Da Bahia para o mundo: 5 empreendedores do interior que estão bombando no exterior – Jornal Correio
Em uma viagem a trabalho para Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, em 2020, Jamille Knop e Luciana Pitanga observaram o mercado local e identificaram um potencial para vender marcas de moda brasileiras na região. Isso porque Dubai possui um mercado de moda bastante particular: de um lado, todas as grandes fast fashion do mundo estão presentes. Do outro lado, as grandes marcas de luxo. Porém, há uma quantidade limitada de opções no mercado “do meio”, ou seja, que não oferecem fast fashion mas também não trabalham com alto luxo.
“Após as primeiras especulações e estudos, percebemos que existe um público feminino que não quer comprar fast fashion, mas também não pode vestir marcas de luxo diariamente. Estas mulheres desejam peças diferenciadas, com design, qualidade superior e um custo mais acessível do que as marcas de luxo”, conta Jamile.
A experiência das sócias da Lassus Design Brands não é única. Na verdade, a Bahia tem internacionalizado negócios em diversos segmentos, mostrando que é possível crescer e empreender para fora dos limites do estado e do País.
Mercados
O professor do curso de Administração de Empresas e empresário Anderson Freitas esclarece que antes de levar qualquer negócio para fora do país, é preciso entender o mercado onde pretende se inserir; em sequência (ou concomitante), é preciso entender a própria capacidade produtiva para atender este novo mercado.
“Outro ponto extremamente importante é preparar seus processos logísticos e se adaptar a uma nova realidade fiscal. O empresário deve buscar o melhor mercado possível para o seu modelo de negócio”, afirma.
Para o técnico de Logística e Administrador de empresas Vinicius Costa a internacionalização de um empreendimento passa pela escolha do produto ou serviço a ser oferecido. “De um modo geral, para se iniciar o processo de internacionalização de um negócio é preciso fazer com que o perfil seja conhecido e de fácil acesso”, explica.
Costa acredita que as divulgações em redes sociais através de links patrocinados é uma das ferramentas que poderá ajudar no processo de divulgação. “Também se deve dar uma atenção especial para os clientes do seu próprio país, pois os feedbacks deles serão um importante item de avaliação, o qual lhe dará credibilidade no mercado”, ensina o administrador.
No caso de Jamile e Luciana, o negócio só se concretizou em setembro de 2021, após os estudos de viabilidade e montagem do plano de negócio. A Lassus é uma representação de marcas brasileiras que vendem no atacado para lojas e e-commerces na região do Oriente Médio.
“Enquanto, no Brasil, nós iniciamos a curadoria de marcas, em Dubai nós realizamos a abertura formal do negócio e conseguimos todas as licenças necessárias, além de alugar um espaço para montar o showroom da empresa, que é B2B”, afirmou Luciana, lembrando que atualmente, contam com um vasto portfólio de compradores em toda a região do Oriente Médio.
As sócias contaram com a ajuda da Câmara de Comércio Árabe Brasileira no início do negócio e estão com eles até hoje enquanto associados. “Eles nos ajudaram a entender o mercado no começo e agora, passados um ano, continuam nos ajudando com network e conexões em Dubai e outros países árabes”, esclarece Jamile, lembrando que o empresário que desejar seguir esse caminho precisa ter persistência, um bom advogado e um bom contador para guiar e proteger a empresa.
Análises e planos
Anderson Freitas lembra que a análise de mercado e um plano de marketing são fundamentais para impulsionar a apresentação do produto/empresa. Para quem deseja seguir esse caminho, o professor indica o SEBRAE, que já está consolidado no mercado e agrega imensamente em um processo de internacionalização. “A outra alternativa é buscar um especialista no tema, um consultor”, orienta.
Para Freitas, nesse processo, não pode faltar Pesquisa de Mercado, destacando as informações à respeito do hábitos, poder econômico, condições geográficas do país que se pretende entrar. “Fique atento aos números. Principalmente porque é uma operação internacional, a qual será gerida em dólar. Se existir alguma falha, por mais que seus custos sejam em reais, suas obrigações fiscais, boa parte delas serão em dólar”, reforça.
