Como foi o dia em que Bolsonaro desistiu de dar um golpe – ig.com.br

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Daniel Cesar
O jornalista Daniel César apresenta tudo sobre os bastidores do universo da política, trazendo entrevistas com os principais atores do assunto, além de antecipar histórias do poder no Brasil
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Atualizada às 30/12/2022 12:11
Durante o período do primeiro turno das eleições, enquanto aparecia atrás nas pesquisas e com risco de perder, Jair Bolsonaro (PL) planejou dar um golpe de estado. Quem afirma é um aliado do entorno da presidência e que conta como foi o dia em que houve a articulação para uma ruptura institucional.
“O presidente reuniu os chefes das Forças Armadas e avisou que pretendia usar o artigo 142 da Constituição”, conta à coluna. Segundo ele, o plano previa que o golpe aconteceria na segunda quinzena de novembro após várias articulações políticas para evitar isolamento externo do Brasil.

Após o resultado do segundo turno confirmar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o vitorioso da corrida eleitoral,  assessores da presidência passaram a seguir à risca o plano. Em entrevista à coluna, o assessor revela como tudo aconteceu.

Bolsonaro ficou uma semana  isolado se recuperando do baque da apuração. Mas seu grupo já sabia o que fazer e não ficou em silêncio, passando a articular o golpe.

“O general Braga Netto seria o responsável por reunir as Forças Armadas em torno da ruptura e colocar os militares nas ruas. O primeiro passo seria anunciar o fechamento do STF por fraude nas eleições”, revela.

Na versão contada pelo ministro de Bolsonaro, caberia ao presidente do PL, Valdemar da Costa Netto, acalmar a classe política. “O Congresso não seria fechado e os políticos teriam a garantia de que seus mandatos seriam preservados”.

Bolsonaro também nomeou aliados para fazer o serviço no exterior e convencer países importantes a dar apoio. Segundo a mesma fonte, foi feita até uma ligação ao presidente da Rússia, Vladmir Putin, para pedir apoio.

Enquanto isso, bolsonaristas influentes começaram a financiar e incentivar que seguidores fossem protestar e pedir uma intervenção militar a fim de “obrigar” Bolsonaro a por ordem. “Era tudo teatro”, garante.

“No dia 30 de novembro veio a decisão de que não haveria uma ruptura por falta de apoio e Bolsonaro se sentiu abandonado”, revelou o ministro que já foi exonerado do governo.

Tudo começou quando o ministro do STF, Alexandre de Moraes, decidiu i mpor uma multa milionária ao PL,  quando o partido questionou o resultado das urnas. Com as contas bloqueadas, Valdemar teria recuado da intenção de apoiar o golpe de estado e avisou o presidente que não haveria clima. “Sem dinheiro para pagar os funcionários e apoiadores, Valdemar não tinha força”.
Bolsonaro também não conseguiu o apoio que desejava de Putin. A fonte ouvida pela coluna explicou que o presidente russo afirmou que estava focado na guerra e não poderia fazer muito.

Ao mesmo tempo, os  EUA mandaram mais de um recado de que não aceitaram uma ruptura no Brasil e, se preciso fosse, enviaria ajuda para restaurar a ordem. Essa teria sido a gota d’água que fez com que membros importantes das Forças Armadas recuassem.

“Justo no dia 30, quando Bolsonaro estava animado para anunciar a ruptura, ele ficou isolado e furioso”, conta o ministro. A partir daí, ele teria entrado numa maré de depressão e sequer aceitou conversar com pessoas mais próximas.
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