Enfrentamento da corrupção: o ocaso não é por acaso – folha.uol.com.br

0
44

Acesse seus artigos salvos em
Minha Folha, sua área personalizada
Acesse os artigos do assunto seguido na
Minha Folha, sua área personalizada

Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Gostaria de receber as principais notícias
do Brasil e do mundo?
Expressa as ideias do autor e defende sua interpretação dos fatos​
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
VÁRIOS AUTORES (nomes ao final do texto)
O Brasil nunca mais foi o mesmo depois de 2013. A tempestade institucional que se viu após aquelas jornadas de junho teve na bandeira do enfrentamento da corrupção o seu principal motor. A sociedade aplaudia investidas robespierrianas contra políticos e o sistema judicial chancelava incursões nos domínios da política, com atuação decisiva do Supremo Tribunal Federal até na suspensão da nomeação de ministro de Estado para a chefia da Casa Civil.
No vale-tudo da cruzada anticorrupção, o Ministério Público Federal, em iniciativa institucional pouco ortodoxa, chegou a propor ao Congresso dez medidas contra a corrupção —algumas de conteúdo hoje reconhecidamente tido como questionável—, na mesma crença de milhões de brasileiros de que contribuiriam para a construção de um Brasil mais justo e solidário.

Após a tempestade, no entanto, não veio a bonança. Nos escombros da terra arrasada que se tornou a disputa política no país, sobreveio, nos últimos quatro anos, um desmonte de órgãos de controle. Instituições como o MPF, a Controladoria-Geral da União e a Polícia Federal sofreram grandes impactos decorrentes de medidas que atacaram por dentro seu funcionamento. Paralelamente, medidas administrativas e legislativas concorreram para a opacidade governamental e para o desmonte de políticas públicas em variadas áreas, com efeitos devastadores no enfrentamento da corrupção. Em recente nota, a organização Transparência Internacional destacou o “desmanche, sem precedentes, dos arcabouços legais e institucionais anticorrupção que o país levou décadas para construir.”
Da tentativa de emparedamento da política, passou-se à normalização do sigilo de cem anos. A história demonstra, mais uma vez, que não existem governos livres de corrupção, mas governos que respeitam a institucionalidade e permitem o funcionamento do sistema de enfrentamento da corrupção. Parece ter faltado às instituições a maturidade necessária para frear a criminalização da política e zelar por uma persecução penal técnica e politicamente isenta.

É irônico constatar que muitos dos protagonistas do discurso anticorrupção apoiem, hoje, alguns dos responsáveis pela erosão dos mecanismos anticorrupção. Esse quadro, somado ao silêncio eloquente de parcela da sociedade brasileira, permite concluir que o “combate” à corrupção não era o fim, mas um meio, mero instrumento de intervenção antidemocrática no jogo político, o que, aliás, não é inédito na história brasileira.
As mobilizações de 2013 completam dez anos no próximo ano, e um dos muitos aprendizados não pode ser esquecido: quando o enfrentamento da corrupção se transforma em combate à política, debilita-se o organismo social, deixando-o vulnerável à infecção oportunista do radicalismo autoritário.
Para evitar que a história se repita como farsa, é preciso repensar a corrupção como fenômeno estrutural, cujo enfrentamento depende do fortalecimento da democracia, de abordagens institucionais desprovidas de moralismo populista e da compreensão da relação da corrupção com a profunda desigualdade que marca a sociedade brasileira.
Francisco de Paula Vitor Santos Pereira
Felipe Carvalho Pinto
Julio José Araujo Junior
Edmundo Antonio Dias Netto Junior

Procuradores da República

TENDÊNCIAS / DEBATES
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.

Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Assinantes podem liberar 5 acessos por dia para conteúdos da Folha
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Leia tudo sobre o tema e siga:
Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter acesso a reportagens e colunas, você conta com newsletters exclusivas (conheça aqui). Também pode baixar nosso aplicativo gratuito na Apple Store ou na Google Play para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!
Mais de 180 reportagens e análises publicadas a cada dia. Um time com mais de 200 colunistas e blogueiros. Um jornalismo profissional que fiscaliza o poder público, veicula notícias proveitosas e inspiradoras, faz contraponto à intolerância das redes sociais e traça uma linha clara entre verdade e mentira. Quanto custa ajudar a produzir esse conteúdo?
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
Carregando…
Carregando…
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Mobilizações de militantes em estradas começam a diminuir, mas interdições ainda atingem 17 estados
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Mensagens em aplicativos se intensificaram desde derrota de Jair Bolsonaro (PL)
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Crescimento do PT no Sudeste é principal responsável pela menor disparidade no resultado do 2º turno

O jornal Folha de S.Paulo é publicado pela Empresa Folha da Manhã S.A.
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
Cadastro realizado com sucesso!
Por favor, tente mais tarde!

source

Leave a reply