Chico Alves – Depois de Bolsonaro, somos sobreviventes de um … – UOL Confere

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Chico Alves é jornalista, por duas vezes ganhou o Prêmio Embratel de Jornalismo e foi menção honrosa no Prêmio Vladimir Herzog. Foi editor-assistente na revista ISTOÉ e editor-chefe do jornal O DIA. É co-autor do livro ‘Paraíso Armado’, sobre a crise na Segurança Pública no Rio, em parceria com Aziz Filho.
Colunista do UOL
01/01/2023 11h20
A travessia dos brasileiros de 2019 até aqui se assemelha muito à trajetória dos protagonistas desses filmes-catástrofes que os americanos adoram. Desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, só o que se viu no país foi destruição.
Contra todas as dificuldades — que muitas vezes pareciam insuperáveis —, conseguimos sobreviver e espantar o vilão.

Saúde, meio ambiente, educação, cultura e praticamente todos setores da vida nacional foram destroçados por quatro anos de gestão irresponsável. Ainda por cima, instalou-se no país um clima de ódio digno daqueles seres desprezíveis que imaginávamos que só existissem no cinema, malvadões que cultuam armas e morte, que não têm a mínima empatia pela dor do outro.
Não foi ficção. O Brasil teve mesmo um presidente que se orgulhou de facilitar o acesso a armamentos pesados e que, diante de centenas de milhares de mortes na pandemia, disse a seus compatriotas que parassem com o “mi mi mi”.
Essas barbaridades já bastariam para compará-lo a Hannibal Lecter, Coringa, Freddy Krueger ou qualquer outro dos principais vilões hollywoodianos.
Mas não foi só isso. Bolsonaro facilitou a ação de desmatadores, garimpeiros ilegais e outros criminosos na Amazônia. Não coibiu o massacre dos indígenas.
Uma de suas ministras mais próximas tentou evitar o aborto de uma menina de 11 anos que foi estuprada. O presidente cortou drasticamente recursos para merenda escolar, Farmácia Popular e contratação de carros-pipa para matar a sede do Nordeste.
A lista de absurdos é enorme.
Ao longo do nosso filme-catástrofe da vida real, quase 700 mil brasileiros perderam a vida para a covid-19, enquanto especialistas acusavam o governo de não tomar providências que poderiam evitar muitas mortes. Outros tantos deixaram o país amedrontados com ameaças por sua opção ideológica e alguns foram vítimas de violência política.
Apesar de tantas dificuldades, chegamos ao fim dessa história restabelecendo certa normalidade no país.
A partir de agora, estaremos às voltas com os problemas corriqueiros da democracia. Críticas e discordâncias comuns já estão acontecendo e a vida vai deixando de ser pautada pelo ódio para ser manejada pela política.
Mas é preciso estar alerta.
Como no desfecho de todo filme desse tipo, enquanto os heróis exaustos comemoram sobre os escombros da destruição causada ao longo do roteiro, em algum ponto obscuro os vilões dão sinais de vida. Deixam claro que pretendem voltar a atacar assim que puderem.
No caso do Brasil, o ex-presidente e uma horda de zumbis que defendem golpe de Estado farão de tudo para retomar o projeto de destruição.
Cabe aos protagonistas dessa história, que resistiram a tantas agruras, optarem pelas escolhas certas e fazerem o possível para evitar a volta desses seres.
Esse filme-catástrofe brasileiro, que termina agora, não pode ter nenhuma continuação.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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