Comunicação pública para Bolsonaro é caso de polícia – Metrópoles
Blog com notícias, comentários, charges e enquetes sobre o que acontece na política brasileira. Por Ricardo Noblat e equipe
25/11/2022 9:00, atualizado 25/11/2022 3:52
De direita, esquerda ou centro, se pudessem os governantes em todas as partes do mundo controlariam o jornalismo com mão de ferro para que ele não lhes causasse danos.
Todos eles se declaram democratas, até mesmo os autocratas descarados. Mas apenas esses últimos não disfarçam e assumem que o jornalismo para eles, não raro, é questão de polícia.
Se não podem chamar a polícia, empenham-se então abertamente em desqualificar a imprensa. Foi o que fez nos Estados Unidos Donald Trump, e Jair Bolsonaro no Brasil.
É o que Trump voltará a fazer se suceder como deseja o presidente Joe Biden a partir de 2024, e ele tem chances. É o que Bolsonaro faria se tivesse sido reeleito. Ainda bem que não foi.
Bolsonaro conseguiu em menos de quatro anos dividir quase ao meio a imprensa, cooptando parte dela. Não lhe custou tão caro. No caso da imprensa oficial, não lhe custou nada.
Bernardo Mello Franco, hoje em O Globo, pergunta: Quem é o secretário de Comunicação do governo Bolsonaro? Resposta: André de Sousa Costa, coronel da Polícia Militar de Brasília.
E a titular da Secretaria de Imprensa do Palácio do Planalto que Bolsonaro deixou de frequentar rotineiramente desde que perdeu a eleição? Uma major da Polícia Militar.
Eles não foram nomeados à toa. Estão lá para vigiar servidores, esconder informações e dificultar o trabalho dos repórteres. Comunicação pública não é jornalismo chapa branca.
Muitas vezes, a imprensa não atenta para atividades de relevante interesse social. É aí que a comunicação financiada pelo Estado com o nosso dinheiro revela sua importância.
Ela é um braço dos governos, mas que deve servir antes de tudo à sociedade. O melhor exemplo disso é a BBC, sistema de difusão de rádio e televisão pública do Reino Unido, fundada em 1922.
Como observa Mello Franco, levar a comunicação pública a sério é “sinal de respeito aos cidadãos que têm o direito de saber o que as autoridades fazem e como elas gastam o dinheiro dos impostos.”
Lula tem uma oportunidade de ouro para resgatar o conceito universal de comunicação pública. O que preocupa é que no passado, ele chegou a dizer uma vez:
“Não gosto de notícias, gosto de publicidade”.
“Eles [bolsonaristas] repetem que Supremo é o povo. É isso mesmo. Soberania popular significa a supremacia da vontade do povo, que se manifesta nas eleições. Não adianta apelar para quartéis ou seres extraterrestres.” (Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal)
Não é segredo que o presidente eleito só pretende anunciar os novos ministros em dezembro
Manter relações diplomáticas com diversos polos nacionais e multinacionais, mas com política externa orientada para o conjunto do mundo
Já o Palácio do Planalto, o atual governo até abriu ao público, fechou com a pandemia, mas não retornou depois
Os arrependidos descobriram o erro que haviam cometido e tornaram a eleger em 2022 o Lula que haviam repudiado em 2018
Ele vai ficar devendo essa a Bolsonaro
Todos os direitos reservados