Como ficam os acordos e alianças políticas no Ceará para o segundo turno? – Brasil de Fato

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Política
Foram necessárias 48 horas para os partidos apresentarem seus apoios para o segundo turno das eleições de 2022 e o Ceará tem importante peso político nessa decisão. Ciro Gomes e seu partido PDT anunciaram apoio ao candidato Lula (PT) no início da tarde desta terça-feira (04). Após a reunião da executiva do partido, o presidente da legenda Carlos Lupi disse que a decisão foi unânime para derrotar o presidente Jair Bolsonaro (PL) nas urnas.
“Tomamos uma decisão unânime, sem nenhum voto contrário, a decisão de apoiar o mais próximo da gente, que é a candidatura do Lula (…) Nosso trabalho para derrotar Bolsonaro tem que ser a prioridade absoluta. Derrotar Bolsonaro é uma causa nacional, uma causa da pátria, uma causa dos democratas", afirmou o presidente do PDT, Carlos Lupi.
Menos de uma hora depois do anúncio do partido, Ciro Gomes publicou um vídeo nas redes sociais onde, sem citar o nome do ex-presidente Lula, reitera a decisão da legenda. “Frente às circunstâncias é a única saída", disse Ciro. “Lamento que a democracia brasileira tenha afunilado a tal ponto que reste para o brasileiro duas opções, a meu ver, insatisfatórias", continuou.  "Ao contrário da campanha violenta da qual fui vítima, nunca me ausentei ou me ausentarei da luta pelo Brasil. Sempre me posicionei e me posicionarei na defesa do país contra projetos de poder que levaram o país a essa situação grave e ameaçadora" afirmou Ciro.
Ciro Gomes ficou em quarto lugar na disputa para presidente da república com 3,04% dos votos do país. No Ceará, terra do ex-presidenciável, sua votação alcançou 6,80% dos votos. Ou seja, mais de 369 mil eleitores cearenses acreditaram que Ciro era a melhor opção e agora tanto o ex-presidente Lula, como o presidente Jair Bolsonaro querem conquistar essa parcela da população. Para o BDF, o presidente estadual do PDT, André Figueiredo, informou que “ (nós) apoiaremos o Lula. Mas a conjuntura estadual não tem nenhum vínculo”, disse. Já o ex-prefeito de Fortaleza, Roberto Cláudio, que ficou em terceiro lugar na disputa para o governo do Estado, e foi protagonista do racha do PDT com o PT no Ceará, não se posicionou e nem respondeu o contato feito pela reportagem. 
“Ficamos no campo da expectativa do que as pessoas gostariam que atores políticos fizessem, mas é preciso entender o que pode ser feito de acordo com a realidade das campanhas. De qualquer forma, no caso do vídeo do Ciro, já mostra, de uma perspectiva geral, que ele está entendendo que o cenário desse ano, inclusive de ameaças do presidente Bolsonaro, é diferente de 2018 quando Ciro viajou no segundo turno e voltou só para votar. Ainda que ele diga que não há ameaça democrática, ele reconhece que um segundo governo Bolsonaro será muito ruim para a população brasileira”, analisa Monalisa Soares, cientista política e pesquisadora do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia da UFC.
No Ceará, Lula ganhou em todos os 184 municípios, alcançando 65,91% dos votos válidos contra 25,38% de Jair Bolsonaro. Ao seu lado, Lula tem Camilo Santana, ex-governador por dois mandatos e eleito senador com 69,76% dos votos. A enorme aprovação de Camilo e o apoio de Lula, alçou Elmano Freitas a governador do Ceará, eleito no primeiro turno, com 54,02% dos votos, um resultado surpreendente que já está sendo aproveitado pelo PT, de acordo com a análise da pesquisadora Monalisa Soares.
“Camilo Santana sai como grande vitorioso das eleições. Uma liderança consolidada e em ascensão dentro da estrutura partidária do PT. Ele foi chamado pela coordenação para liderar a campanha do Lula no Ceará e é importante observar que outros sinais do reconhecimento da capacidade política que ele tem, PT vai dar a Camilo Santana”, analisa a cientista política.
Nesta terça-feira, Camilo e Elmano fizeram uma live de agradecimento pela eleição e pela votação expressiva dos dois. Enquanto Elmano surpreendeu no primeiro turno, Camilo foi o senador eleito com o maior percentual de votos do Brasil, com mais de três milhões e trezentos mil votos. Além disso, o senador e governador eleitos do Ceará, destacaram a importância de ter Lula como presidente eleito. “Temos uma responsabilidade enorme de aumentarmos a votação do Lula no Ceará para garantir a eleição do maior presidente desse país, no próximo dia 30”, afirmou Camilo, para em seguida enunciar vários feitos do governo Lula, como a criação do Prouni, o aumento na geração de emprego e renda e a retirada do Brasil do mapa da fome. “Eu fui governador e sei o que sofri por não ter um presidente parceiro ao meu lado para ajudar o estado. A gente já chegou em primeiro lugar, faltando bem pouquinho pra ganhar no primeiro turno”, declarou Camilo fazendo referência ao slogan da campanha “O Ceará 3 vezes mais forte.”
