Com a fuga para não ser preso, a obra de Bolsonaro está completa – Metrópoles

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Blog com notícias, comentários, charges e enquetes sobre o que acontece na política brasileira. Por Ricardo Noblat e equipe
31/12/2022 6:00, atualizado 31/12/2022 17:24
Bolsonaro abandonou o país sem completar seu mandato e deixou os custos de sua fuga para o Tesouro Nacional, alimentado pelo dinheiro de impostos que todos pagamos. Ou melhor: que a maior parte dos brasileiros paga, porque a outra, dos mais ricos e remediados, tem meios e modos de não pagar nada ou quase nada.
Se o preço a pagar para nos livrarmos dele fosse só esse, estaríamos no lucro, mas não. Ele deixa um país mais dividido do que o que recebeu, e com a maioria dos seus problemas agravados. Alguém será capaz de lembrar uma única obra que ele fez? Por não ter feito, passou a dizer que terminou obras inacabadas.
Educação, saúde, meio ambiente, cultura, saneamento urbano, direitos humanos, assistência social, tudo piorou. Algo como 33 milhões de pessoas passam fome. Há mais de 10 milhões desempregadas. E quando Bolsonaro resolveu gastar dinheiro com os mais pobres foi só pensando em se reeleger.
Deixou um país mais armado, os militares politicamente mais ativos, e uma democracia que sofreu graves abalos, embora tenha triunfado. Ao Poder Judiciário os méritos de não se acovardar diante de um presidente e de generais que o ameaçaram. Há muito ainda a ser contado sobre os bastidores da peleja farda contra toga.
O maior desafio que o presidente eleito tem pela frente não será governar melhor que o seu antecessor, tarefa fácil por comparação, mas o de pacificar o país como prometeu durante a campanha. Não é sobre esquerda e direita, é sobre os que prezam o Estado de Direito e têm ódio e nojo de ditaduras de qualquer cor.
O PT cometeu muitos pecados nos quase 14 anos em que governou o país, mas nunca pôs as liberdades em risco. Do fim da ditadura de 64 para cá, só se ouviu falar em golpe quando chegou ao poder o ex-capitão afastado do Exército que planejou detonar bombas em quartéis se não recebesse um salário, ao seu gosto, mais decente.
Agora que ele se foi porque sabe muito bem o que fez em todas as estações dos últimos quatro anos e tinha medo de ser preso se permanecesse aqui, o país terá de reconstruir com a celeridade necessária as bases para que nunca mais volte, e para que ninguém igual ou parecido com ele venha um dia a sucedê-lo.
Lula derrotou Bolsonaro na eleição mais comprada por um presidente que já tentou se reeleger, daí porque o resultado foi tão apertado. Alvíssaras pela proeza, mas não basta. O bolsonarismo precisa ser reduzido a pó. É trabalho de todos, não só dele.
“Tem gente chateada, que [eu] deveria ter feito alguma coisa, qualquer coisa. Eu não poderia fazer o que o outro lado fez, e digo: para conseguir certas coisas, mesmo dentro das quatro linhas, você tem que ter apoio.” (Bolsonaro, em recado cifrado ou confuso para seus devotos)
Humor
No tabuleiro estratégico do terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva
Na partida de Pelé, percebe-se a grandeza de um gênio da humanidade. Ao contrário, a partida de Bolsonaro mostra a mediocridade dele
Lula só deverá responder se sofrer ataques pessoais ou à montagem de seu governo; ministros devem ser acionados e militância está liberada
Muito já se falou sobre o desastre da administração Bolsonaro que termina hoje. Não vale a pena repetir todos os desmandos aqui
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