Clima de tensão política e ideológica faz mal à saúde mental dos brasileiros – Gazeta do Povo
Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
O Sua Leitura indica o quanto você está informado sobre um determinado assunto de acordo com a profundidade e contextualização dos conteúdos que você lê. Nosso time de editores credita 20, 40, 60, 80 ou 100 pontos a cada conteúdo – aqueles que mais ajudam na compreensão do momento do país recebem mais pontos. Ao longo do tempo, essa pontuação vai sendo reduzida, já que conteúdos mais novos tendem a ser também mais relevantes na compreensão do noticiário. Assim, a sua pontuação nesse sistema é dinâmica: aumenta quando você lê e diminui quando você deixa de se informar. Neste momento a pontuação está sendo feita somente em conteúdos relacionados ao governo federal.
Os cuidados com a saúde mental, foco da campanha Janeiro Branco, são cada vez mais essenciais num planeta pós-pandêmico e no qual as guerras, desigualdades, dificuldades financeiras, insegurança alimentar e conflitos sociais somam-se às causas biológicas e hereditárias e a outros fatores causadores de desequilíbrios psicoemocionais. Trata-se de uma questão que merece muita atenção do governo e da sociedade, pois afeta milhares de pessoas.
Em nosso país, segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria, cerca de 50 milhões de habitantes sofrem algum tipo de doença mental, como depressão, transtornos de humor, déficit de atenção e ansiedade. Num cenário atual conturbado como o do Brasil e do mundo, não precisa ser especialista para concluir que as pessoas ficam mais fragilizadas e suscetíveis a esses problemas.
É pertinente e oportuna, portanto, uma reflexão sobre o contexto sociopolítico nacional, que tem gerado fortes tensões e preocupações diárias. Além de episódios como a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, assiste-se diariamente, há alguns anos, a uma crescente intolerância entre as pessoas.
A política, esteio da democracia e polo de debates e discussões que deveriam enriquecer o acervo de ideias e propostas, tornou-se um fator desagregador, gerador de brigas de rua, agressões físicas e morais, inaceitáveis discussões de baixo nível e ataques nas redes sociais. O funcionalismo público, que presta serviços diretamente à população, muitas vezes percebe e sofre com essas situações, como se verifica nas escolas, tribunais, unidades de saúde e outras repartições, onde até mesmo o ato de cumprir leis e normas é interpretado por usuários com um viés partidário.
Não se trata aqui de fazer juízo de valores ou julgar as pessoas e suas ideias, mas de enfatizar o quanto o clima permanente de tensão político-ideológica e seus reflexos na economia, no mercado e nas relações sociais e familiares têm sido prejudiciais ao Brasil e aos brasileiros. São fatores geradores de ansiedade, nervosismo, insegurança, ira, revanchismo e ódio, sentimentos que conspiram contra a saúde mental, bem como despertam e/ou agravam transtornos psicoemocionais.
Independentemente de quem está no governo federal, nos estaduais e nos municipais, precisamos buscar a fazer a reconciliação nacional. Isso significa resgatar o sentimento de nação e a identidade pluralista, alegre e solidária que os brasileiros sempre tiveram. Essas características culturais de nossa gente não podem ficar soterradas sob os escombros da Praça dos Três Poderes, nem eclipsadas pela paixão ideológica exacerbada. Famílias e amigos não devem continuar separados pelo Muro de Berlim virtual das divergências que os fizeram romper.
Pacificar a sociedade é dever e responsabilidade de cada cidadão e, claro, dos governantes e políticos, que devem interromper as narrativas agressivas e parar de incitar conflitos. As pessoas precisam voltar a ser reconhecidas e valorizadas por suas qualidades pessoais e não mais pelo rótulo político-ideológico que carregam nas cores de suas roupas. Para nós brasileiros, neste momento grave, a melhor maneira de nos engajar na campanha Janeiro Branco é abraçar nossa própria consciência e nossa identidade cultural, refletir a respeito dos danos provocados pela agressividade e respeitar as diferenças de ponto de vista e a diversidade.
Sem uma atitude de boa vontade, civilidade, caráter republicano e humanidade, a tendência será de aumento contínuo dos problemas relativos à saúde mental no Brasil. É prioritário pacificar nossa mente e a sociedade. Não merecemos a mesquinhez de pensamento e a truculência como parâmetros de nosso destino como nação.
Artur Marques da Silva Filho, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, é presidente da Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (AFPESP).
Máximo de 700 caracteres [0]
Ao se cadastrar em nossas newsletters, você concorda com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade, incluindo o recebimento de conteúdos e promoções da Gazeta do Povo. O descadastramento pode ser feito a qualquer momento neste link.
WhatsApp: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.
Apenas assinantes podem salvar para ler depois
Saiba mais em Minha Gazeta
Você salvou o conteúdo para ler depois
As notícias salvas ficam em Minha Gazeta na seção Conteúdos salvos. Leia quando quiser.
Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Carregando notificações
Aguarde…
Os recursos em Minha Gazeta são exclusivos para assinantes
Saiba mais sobre Minha Gazeta »