Elmano complementou convocando a militância do partido. “Vamos com força redobrada para garantirmos a eleição do Lula (…) É hora de conversar com muita força e energia, nos grupos de whatsApp, na Igreja, no seu bairro, conversar com todas as pessoas e com humildade, explicar como foi a vida do nosso povo com o Lula presidente e as dificuldades que temos agora. Conversar com tranquilidade para mostrar que o melhor para o Ceará e para o Brasil é ter Lula como presidente”, afirmou Elmano.
Apesar da campanha ter terminado oficialmente no Ceará, a disputa do segundo turno nacional continua. Capitão Wagner, candidato derrotado do União Brasil, para governador do Ceará, anunciou, na última segunda-feira (3), apoio a Jair Bolsonaro (PL) na eleição presidencial. O anúncio não foi uma surpresa, visto as semelhanças entre os dois militares. Mas durante o primeiro turno das eleições, Wagner não fez campanha para Bolsonaro. O presidente sequer aparece nas publicações de Capitão nas redes sociais, situação que pode mudar após a declaração explícita de apoio. 
“A gente vai viajar o Estado do Ceará todo e viabilizar material de campanha. (…)“A gente, por uma questão partidária, no primeiro turno, não podia se posicionar. Agora é vota, vota e confirma, vinte dois é Bolsonaro”, declarou o deputado federal que quer alcançar pelo menos 35% dos votos válidos para Bolsonaro no Ceará.
Outro nome importante da política cearense que já se posicionou para o segundo turno das eleições, foi o senador Tasso Jereissati, ex-presidente do PSDB. Durante o primeiro turno, Tasso caminhou ao lado de Roberto Cláudio na disputa estadual. Em entrevista ao Estadão, o tucano confirmou apoio ao candidato Lula.“Minha posição é Lula. Evidente que o partido tem que discutir alguns pontos com a equipe dele, mas o que está em jogo para nós é a democracia e a democracia acima disso tudo. E esperando que Lula se comprometa com um governo de pacificação,” declarou.
PT e PSDB disputaram eleições presidenciais por 20 anos. Em 2021, Lula procurou Tasso para pedir apoio, mas o PSDB manteve o apoio à Simone Tebet (MDB) para a presidência. A senadora terminou a disputa em terceiro lugar, com 4,16% dos votos. No Ceará, a tucana obteve 1,22% da preferência dos eleitores. Na última segunda-feira, Tebet sinalizou apoio a Lula, mas a decisão do partido só deve ser anunciada nesta quarta-feira (05/10). No Ceará, Lula conta ainda com o apoio do ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira. Importante cacique eleitoral e nome influente no MDB, Eunício foi o quarto deputado federal mais votado do Ceará, com mais de 188 mil votos. O partido também conta com a vice-governadora eleita, Jade Romero, como apoio de Lula no Ceará.
Já o PSol abriu mão da candidatura própria para presidente, pela primeira vez desde sua fundação em 2004, para apoiar o candidato Lula. No Ceará, a parceria histórica tem com um dos principais cabos eleitorais do ex-presidente, o Deputado Estadual Renato Roseno. Um dos parlamentares com a votação mais expressiva no estado, Roseno foi reeleito com mais de 83 mil votos para a Assembleia Legislativa. O comitê do partido já iniciou a campanha em prol do candidato Lula, articulando atividades com os militantes e convocando parlamentares eleitos e não eleitos da legenda com o desafio de reduzir o índice superior a 17% de abstenção de votos no Ceará. São mais de um milhão de eleitores que precisam ser conquistados.
“Sabemos que no Ceará houve 1,1 milhão de abstenções, muitas causadas pelo medo implantado por Bolsonaro e suas fake news. É fundamental vencer a fábrica de desinformação do bolsonarismo. Precisamos mobilizar votos em Lula também a partir dos que votaram em Ciro ou Tebet. Ciro teve 7% no Ceará e o PDT é a maior bancada na AL. Por fim, muita militância por um projeto político melhor para o Brasil. A classe trabalhadora sabe que precisa derrotar Bolsonaro pra vida melhorar", ressaltou Roseno.
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Fonte: BdF Ceará
Edição: Camila Garcia
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