Chegou a hora: não faltam evidências para a prisão de Jair Bolsonaro – ISTOÉ
O ex-presidente da República Jair Bolsonaro – AFP
Felipe Machadoi
20/01/2023 – 8:55
“Querido senhor Moraes. Queria confessar que tentei com todas as minhas forças dar um golpe de estado, mas não obtive sucesso. Atenciosamente, Jair Messias Bolsonaro.”
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Se a Justiça espera esse tipo de prova para estabelecer uma ligação entre os atos terroristas de 8 de janeiro e o ex-presidente, pode esperar sentada. As evidências contra Bolsonaro são óbvias, mas não estarão escritas em um bilhete – até porque não há indícios de que o ex-presidente sabe escrever. Se alguém tinha alguma dúvida de seu vínculo com a tentativa de golpe de estado, basta seguir uma linha de raciocínio primária no direito penal: quem seria beneficiado pela minuta golpista encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres? Pois é. O ministro Alexandre de Moraes está sendo cauteloso, mas não há discussão: o documento é uma prova incontestável de que a corja liderada por Bolsonaro tentou usurpar o poder.
Mesmo se não houvesse essa evidência irrefutável, não seria difícil para qualquer promotor comprovar a culpa de Bolsonaro e seus asseclas. Os terroristas que atacaram as torres gêmeas em 11 de setembro de 2001 não carregavam bilhetes de Osama bin Laden, mas ninguém questionou a ligação entre mentor e executores. Os EUA não mediram esforços para encontrá-lo e puni-lo – até invadiram um país para garantir isso. A condenação de Bolsonaro é bem mais clara, pois ele deixou suas digitais sujas em todo o caminho até os ataques em Brasília.
Tinha tanta certeza de seu sucesso que não se preocupou em esconder seus crimes. Até a fuga vergonhosa para os EUA pode servir para comprovar que ele armava algo nefasto e buscava se proteger, enquanto sua horda fazia o trabalho sujo. Mau caratismo é típico dessa gente.
Ao longo de quatro anos, o ex-presidente seguiu o manual básico da extrema-direita norte-americana, criada pelo guru que vinha orientando sua família, Steve Bannon. Foi passo a passo: ataques a instituições democráticas e decisões da Suprema Corte; criação e disseminação de informações falsas por meio de redes sociais; ampliação do acesso a armas para seus apoiadores; apoio e indicação de cúmplices para posições estratégicas no Judiciário e no Legislativo; distribuição de verbas e cargos para militares aliados; elaboração de medidas ilegais para tentar manipular a eleição; contestação dos resultados eleitorais após a derrota. O único item que Donald Trump não precisou seguir foi armar a população – os EUA já são armados por natureza. De resto, o brasileiro seguiu a cartilha do colega norte-americano.
A maior prova de que Bolsonaro é culpado é que as ações acima têm método e estratégia, ou seja, foram premeditadas. Em outras palavras, dolosas. Para cada uma dessas táticas golpistas, é possível citar dúzias de exemplos cometidos pelo ex-presidente. A Justiça só não verá se continuar cega. Chegou a hora de o Brasil tirar a sua venda. A cadeia para Bolsonaro e sua gangue, sem anistia, não é revanche política. É obedecer à Constituição de 1988, que prevê penas severas para quem tenta dar um golpe de estado. Simples assim. Puni-los com a prisão será a única maneira de conter a extrema-direita e manter a esperança de viver em uma democracia. É bom fazer isso enquanto há tempo.
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