Comprado pelo New York Times, The Athletic vai dobrar cobertura de basquete e futebol femininos nos EUA – MediaTalks
Londres – O site de jornalismo esportivo The Athletic, adquirido pelo New York Times em janeiro, anunciou o lançamento de um projeto multiplataforma para dar mais visibilidade aos principais esportes praticados por mulheres nos EUA, o basquete e o futebol.
O projeto é uma parceria com o Google, cujas ferramentas e recursos serão usados para ampliar a quantidade e a abrangência da cobertura feita pela redação do The Athletic.
Criado em 2016, o The Athletic foi comprado por US$ 550 milhões como parte do objetivo do New York Times de chegar à marca de 10 milhões de assinantes, batida em fevereiro, com três anos de antecedência em relação ao prazo inicialmente projetado.
Segundo o comunicado que anunciou a parceria com o Google, o The Athletic dedicará mais pessoal e recursos para dobrar sua cobertura sobre o esporte feminino, com foco principal nos torneios das ligas nacionais de basquete feminino (WNBA) e de futebol feminino (NWSL).
“Esta iniciativa vai posicionar o The Athletic para o futuro do esporte, que será cada vez mais feminino, diversificado e multifacetado”.
Por enquanto, ainda não é. O destaque do site é a Copa do Mundo do Catar, com seus personagens masculinos, uma tendência natural considerando a importância do torneio. Mas a navegação pelo site mostra pouco de esportes femininos, e é isso que o The Athletic promete mudar.
O veículo pretende ir além do registro das competições, ampliando o foco para incluir reportagens e análises aprofundadas dos esportes praticados por mulheres.
No futebol, o The Athletic produzirá matérias sobre todos os principais torneios de qualificação, de partidas da Copa do Mundo Feminina de 2023 da FIFA e do Campeonato NWSL de 2023.
Para a cobertura da WNBA, o The Athletic disse já ter ampliado a equipe de jornalistas a fim de assegurar uma cobertura contínua e aprofundada durante todo o ano.
Além de cobrir as competições, o veículo prometeu acompanhar com mais atenção os negócios em torno do basquete feminino, as competições internacionais e o desempenho das jogadores que atuam fora dos Estados Unidos.
O esforço é multiplataforma, incluindo podcasts (como o “Full Time) e boletins informativos (como o “The Pulse”).
Sebastian Tomich, diretor comercial do The Athletic, disse esperar que o aumento do espaço e o aprofundamento da cobertura dos esportes femininos atraiam ainda mais leitores para o site.
O Google já tem um acordo com a WNBA, e tem transmitido jogos ao vivo nas últimas temporadas.
“Apesar de merecerem ser reconhecidas por seus talentos, as atletas femininas ainda são tradicionalmente menos representadas na cobertura da mídia”, disse Kate Johnson, diretora de parcerias de marketing e mídia esportiva do Google.
A aposta em jornalismo esportivo voltado para modalidades praticadas por mulheres como forma de atrair audiência vem na sequência de resultados preocupantes.
No terceiro trimestre de 2022, os lucros da The New York Times Company caíram em relação ao mesmo período do ano anterior. O mau resultado foi atribuído às perdas geradas pela compra do The Athletic, que ainda precisará mostrar que o investimento valeu a pena.
Segundo o balanço, as receitas do The Athletic totalizaram US$ 19,5 milhões no trimestre, vindas principalmente de assinaturas, contra custos operacionais de US$ 32,1 milhões no mesmo período.
Na teleconferência com investidores, a CEO da New York Times Company, Meredith Kopit Levien, disse esperar que “o impacto do The Athletic no lucro consolidado deste ano seja menos negativo do que previmos no momento da aquisição”.
O Athletic ganhou 50 mil assinantes únicos no trimestre e 420 mil em pacotes que incluem uma assinatura do New York Times.
Em outra frente, o New York Times também adquiriu o game online Worldle e explora outras oportunidades de geração de receita advindas dessa compra, licenciando o título para a criação de um jogo de tabuleiro.
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As barreiras para mulheres no esporte não se limitam à menor cobertura dedicada a elas. Embora jornalistas tenham conquistado espaço como comentaristas de esportes masculinos e até como narradoras de partidas de futebol, elas ainda enfrentam dificuldades dentro e fora das redações.
Denúncias de assédio de colegas e situações constrangedoras durante transmissões ao vivo, nas quais as jornalistas são atacadas por torcedores, têm chamado a atenção em todo o mundo.
Em 2021, um torcedor foi banido por três anos dos estádios da Itália depois de assediar uma jornalista que fazia uma transmissão ao vivo após um jogo.
Para piorar a situação, o colega da jornalista assediada, que comandava a bancada do programa, tentou amenizar a situação. Sua atuação complacente acabou sendo punida pela direção da emissora.
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Luciana Gurgel,
de Londres
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