Em novembro 2015, o empresário Fritz Paixão colocou em prática um negócio que consistia na limpeza automotiva em condomínios de luxo, depois de um ano, ele percebeu um novo nicho de atuação que era a higienização e blindagem de estofados e, hoje, vende a franquia da Cleannew no Brasil e exterior.
Fritz lembra que expandir os negócios para além das fronteiras do país exige estudo, coragem, gestão de risco, capital e um bom parceiro local para tocar o negócio no país que se pretende atuar. “Por mais que você tenha o conhecimento sobre o negócio, somente o parceiro local poderá lhe dar a visão que necessita para unir a sua expertise e know how, com o conhecimento e cultura local”, ensina.
O empresário lembra que durante a trajetória não pode faltar resiliência. “É fundamental ir se reinventando a cada dificuldade, ouvindo a necessidade do cliente, e tendo a humildade de compreender que não sabemos nada, pois estamos sempre aperfeiçoando nossos processos, modelo de negócios, produto e serviços”, finaliza, citando a filosofia Kayzen, que prega a melhora de 1% a cada dia, pois a união de pequenos esforços contínuos produzem grandes resultados a longo prazo.
Depoimento
Viagem e negócios através dons sons
Cristiano Ferreira – C&O do Cristiano Ferreira Home Studio
Em 2017, atuando como músico em Salvador -BA, tive a oportunidade de viajar com uma banda que eu trabalhava para fazer duas apresentações na Europa, uma em Portugal e outra na Itália, e assim conheci Lisboa – Portugal.
Fiquei realmente encantado, então decidi voltar em 2018 para conhecer melhor a cidade e ver possibilidades de morar. Em 2019, eu já estava definitivamente saindo do Brasil para morar em Lisboa. E assim tudo começou. Ressaltando que, foi um projeto de um ano inteiro focado em morar fora para expandir os meus horizontes e criar novas possibilidades.
Na Bahia, trabalhei ao lado de grandes nomes da música, como: Banda Eva, Gilmelândia, Carla Visi, Daniela Tourinho, Edu Casanova, Mambolada e Cátia Guima. Além de acompanhar os artistas Moraes Moreira, Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e Margareth Menezes no Troféu Dodô e Osmar.
Como no Brasil a minha profissão além de músico, era técnico de áudio 一 trabalhei por mais de 10 anos no estúdio Som das Águas. Em Lisboa, comecei a trabalhar no estúdio Fat Lab Records entre 2019 a 2020 como técnico, a convite do Miguel Franco, um grande amigo português, no qual me deu muita força e abriu portas para grandes trabalhos. Mas como veio a pandemia, o estúdio teve que parar.
Como eu já estava montando o meu próprio estúdio musical em casa, fazendo trabalhos do Fat Lab e outros paralelos, decidi seguir meu próprio caminho individual, impulsionando as minhas atividades como empreendedor no ramo musical. Nesse novo cenário do meu empreendimento de produção musical, realizei trabalhos para artistas de várias partes do mundo, como: Mistah Isaac (Angola), Alfredo Costa (Portugal), Black Lavender (Filadélfia), Syniczim ( Zimbabwe), Diaza (Portugal), Giel (Florida), Martina Munira (Portugal), André Louro (Portugal), Tyler Faraday (Espanha).
Como a pandemia chegou para todos e, eu como músico não pude atuar em palcos por causa do confinamento, comecei a empreender, fazendo gravações, edições, mixagem e masterização online, a partir do meu Home Studio.
Tinha acabado de produzir um disco de um artista angolano de muito respaldo em Lisboa, chamado Mistah Isaac. Com um resultado de qualidade na finalização do trabalho dele, começaram a surgir muitos convites e propostas de produção de artistas portugueses e brasileiros que moram em Portugal. Dessa forma o meu trabalho que começou no Brasil vem dando certo e dando visibilidade no exterior.
Para quem deseja levar seu negócio, o primeiro passo é se programar, decidir qual o objetivo, fazer um bom planejamento e não ter medo de arriscar nas oportunidades.
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