Copa deu motivação para Catar investir em futebol, diz preparador de goleiros brasileiro – UOL Confere

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22/01/2023 08h57
O legado da Copa do Mundo para a evolução do futebol do Catar só deve ser avaliado no médio e longo prazo, mas o sucesso da realização do evento certamente vai contribuir para desenvolver o esporte no país, avalia o brasileiro Orlando Trivizol, treinador de goleiros de uma equipe local.
O legado da Copa do Mundo para a evolução do futebol do Catar só deve ser avaliado no médio e longo prazo, mas o sucesso da realização do evento certamente vai contribuir para desenvolver o esporte no país, avalia o brasileiro Orlando Trivizol, treinador de goleiros de uma equipe local.
Orlando tem experiência no futebol do Catar e também em outros países do Oriente Médio, como Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita. Depois de duas breves passagens no Catar, em 1993 e 2005, ele se estabeleceu no rico emirado nos últimos 13 anos, sendo dez deles como preparador de goleiro do Al-Arabi, de Doha, que durante décadas dominou o futebol local.

Mais recentemente, Orlando foi contratado pelo Lusail, time novo formado há quatro anos na cidade ao norte de Doha, onde se encontra também o famoso estádio que serviu de palco para os jogos do Brasil contra Sérvia e Camarões e a final da Copa.  
“Eu acho que agora, com a Copa do Mundo aqui, vai dar uma motivação maior. Eles estão vendo, sentindo o gostinho do que é ver um estádio super lotado, a competição, os times, tudo o que envolve uma Copa do Mundo, o mundo todo olhando. Eu acho que isso vai dar uma motivação para eles”, afirmou Orlando em entrevista à RFI realizada durante o evento.
Segundo o preparador de goleiros, as autoridades vão aproveitar o sucesso da Copa e investir no esporte, ainda pouco popular no país. “Acho que o governo vai apostar nisso. Eles vão investir mais para dizer: ‘a gente quer voltar para a Copa do Mundo o mais rápido possível’. Então eu acho que tem um futuro aí”, ressalta Orlando.
O preparador de goleiros informou que no início deste ano a Federação de Futebol do Catar fez um giro por vários países africanos, entre eles Nigéria, Argélia e Gana, na busca de jogadores jovens, de no máximo até 21 anos. No total, 23 foram selecionados para uma sessão de treinamentos realizada nesta última semana.
“Os treinadores das principais equipes do Catar foram convidados para observar esse grupo de jogadores e trazê-los para os clubes. Eles vão continuar buscando novos talentos para jogar aqui”, destaca Orlando, convidado para trabalhar com o grupo como preparador dos goleiros vindos da África.    
Fiasco da equipe nacional no Mundial
A participação do Catar na Copa foi considerada um fiasco, já que os anfitriões foram os primeiros eliminados ainda na primeira fase após três derrotas. Por isso, vai ser preciso muito trabalho para construir uma equipe competitiva. Os obstáculos começam na própria fase de formação de atletas. 
Orlando Trivizol destaca uma grande dificuldade em atrair jovens do país para os clubes e também manter o interesse deles por uma carreira no meio futebolístico. “Não é muito fácil, porque é um país pequeno, 80% ou 70% da população é de estrangeiros e a gente tem que dar prioridade aos catarianos, que não são muitos. Às vezes você tira a qualidade na quantidade, mas aqui não tem tanta gente assim “, explica o brasileiro.
Orlando também ressalta a concorrência com outras carreiras vistas como mais importantes e prósperas. “Aqui é muito concorrido com as Forças Armadas, com a faculdade. Então, por exemplo, eu tive aqui dois goleiros no sub20 que prometiam, todo mundo olhando e tal. Aí, na hora de subir para o primeiro time, eles dizem: ‘vou ser piloto’, entendeu? Aí eu encontro com eles hoje, digo, ‘eu dei cinco mil chutes para você virar goleiro do primeiro time e você vai lá e vira piloto’. O que é que eu vou fazer?”, diz, em tom de lamentação.
Além do sucesso da realização do primeiro Mundial no Oriente Médio, outro fator que pode impulsionar o futebol no Catar pode vir das principais autoridades do país governado pelo emir Tamin Ben Hamad Al-Thani. Segundo Orlando, a família real é apaixonada por esportes, o que contribuiu para estimular o interesse por diversas modalidades esportivas.
“Eles gostam muito de esporte, construíram um estádio para fazer o Campeonato Mundial de handebol, um estádio para o campeonato mundial de ciclismo. E os xeiques praticam esportes. Então eles gostam. Há mais ou menos oito anos foi criado aqui o Dia Nacional do Esporte. Então, para o país todo, as televisões mostram os xeiques fazendo esporte, e eles querem que as pessoas participem mais”, afirma.
Neste sentido, a realização da Copa do Mundo pode servir de estímulo para despertar vocações nos mais jovens. “A ideia é dar esse impulso, mostrando o que está acontecendo, dizendo: ‘sintam o gostinho e vamos atrair mais gente para o esporte’. E eu acho que vão conseguir alguma coisa”, aposta.
Orlando Trivizol chegou ao Catar pelas mãos de Evaristo Macedo, com quem trabalhou como treinador de goleiros no Flamengo em 1992. No ano seguinte, por indicação de Evaristo, que desfruta de um imenso prestígio no Catar, Orlando aceitou o convite para trabalhar no pequeno país do Oriente Médio em uma equipe treinada por um brasileiro.
Apoio e satisfação
Com a visibilidade conquistada pela Copa do Mundo e a perspectiva de continuar trabalhando na formação da futura geração de goleiros não apenas no clube Lusail, mas também que podem ser convocados para a seleção do Catar, Orlando vê razões para continuar sua carreira no país, já que conta com o apoio dos dirigentes e autoridades responsáveis pelo futebol local.   
“Eles dão todas as condições para trabalho. Realmente, quando você vê um goleiro que de repente estava lá [no clube], e daqui a pouco vai para a seleção, isso é o que dá prazer, é o que faz a gente dormir bem. Tem o aspecto financeiro, lógico, mas o prazer mesmo é você ver a pessoa se desenvolver e estar feliz com isso. Esse é o grande lance”, finaliza o preparador de goleiros.
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Josias de Souza

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