Capital sedia 3ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Emergência Climática
Realizada com o objetivo de incentivar a participação popular na construção de propostas para o enfrentamento da emergência climática, Salvador sediou, nesta terça-feira (10), a 3ª Conferência Municipal de Meio Ambiente e Emergência Climática. O evento aconteceu no Auditório da Unifacs, na Avenida Tancredo Neves, e contou com palestras e painéis temáticos tratando de temas como Mitigação, Adaptação e Preparação para Desastres, Justiça Climática, Transformação Ecológica e Governança e Educação Ambiental.
A conferência é uma etapa preparatória para a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, para a qual são eleitos os delegados que representarão a capital baiana no evento nacional. O titular da Secretaria de Sustentabilidade, Resiliência e Bem-estar e Proteção Animal (Secis), Ivan Euler, ressaltou que a expectativa para um evento de sucesso se deu logo nas inscrições.
“O número de inscritos foi encerrado com 15 dias depois de aberto o cadastramento. Então, tem muita gente querendo discutir temas como sustentabilidade, meio ambiente e, principalmente, a questão das emergências climáticas, que todo o mundo está falando, que é uma coisa para o futuro, mas que já está acontecendo no dia de hoje. É preciso salientar que 2024 vai ser o ano mais quente da história. Então, é um tema que a população está percebendo dentro de casa, na rua. Por isso mesmo, essa conferência de hoje reúne a sociedade, a academia, o poder público e o setor privado, todos discutindo e propondo soluções para a cidade e para o planeta”, avalia.
Palestrante do evento, a professora Carolina Spínola falou sobre as principais evidências relacionadas às mudanças climáticas. “São evidências muito preocupantes, que já justificariam a troca do termo ‘mudança climática’ por ‘emergência climática’, haja vista que alguns estudos recentes destacam que já em 2023 o planeta alcançou um nível de aumento da temperatura global previsto somente para 2040”, afirmou.
“Essas estruturas municipais precisam discutir as suas questões locais de adaptação e investigação, mas também construir algo mais profundo, que é a transformação ecológica, esse conceito que vem sendo apresentado como um novo paradigma que deve nortear todo o planejamento das cidades a partir de agora. Dessa forma, o comportamento da sociedade como um todo busca trazer um pouco desses conceitos, instigar as pessoas para que elas tragam sugestões e passem a fazer parte dessa discussão”, completou.
Representante do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto (Sindae), a pesquisadora Ângela Damasceno trabalha com questões relacionadas às questões sociais no âmbito de saneamento e gestão das águas. Ela considerou o evento importante para discussão do tema e encaminhamento de propostas que possam contribuir para um redesenho de gestão, com a constituição coletiva de políticas públicas.
“Nossa ideia de trazer essa preocupação com a mitigação, por exemplo, é pensar não apenas nas ações relacionadas à mudança do clima e à emergência climática, mas entender que o nosso modelo de desenvolvimento econômico já vem andando na contramão desse processo. A supressão de vegetação, a mineração e todo o comprometimento que temos nas áreas de recarga, na exclusão, na expulsão das comunidades de seus territórios têm agravado a situação de participação dessas pessoas no território e na geração de fatores que vão gerar aquecimento global. Então, mitigar é necessário, mas também é preciso adaptar para que a gente tenha uma nova cultura de convivência com essa lógica de mudanças climáticas e de preservação das nossas estruturas”, destacou Ângela.