Escolha de Valdemar (PL): Bolsonaro chefe da direita (por Vitor Hugo) – Metrópoles

Blog com notícias, comentários, charges e enquetes sobre o que acontece na política brasileira. Por Ricardo Noblat e equipe
19/11/2022 12:00, atualizado 19/11/2022 1:33
Em “Memórias do Cárcere”, de Graciliano Ramos, obra prima da literatura memorialista, uma das passagens mais realistas e comoventes é a que o autor, depois de comer (ou deixar de fazê-lo) o pão que o diabo amassou, no presídio da Ilha Grande, no Rio de Janeiro da era Vargas, conversa com um companheiro de cela, após ser transferido, em estado desesperador de saúde, para a Casa de Detenção. Preso político, o escritor – trazido em porão de navio, desde Maceió, e largado pela polícia e justiça do regime, para conviver com a escória dos piores criminosos comuns, – retorna aos poucos “da porteira da morte” e conversa sobre política e poder, com o parceiro de desgraça, que critica o regime e chama seus dirigentes, de “direitistas casca grossa, maus gestores, burocratas e burros”. O “velho Graça” escuta atento, sempre, mas, econômico e cuidadoso com as palavras, quase não dialoga. No final opina: “Casca grossa, maus administradores, burocratas, pode ser. Burros não. Se a direita fosse burra não estaria há tanto temp o no poder no Brasil”, contesta o genial escritor encarcerado.
Agora um recorte no espaço e no tempo, para inevitável comparação com os dias temerários que atravessamos. A exemplo do espetáculo protagonizado por “um saco de gatos”, com saudosos da ditadura, em preces aos céus e apelos patéticos às forças armadas, por golpe e anulação das eleições realizadas no país. Rezas pela continuidade do governo bolsonarista, nas proximidade do QG do Exército, em Brasília, em meio ao temporal que desabou no Planalto Central, dia 15, feriado da Proclamação da República. Chuvas que serviram para justificar o rotundo fracasso do ato de protesto contra o resultado eleitoral de 2 de novembro. um exemplo para o mundo, que os seguidores do mudo ocupante do Alvorada se recusam a ac atar. Mesmo com o processo de transição de governo em andamento e o presidente, declarado eleito pela justiça eleitoral, Luiz Inácio Lula da Silva já participando de eventos internacionais e conversando com destacados chefes de estado no contexto mundial.
Mas surgem, aqui e ali, sinais de que podem estar enganados, os que apostam na entrega dos pontos, pelos perdedores. Enquanto o presidente segue recolhido no Alvorada em seu “retiro espiritual” (conforme o vice, Hamilton Mourão) a direita no poder se movimenta em lances estratégicos. O presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, um dos notórios pilares do Centrão, evidenciou esta semana a vontade de continuar apostando no ambiente de confronto, alimentando ódios e provocações, que deveriam ter amainado com o veredicto das urnas no segundo turno. Ele adiantou até sua escolha pessoal: Bolsonaro siga em Brasília, mesmo sem mandato, para comandar, ao seu estilo, as forças descontentes e mais extremadas da direita no Congresso e espalhadas pelo país, promovendo arruaças. Tudo por conta do PL – mansão para morar, assessores, equipamentos e equipes especializadas para o manejo, produção e distribuição de memes e fake news, em bem montado escritório com advogado de plantão 24 horas. Precisa desenhar?
Ou é hora de ler, ou reler, “Memórias do Cárcere”, do notável Graciliano Ramos, ao menos na parte das reflexões sobre a direita e o poder?. Responda quem souber.
 
Vitor Hugo Soares é jornalista, editor do site blog Bahia em Pauta. E-mail: vitors.h@uol.com.br
 
 
“Aprendi com minha mãe: só gastar o que tem ou ganha. Mas se a gente tiver que fazer uma dívida para construir um ativo novo, que faça com responsabilidade. Vou voltar a ser responsável do ponto de vista fiscal sem precisar atender tudo que o sistema financeiro quer”. (Lula)
“Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista.”
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Surgem, aqui e ali, sinais de que podem estar enganados, os que apostam na entrega dos pontos, pelos perdedores
Perdeu-se a perspectiva de que sair da pobreza é menos aumentar um pouco a renda do que dispor de acesso aos bens e serviços essenciais
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