Desinformação sobre Auxílio Brasil se espalha nas redes; entenda as principais mentiras – Brasil de Fato

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Política
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem sido alvo de uma série de mentiras sobre o que fará com as políticas de transferência de renda, como Auxílio Brasil e Bolsa Família, em um possível novo governo. As fake news contra o petista já foram levadas, por meio da Coligação Brasil da Esperança, a uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e têm sido detectadas por especialistas e organizações que acompanham o tema.
Diversos perfis que apoiam o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) publicaram nas redes sociais (Facebook, Kwai, Twitter e TikTok) que Lula, entre outras acusações, pode proibir a concessão do benefício a famílias, restringi-lo ou reduzir o valor médio mensal pago aos beneficiários. Agências de checagem já comprovaram que se trata de desinformação e grave descontextualizacão.
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O Brasil de Fato conversou com Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica, que acompanha os beneficiários das políticas de transferência de renda no país. A organização tem se deparado, segundo ela, com uma grande quantidade de informações falsas no atendimento a famílias.
"Encontramos fake news eleitorais em torno do Auxílio Brasil. É importante dizer que as fake news vão para grupos direcionados. Muitas vezes, as nossas bolhas nos protegem. As mentiras vão para grupos determinados. Elas têm essa característica. Por isso, portanto, para descobrir que está acontecendo, demora muito tempo. Um tempo que é difícil de reverter tamanha a exploração errada que se passa para as pessoas", declarou.
O acompanhamento do tema, de acordo com Paola Carvalho, ocorre porque a Rede Brasileira de Renda Básica avalia que "o governo [de Jair Bolsonaro] nunca teve grande boa vontade na execução das políticas públicas".
"Nosso papel era mais do que demandar, mas também de acompanhar, denunciar e, fundamentalmente, chegar perto das pessoas que recebem para que a gente pudesse traduzir a luta em torno da transferência de renda para ressignificar nossa luta cotidiana", explicou.
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"Nós identificamos, por exemplo, que as pessoas não tinham informação e, por esse motivo, não tinham acesso à política pública. Ao ter uma informação equivocada, fake news e mentiras, as famílias fazem um percurso triplicado para conseguir acessar um direito que deveria ser muito mais fácil", afirmou Paola Carvalho. A pedido da reportagem, ela rebateu as principais mentiras que circulam sobre o tema. Leia:
Com Lula, o Auxílio Brasil só vai atender famílias com crianças de 0 a 6 anos: FALSO
"Isso é falso. Essa informação foi distorcida a partir da propagando do Lula, que fala que, além do benefício de transferência de renda de R$ 600, famílias com crianças de 0 a 6 anos terão um benefício a mais de R$ 150. O governo não vai deixar de atender famílias, pelo contrário. O governo vai olhar para essas famílias com crianças de 0 a 6 anos para ter um benefício a mais, pois é necessário olhar com atenção para a pobreza e a fome que as crianças estão submetidas no Brasil de 2022."
Com o PT o Auxílio Brasil de R$600 vai acabar e vai voltar o Bolsa Família de R$190,00: FALSO
"Isso é falso. Já existe um compromisso do Lula de que o Bolsa Família ou Auxílio Brasil vai ser de R$ 600. É importante prestar atenção que o Bolsa Família tinha valor médio de R$ 190 porque esse valor significava uma coisa nas vidas das pessoas que, hoje, os R$ 600 não alcança. Em 2015, no último ano do governo Dilma, o litro do leite custa R$ 2,37 e, hoje, custa R$ 7. O botijão de gás custava R$ 33 e, hoje R$ 130, na média. O benefício está vinculado à necessidade da população. Comparar R$ 190 com R$ 600 é uma maldade. Todo mundo sabe que a gente entrava com R$ 190 no supermercado e fazia um rancho. Hoje, a gente não dá comida para as nossas famílias."
O PT do Lula votou contra o Auxílio Brasil de R$600,00: FALSO
"Isso é falso. Foi o próprio PT, em conjunto com outros partidos de oposição, que garantiu o auxílio emergencial de R$ 600 e os R$ 1.200 de auxílio para mães-solo, que foi vetado pelo governo federal. A forma com que o governo Bolsonaro apresentou isso no Congresso Nacional tirava o direito das pessoas que estão aguardando os famosos precatórios. Foi exatamente essa a discussão que a oposição fez com o governo: “Vamos garantir os R$ 600 porque as famílias precisam, a condição no Brasil, hoje, é de fome e de miséria, mas não vamos tirar o direito das pessoas idosas que aguardam o dinheiro dos precatórios há muitos anos”. O governo botou a mão no dinheiro de muitas pessoas que aguardavam para fazer o benefício que nós chamamos de eleitoreiro, porque ele só reconheceu a necessidade às vésperas da eleição. Foi sobre isso que o PT e a oposição foram contra e alertaram o conjunto da população. O governo não tirou essa verba do Orçamento Secreto, não tirou de quem ganha mais. O governo tirou dos pobres."
