Cúpula do Clima convida Lula e consolida isolamento de Bolsonaro – UOL Confere

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Jamil Chade é correspondente na Europa há duas décadas e tem seu escritório na sede da ONU em Genebra. Com passagens por mais de 70 países, o jornalista paulistano também faz parte de uma rede de especialistas no combate à corrupção da entidade Transparência Internacional, foi presidente da Associação da Imprensa Estrangeira na Suíça e contribui regularmente com veículos internacionais como BBC, CNN, CCTV, Al Jazeera, France24, La Sexta e outros. Vivendo na Suíça desde o ano 2000, Chade é autor de cinco livros, dois dos quais foram finalistas do Prêmio Jabuti. Entre os prêmios recebidos, o jornalista foi eleito duas vezes como o melhor correspondente brasileiro no exterior pela entidade Comunique-se.
Colunista do UOL
31/10/2022 18h51
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado nesta segunda-feira para participar da Cúpula das Nações Unidas para o Clima (COP27), que ocorre em novembro no Egito. A proposta foi feita pelos próprios anfitriões do evento, as autoridades egípcias. Entre diplomatas, o gesto foi considerado como uma mensagem clara de que a comunidade internacional já não quer Jair Bolsonaro como interlocutor, ainda que oficialmente a delegação brasileira no evento seja aquela enviada pelo atual presidente.
Num comunicado, o presidente do Egito, Abdel Fattah El Sisi, parabenizou Lula pela vitória e diz que quer cooperar com o novo chefe de estado brasileiro. Mas também revelou que convidou o presidente eleito para a COP27.

“Acredito que o Brasil é capaz de ter um papel positivo e construtivo durante a cúpula para promover uma ação climática no nível internacional”, escreveu o presidente do Egito e anfitrião de um dos principais eventos diplomáticos do ano.
Se Lula aceitar, o brasileiro criará um constrangimento significativo em relação ao presidente Jair Bolsonaro. Nos bastidores, porém, muitos se lembram que o atual mandatário brasileiro nem sequer foi até a Cúpula do Clima, em 2021, quando o evento ocorreu em Glasgow. Naquele momento, ele foi um dos raros líderes a não fazer a viagem até a Escócia.
Membros da equipe de Lula revelaram ainda que a agenda externa do presidente eleito vai se pautar na questão climática, inclusive para superar a crise de credibilidade que hoje o país atravessa. Não está descartada a possibilidade inclusive de o Brasil sediar uma conferência internacional sobre o assunto.
Depois de semanas de uma coordenação detalhada, democracias Ocidentais se apressaram para parabenizar Luiz Inácio Lula da Silva pela vitória, com telegramas e mensagens nas redes sociais ainda na noite de domingo. A meta era de criar um cordão sanitário que impedisse Jair Bolsonaro de repetir a estratégia de Donald Trump e questionar a lisura da eleição.
Ao parabenizar Lula, o que Biden, Emmanuel Macron, Olaf Scholz e tantos outros fizeram foi sinalizar que confiavam no processo eleitoral e nos resultados das urnas eletrônicas. Mas há um segundo recado: a partir de agora, reconhecem que o poder legítimo no Brasil está com Lula.
Entidades internacionais também se expressaram, como a Organização dos Estados Americanos.
O processo de isolamento de Bolsonaro foi completado nesta segunda-feira quando os maiores aliados do Brasil fora do Ocidente – China e Rússia – deixaram claro que querem estabelecer parcerias amplas com Lula.
Em menos de 24 horas, portanto, uma espécie de cordão sanitário foi estabelecido, enquanto assessores de Lula indicam que a busca pelo presidente eleito por parte de governos e entidades internacionais explodiu.
Um exemplo é a Conferência do Clima da ONU, no Egito. O UOL apurou que delegações estrangeiras estão enviando negociadores extras para que tenham como incumbência buscar a equipe de transição do Brasil para iniciar a negociação de novos entendimentos.
A fila para falar com o Brasil de Lula, segundo diplomatas, já preenche uma ampla agenda.
Entre os europeus, havia ainda a esperança de que Bolsonaro permitisse que uma equipe de transição ou até mesmo Lula fosse para a cúpula do G-20, que ocorre em novembro na Indonésia. Mas, dentro do Itamaraty, a possibilidade é vista como “impossível”.
No G-20, porém, diplomatas brasileiros já admitem que, se Bolsonaro for, será difícil organizar qualquer tipo de encontro para o presidente derrotado. Principalmente se mantiver a postura de não reconhecer a derrota e iniciar um processo de transição.
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