Escândalo expõe corrupção e influência de países autoritários na UE – Gazeta do Povo

0
38

Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
O Sua Leitura indica o quanto você está informado sobre um determinado assunto de acordo com a profundidade e contextualização dos conteúdos que você lê. Nosso time de editores credita 20, 40, 60, 80 ou 100 pontos a cada conteúdo – aqueles que mais ajudam na compreensão do momento do país recebem mais pontos. Ao longo do tempo, essa pontuação vai sendo reduzida, já que conteúdos mais novos tendem a ser também mais relevantes na compreensão do noticiário. Assim, a sua pontuação nesse sistema é dinâmica: aumenta quando você lê e diminui quando você deixa de se informar. Neste momento a pontuação está sendo feita somente em conteúdos relacionados ao governo federal.
Na semana retrasada, o Parlamento Europeu se tornou o epicentro de um escândalo digno de uma república bananeira, com acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e crime organizado.
As primeiras investigações apontam supostos pagamentos do Marrocos e do Catar em troca de influência nas posições e decisões do Legislativo da União Europeia, e 1,5 milhão de euros em espécie foram apreendidos durante buscas na Bélgica, Itália e Grécia.
Entre os presos, o nome de maior destaque foi o da grega Eva Kaili, então vice-presidente do Parlamento Europeu, afastada do cargo após o escândalo. Embora o Catar negue pagamento de propinas para parlamentares da UE, Kaili havia defendido em novembro a realização da Copa do Mundo no país árabe, condenada internacionalmente devido às mortes de operários estrangeiros nas obras e pelo histórico do governo local contra os direitos humanos.
A parlamentar grega alegou na ocasião que o Catar estava “introduzindo” direitos trabalhistas e uma política de salário mínimo “apesar dos desafios”.
“Eles se comprometeram com uma visão por escolha própria, eles se abriram para o mundo. Ainda assim, alguns aqui [no Ocidente] estão chamando a atenção para discriminá-los. Eles [acusadores] os intimidam e acusam todos, que falam ou se envolvem [com os cataris], de corrupção”, disparou.
O escândalo envolvendo o Catar mina a credibilidade do Parlamento e da própria União Europeia ao indicar dois problemas: a corrupção no bloco, da qual o esquema revelado este mês pode ser apenas a ponta do iceberg, e como suas instituições estão permeáveis à influência de regimes autocráticos.
Nicholas Aiossa, vice-diretor da Transparência Internacional União Europeia, afirmou em entrevista à CNN que o “Parlamento [Europeu] tolerou uma cultura de impunidade por anos”.
“Praticamente não há supervisão ou repercussões sobre a forma como os eurodeputados gastam seus subsídios e vimos esses fundos serem mal utilizados muitas vezes”, argumentou, citando que a própria natureza do funcionamento do Parlamento facilita a corrupção institucional.
“O Parlamento coletivamente tem muito poder sobre a direção de políticas que fornecem acesso a um mercado enorme, de mais de 400 milhões de cidadãos. Os próprios eurodeputados, no entanto, muitas vezes têm um perfil muito discreto fora da bolha de Bruxelas, o que provavelmente ajuda a evitar o escrutínio”, explicou Aiossa.
Na semana passada, a presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, disse que está coordenando “pessoalmente” um amplo pacote de reformas contra a corrupção no Legislativo, que deve ficar pronto e ser implantado em 2023.
“É assim que reagimos para recuperar a confiança [no Parlamento]. A confiança, como sabemos, leva anos para ser construída e minutos para ser destruída”, afirmou Metsola.
A presidente do Parlamento Europeu não deu maiores detalhes sobre quais seriam essas medidas, mas o consenso é que a fragilidade da UE diante de regimes autocráticos não está nítida apenas no Legislativo.
Em artigo recente publicado pelo site do think tank Carnegie Europe, a pesquisadora Allison Carragher citou o exemplo do megaprojeto da ponte Pelješac, um dos maiores projetos de infraestrutura recentes no continente. A obra, que custou 536 milhões de euros (a maioria financiada pela UE), foi realizada pela construtora chinesa CRBC e inaugurada em julho na Croácia.
Carragher mencionou que uma empresa austríaca preterida na escolha de quem construiria a ponte relatou que a CRBC ofereceu um preço 26 vezes menor para a remoção e disposição da terra dos pontos onde seriam afixadas as estacas de aço – uma quantia que a companhia da Áustria alegou “que não seria suficiente nem para pagar o custo do combustível para transportar os rejeitos para o aterro sanitário”.
“O setor privado da UE afirma que, como empresa estatal operando em um mercado enorme e altamente protegido, a CRBC se beneficia de subsídios diretos e indiretos não disponíveis para empresas europeias”, destacou a analista.
“A população croata comprou amplamente a imagem preferida que a China tem de si mesma como uma parceira econômica confiável e uma potência benigna, que não interfere em assuntos internos. Esta opinião diverge da política oficial da UE e encobre as evidências das práticas econômicas injustas da China, suas deficiências ambientais e trabalhistas e sua interferência nas democracias europeias”, alertou Carragher.
Máximo de 700 caracteres [0]
Ao se cadastrar em nossas newsletters, você concorda com os nossos Termos de Uso e Política de Privacidade, incluindo o recebimento de conteúdos e promoções da Gazeta do Povo. O descadastramento pode ser feito a qualquer momento neste link.
WhatsApp: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.
Apenas assinantes podem salvar para ler depois
Saiba mais em Minha Gazeta
Você salvou o conteúdo para ler depois
As notícias salvas ficam em Minha Gazeta na seção Conteúdos salvos. Leia quando quiser.
Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Carregando notificações
Aguarde…
Os recursos em Minha Gazeta são exclusivos para assinantes
Saiba mais sobre Minha Gazeta »

source

Leave a reply