Carlos Juliano Barros – Lula critica desigualdade 19 vezes em seu … – UOL Economia

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Carlos Juliano Barros, 38 anos, é jornalista e mestre em Geografia pela USP. Há anos vem se dedicando à cobertura de temas relacionados ao mundo do trabalho. Nessa área, já dirigiu quatro documentários de longa e média-metragem, selecionados para importantes festivais dentro e fora do país. O mais recente deles, “GIG – A Uberização do Trabalho” (2019), produzido pela Repórter Brasil e exibido pela Globo News e pelo Canal Brasil, foi finalista na categoria imagem do Prêmio Gabriel García Márquez. Também é criador, roteirista e apresentador do podcast “Trabalheira/Rádio Batente”, eleito pelo Spotify um dos destaques de 2020. Já colaborou para diversas publicações, como BBC Brasil, Folha de S. Paulo, Rolling Stone e The Guardian. Um dos fundadores da Repórter Brasil, recebeu o Prêmio Vladimir Herzog de Anistias e Direitos Humanos em duas oportunidades e foi finalista do Prêmio Esso de Jornalismo.
03/01/2023 04h00
Dentre os diversos temas abordados no discurso de posse de Lula, no Palácio do Planalto, o combate à desigualdade foi sem dúvida um dos mais chamativos.
Não à toa, o presidente expressou preocupação com o assunto em nada mais, nada menos que 19 oportunidades.

“É inadmissível que os 5% mais ricos deste país detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%. Que seis bilionários brasileiros tenham uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país”, disse Lula, logo de início.
É possível fazer duas interpretações sobre o discurso. A primeira é considerá-lo um mero truque de retórica para inflamar a base.
A segunda é encará-lo como uma sinalização de que encurtar a distância entre ricos e pobres deverá mesmo ser uma prioridade do terceiro mandato do presidente.
Para tanto, Lula precisa estar disposto a encarar a dificílima missão de aprovar uma reforma tributária que, enfim, cobre mais dos mais ricos.
Os defensores do presidente podem argumentar que, ao longo dos governos petistas, a renda do andar de baixo avançou a um ritmo superior à do andar de cima.
É verdade. Entre 2004 e 2014, o crescimento anual da renda per capita entre os 10% mais pobres foi de 7,74%. Já entre os 10% mais ricos o avanço mais tímido: 3,49%.
Esse processo é explicado, em boa medida, pela política de valorização do salário mínimo e pelo investimento em programas de transferências de renda —receitas que, por sinal, o presidente já anunciou que voltará a ministrar em seu novo governo.
Por outro lado, também é verdade que Lula deixou de aproveitar seu amplo capital político, refletido na taxa de quase 90% de aprovação de seu segundo mandato, concluído em 2010, para fazer uma reforma tributária capaz de atacar de vez as raízes da desigualdade.
O resultado dessa lacuna é a persistência de distorções que beiram o surrealismo. Hoje, apenas 0,1% de brasileiros concentra dois terços de todos os rendimentos isentos de tributos no país.
Ou seja, tem gente muito rica pagando muito menos imposto do que deveria. Um exemplo concreto: Segundo a Receita Federal, um único cidadão brasileiro ganhou R$ 1,4 bilhão no ano de 2019. Desse total, R$ 1,3 bilhão foram declarados como livres de tributos.
É um alento que o combate à desigualdade volte ao dicionário político do país.
Nos últimos anos, essa agenda foi deliberadamente esvaziada, sob o clichê de que bastaria retirar o Estado das costas dos empreendedores para que o país voltasse a decolar.
Evidentemente, temos muito a avançar em termos de eficiência e desburocratização. Mas, acima de tudo, é preciso reabilitar a ideia de justiça social como objetivo final do governo.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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