Lula disse que auxílio não será "para qualquer um" e que beneficiários terão que comprovar que filhos estão matriculados nas escolas e com vacinação em dia: ENGANOSO
"Isso nunca deixou de existir nas políticas de transferência de renda. O que ocorreu é que, durante a pandemia, quando as escolas e unidades de saúde estavam fechadas pela questão da covid, isso deixou de ser avaliado. Mas, foi apenas no período da pandemia. Agora, as políticas de educação e saúde, por exemplo, precisam priorizar as crianças do Auxílio Brasil. Tem uma diferença que não gostam de falar, mas que é importante. A condicionalidade, que são as condições para permanecer no programa (pelo menos, com frequência escolar e pesagem das crianças pequenas), não são castigo para as famílias. Qual a mãe e o pai que não quer ver os filhos estudando e aprendendo, com boa saúde e vacinação em dia? A condicionalidade é para que a política pública chegue mais perto dos mais pobres. Nós temos que garantir que as escolas e postos de saúde atendam todas as famílias. Isso é importante, pois, se a gente exige frequência escolar, o Estado é, automaticamente, obrigado a garantir acesso e permanência das crianças na escola. Isso é bom pra todo mundo."
Bolsonaro já garantiu os R$600 em 2023: FALSO
"Isso é falso. Infelizmente, no Orçamento de 2023, o Auxílio Brasil é de R$ 400, e não de R$ 600. Uma pegadinha comprova isso que estou falando: o crédito consignado, por exemplo, está avaliando os calores que as pessoas vão receber em cima de R$ 400. Muitas famílias me perguntaram: "Se o auxílio será de R$ 600, por que o consignado não é 40% de R$ 600, e sim de R$ 400". Vamos pensar nisso: é porque, no envio do Orçamento, ele garantiu o Auxílio Brasil de R$ 400, e não de R$ 600. É importante ficar ligado para não acreditar em tudo que dizem na propaganda de televisão."
Bolsonaro vai dar 13° para as mães solo. O PT nunca deu: FALSO
"Isso é falso. Nos tempos do Bolsa Família, a lei determinava que o benefício precisava ser reajustado. O acréscimo da inflação precisava ser reposto para as famílias. Anualmente, as famílias tinham um reajuste desse benefício. Quando Michel Temer assumiu e, depois, Jair Bolsonaro, nunca mais tivemos reajuste do Bolsa Família, nem do Auxílio Brasil. Até porque, se reajustassem pela inflação, o benefício seria de cerca de R$ 1.000. Ele nunca fez essa reposição. Falsamente, o governo cria o 13º benefício como se fosse uma grande coisa. No entanto, para as famílias, é menos do que o tempo que se fazia os reajustes anuais dos programas de transferência de renda. Mas isso não se manteve. No ano passado, não teve 13º, no retrasado não tivemos também. Neste ano, se fala que o governo Bolsonaro, ainda durante o 2º turno, anunciaria um 13º salário para mães-solo. Mas, até agora, não anunciou. Acho que fazem as medidas para ver o quanto vai impactar na eleição. Não queremos manobras eleitorais. Precisamos de políticas públicas que as pessoas possam contar, de fato."
A esquerda é contra o crédito consignado e, se o Lula ganhar, o valor não será depositado e o crédito, cancelado: FALSO
"Isso é falso. É uma grande manobra. Estão usando relatos e depoimentos de especialistas em políticas públicas que se posicionaram contrariamente à forma como o governo apresentou o crédito consignado, em março de 2022. O posicionamento era contrário à forma que o governo apresentou, que causaria o endividamento em massa da população mais pobre do Brasil sem dar nenhuma garantia. Tínhamos algumas preocupações. A primeira é que não havia teto de juros, então o banco ia poder cobrar o que bem entendesse dos beneficiários. E, em segundo lugar, que o governo sempre disse que se manteria distante da situação de endividamento. Ou seja: a família que é beneficiária faria o consignado, independentemente do valor dos juros, teria o desconto de 40% no benefício. Mas, se por acaso, no meio do caminho ela fosse cortada do Auxílio Brasil, ela ficaria sozinha com a dívida contraída com o banco. Isso significa que o Ministério da Cidadania lavaria as mãos. Por isso, nos posicionamos contra o formato que o governo designou para o crédito consignado. Mas sempre reconhecemos a necessidade da população. Ouvindo as pessoas, sabemos que o consignado ajuda a pagar o aluguel, a colocar luz elétrica em dia e, muitas vezes, colocar comida na mesa. No entanto, isso ajuda no mês. No mês seguinte, tudo volta ao normal. Além disso, há o desconto de 40% no benefício. Desde março, nós pressionamos o governo a não lavar as mãos e assumir a responsabilidade. Cobramos tanto que conseguimos baixar as taxas de juros, que ainda é muito alta. Nos manifestamos contra o endividamento dos mais pobres e utilizam isso para dizer que a esquerda é contrária ao crédito consignado."
Se Lula o ganhar, não haverá 13° do Auxílio Brasil: FALSO
"O 13º pagamento do Auxílio Brasil é uma invenção que, em alguns anos entrou, em outros não entrou. Nós, inclusive, não tivemos nos últimos dois anos. O que precisamos é de reajuste permanente no Auxílio Brasil que corrijam a inflação, como tínhamos no Bolsa Família por lei. O governo Bolsonaro tem usado o 13º do Auxílio Brasil como ferramenta de manipulação das pessoas que recebem o Auxílio brasil. Ele não garantiu nos últimos anos, quem disse que ele vai garantir esse ano? O que ele está fazendo é usar o período eleitoral para fazer mais uma promessa e tentar conquistar as pessoas com isso, em cima da necessidade das pessoas. Nem se ele ganhar, está garantido porque ele não anunciou, muito menos disse de onde sairia o recurso."
Edição: Thalita Pires
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