Destruição de Brasília – A morte da Direita – Tribuna da Imprensa

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Não tinha como esse artigo ser sobre outra coisa. Uma horda de bolsonaristas fanáticos (o que é quase um pleonasmo, dado o que esse grupo vem fazendo desde o fim das eleições) resolveu invadir vários prédios públicos em Brasília, incluindo Congresso e STF.
Até mesmo o patrimônio artístico e histórico brasileiro teve baixas no meio de toda essa barbárie, como é o caso do quadro “As Mulatas” de Di Cavalcanti.
Tentativa de tirar o Lula do poder, talvez? Não sabemos. É mais provável que tenha sido puro surto coletivo mesmo, embora isso não tire o caráter criminoso do ocorrido (que, inclusive, praticamente gabaritou o Código Penal de tantos tipos nos quais é possível enquadrar o episódio de domingo).
Algo é certo: os danos desse episódio serão de uma magnitude imensurável. Não apenas em termos físicos (e, diga-se de passagem, quem terá que pagar os consertos somos nós). Houve um golpe praticamente fatal na imagem da direita e da oposição como um todo. E a história nos ensina o porquê.
Voltemos um pouco no tempo. Lembram-se da última década? Especialmente de 2013 em diante? O sentimento antipetista aflorava-se em praticamente todas as camadas sociais ao passo que as investigações de corrupção avançavam e os dirigentes do PT eram investigados e presos.
A pauta do impeachment da presidente Dilma Rousseff ganhava cada vez mais força. No meio de tudo isso, a extrema-esquerda agia de forma bem similar ao que fazem os bolsonaristas hoje.
Mesmo seguindo todo o rito legal e constitucional, o processo de cassação foi denominado “golpe” e todos os seus apoiadores “golpistas”. Movimentos civis como MST e MTST promoveram protestos violentos, com direito a pichações e quebra-quebra. Enfim, era uma corrente política bem hostil.
O resultado de tudo isso foi óbvio. A oposição se fortaleceu diante de tantos ataques injustificados sofridos, Dilma teve o mandato cassado e, no fim, Bolsonaro foi eleito em 2018, surfando na onda antipetista. Já os setores da esquerda levaram fama de “violentos”.
Porém, quando o ex-presidente chegou ao poder, fez uma gestão para a qual “péssima” seria um elogio. Casos de corrupção, rachadinha, negligência na pandemia, declarações absurdas e indignas de um chefe de Estado e tudo mais que o valha foram marcas registradas de sua passagem pelo Planalto.
E a sua base de apoiadores se tornou ainda mais radical e fanática, até porque essa era a única maneira de defender tudo o que estava acontecendo. Radicalismo e fanatismo independem da razão, e é impossível defender o governo Bolsonaro de forma racional.
Eis a fórmula perfeita para o que se seguiu.

O PT e esses mesmos grupos apoiadores do partido protagonista do maior esquema de corrupção do Brasil ressurgiram das cinzas para se colocar como alternativa à gestão vigente. O debate político, agora, ficou mais polarizado do que nunca.
E o bolsonarismo sofria derrotas e mais derrotas, dentre as quais cabe citar a prisão do Roberto Jefferson e o caso da Carla Zambelli.

Nesse contexto, quanto mais derrotas sofriam, mais os apoiadores do então presidente se tornavam violentos e radicais tal qual o MST que eles tanto criticavam. Então, quando as urnas decretaram o fim do governo de Jair, seus seguidores perderam completamente a sanidade e o bom senso.
Bloquearam estradas, queimaram pneus, colocaram uma bomba perto do Aeroporto de Brasília, enfim, tocaram o terror pelo país.
O ato de domingo é análogo à gota d’água de um copo que já vinha ameaçando transbordar há tempos.

Acontece que não foi só uma gota. Foi uma enchente inteira. As sedes dos três poderes foram destruídas nos protestos, algo completamente intolerável e condenável. Agora, as esquerdas terão argumentos de sobra para remover a legitimidade de toda e qualquer oposição, associando-a à imagem desses vândalos que se diziam “cidadãos de bem”, ainda que haja setores da direita que repudiam e jamais tomariam parte numa manifestação de viés antidemocrático.
Lula, em termos políticos, está mais forte do que nunca. As imagens estampadas nas capas dos jornais e transmitidas na televisão ficarão para a história e serão veiculadas por um longo e bom tempo. Foi um verdadeiro suicídio político.
E que os responsáveis sejam presos. Principalmente os influenciadores, que colocaram esses ideais golpistas na cabeça de quem participou das destruições.
 
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