinhas—, além da inclusão de pedofilia no rol de crimes hediondos.
Na última semana, o presidente teve que se explicar por causa de uma declaração em que usou a expressão “rolou um clima” para se referir a adolescentes venezuelanas na periferia do Distrito Federal. Ele também sugeriu que elas eram vítimas de exploração sexual.
Adversários passaram a acusar Bolsonaro de pedofilia. Ele chegou a gravar um vídeo ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro e da embaixadora venezuelana reconhecida pelo governo brasileiro, Maria Teresa Belandria —que representa o líder oposicionista Juan Guaidó, embora o controle do país seja exercido pelo ditador Nicolás Maduro. Na ocasião, Bolsonaro pediu desculpas.
Na última semana eleitoral, a campanha também deve buscar rebater o impopular plano fiscal de Paulo Guedes, que prevê a desindexação do salário mínimo e dos benefícios previdenciários. Com isso, os reajustes desses pagamentos poderiam ficar abaixo da inflação.
O plano de Guedes foi revelado pela Folha.
Em entrevista, Bolsonaro negou a proposta. Depois, publicou um vídeo nas redes sociais em que promete aumento real do salário mínimo.
A educação pública também deve aparecer entre as metas. Isso porque Bolsonaro ficou sem resposta no debate contra Lula quando foi questionado quantas universidades e escolas técnicas construiu em seu mandato.
Além das promessas, estrategistas da campanha já estão trabalhando nos temas do último debate das eleições, na sexta-feira (28), na Rede Globo.
O encontro é visto como fundamental para que Bolsonaro consiga confirmar uma possível virada da eleição sobre Lula.
A campanha do presidente aposta que, além da grande audiência da transmissão, o debate irá gerar forte engajamento nas redes sociais.
Para isso, apesar de planejar adotar um tom mais propositivo, novos ataques contra o petista estão sobre a mesa. A avaliação é que é preciso ampliar ainda mais o desgaste de Lula nos últimos dias de eleição para manter aceso o sentimento antipetista —um dos motores da campanha bolsonarista.
Aliados também comemoraram a ausência de Lula nos debates da Record e do SBT. Isso garantiu a Bolsonaro presença em horário nobre nas emissoras, que decidiram fazer entrevistas com ele.
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