Canibalismo, Chico Buarque e Bonner tomam o foco no dia de Bolsonaro e Lula – UOL Confere
Do UOL, em Brasília
09/10/2022 20h16Atualizada em 09/10/2022 20h16
Uma semana após o primeiro turno, os atos das campanhas de Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deste domingo (9) ficaram marcados pelas declarações dos candidatos ao Planalto e pela presença de um dos cantores mais renomados do país em uma agenda de rua.
Atual presidente, Bolsonaro participou de uma conversa em um podcast, na qual fez ataques ao seu adversário, ao jornalista William Bonner, da TV Globo, e ao STF (Supremo Tribunal Federal). Lula, por sua vez, contou com o cantor Chico Buarque em seu palanque e voltou a associar Bolsonaro ao canibalismo, tirando de contexto uma antiga fala do presidente.
Em conversa com influenciadores nesta manhã, Bolsonaro lançou frases de efeito para seu eleitorado. Disse, por exemplo, que Bonner poderia conquistar uma cadeira no STF após debochar da entrevista do jornalista com Lula antes do primeiro turno.
“O Bonner, no meu entender, tem muita chance de ir para o Supremo Tribunal Federal porque você não precisa sequer ser advogado. Tem que ter conhecimento jurídico. E Bonner demonstrou conhecimento jurídico, né”, disse.
Ao abrir a entrevista com Lula, Bonner disse que o STF concordou com a tese da defesa do petista, considerou o então juiz Sergio Moro parcial e anulou suas condenações. “Portanto, o senhor não deve nada à Justiça”, disse o apresentador na ocasião.
Cadeiras no Supremo. A fala do presidente foi feita no contexto sobre a composição do STF. Dois ministros se aposentam em 2023: Ricardo Lewandowski (maio) e Rosa Weber (outubro). Quem for eleito ao Palácio do Planalto vai indicar novos nomes para essas cadeiras.
Bolsonaro tem tratado o tema como vital e trazido o assunto na campanha. Ele considera “aliados” os dois ministros que indicou, Kassio Nunes Marques e André Mendonça.
O presidente tem flertado com a possibilidade de aumentar o número de magistrados na Corte em eventual novo governo.
A medida não seria inédita: durante a ditadura militar (1964-1985), por meio do AI-2 (Ato Institucional número 2), de 27 de outubro de 1965, a quantidade de ministros da Corte passou de 11 para 16, acréscimo mantido pela Constituição de 24 de janeiro de 1967. Em 1969, o número de cadeiras voltou a ser de onze.
Neste domingo, o presidente afirmou que pode deixar de lado a ideia de ampliar o número de integrantes caso a Corte atue de acordo com o que ele considera apropriado.
“Se eu for reeleito e o Supremo baixar um pouco a temperatura, já temos duas pessoas garantidas lá”, declarou, em referência a Nunes Marques e Mendonça.
Abstenção. Bolsonaro também fez um apelo para que os eleitores compareçam a votar no fim do mês. Antes do primeiro turno, sua campanha apostava que abstenção prejudicaria a votação em Lula, mas o petista teve mais votos que o adversário.
Agora, Bolsonaro insiste que o eleitor deve ir votar no dia 30: “Se você não votar em ninguém, quem vai decidir o futuro do país vai ser outra pessoa”.
Pedido semelhante já foi feito por Lula dias antes do primeiro turno, quando a abstenção foi de 20,95% —o maior índice de ausentes desde as eleições de 1998, quando 21,5% do eleitorado não foram às urnas.
Lula concentrou a agenda de campanha na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte.
O petista venceu o pleito em Minas com 48,29% dos votos, ante 43,60% do adversário. Dois dias depois, no entanto, o presidente conseguiu o apoio do governador reeleito Romeu Zema (Novo), que já disse que vai usar a máquina do estado para mobilizar os prefeitos em favor de Bolsonaro.
Pela manhã, ele minimizou a aliança e disse que Zema tem liberdade de apoiar quem quiser, mas que o “povo” não é “gado”.
“O governador Zema tem liberdade de apoiar quem ele quiser. Não me oporei, nem pensava que fosse diferente”, afirmou.
Depois, Lula participou de comício e caminhada pelas ruas da capital, na qual estava Chico Buarque.
Genocida e canibalismo. No palanque, Lula se referiu a Bolsonaro como genocida e voltou a fazer associações com canibalismo.
“Ainda tem dois debates com o genocida. Vou botar muito repelente com medo de uma mordida. Se ele pensar em dar uma mordida no pernambucano, vai morrer envenenado”, disse.
A fala é referência indireta aos ataques contra Bolsonaro, que tem sido chamado de “canibal” por Lula devido a uma entrevista de 2016 ao jornal The New York Times, dos Estados Unidos, e disse que “comeria carne humana” ao se referir à cultura de povos indígenas no Brasil.
Na noite de sábado, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) proibiu a campanha do PT de veicular propagandas que associam a imagem do presidente à prática de canibalismo. O argumento da Justiça Eleitoral é que a fala de Bolsonaro foi tirada de contexto pela equipe de Lula.
Bolsonaro também tratou do tema ao falar no podcast: “Ninguém é canibal, meu Deus do céu. Falamos sobre tradição dos yanomamis lá em uma reserva indígena chamada Surucucu”.
De olho no segundo turno, as campanhas continuam com as agendas nesta semana que começa.
Nesta segunda-feira (10), Bolsonaro deve se encontrar com cantores sertanejos em Brasília. Já Lula deve se reunir com representantes da sociedade civil, em São Paulo.
A votação do segundo turno acontece em 30 de outubro.
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Carlos Madeiro