Esportes padrão FIFA? – Revista Fórum

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Publiquei neste blog, há alguns dias, uma seleção de três causos de juízes de futebol que poderiam ser indicados para a Copa do Qatar. Continuei pensando no assunto e me lembrei de dois técnicos de futebol que também poderiam ir pra lá, treinar times qataris. E fui além: já que estamos falando de esportes, quando trabalhava no Sesc de São Paulo, passei dois anos no interior, treinando grupos de jovens para trabalhos sociais e atividades de lazer, cultura, esportes… E uma das atividades constantes nas cidades em que atuávamos eram “Olimpíadas” municipais, bem diferentes das Olimpíadas que acontecem de quatro em quatro anos, inspiradas nos jogos olímpicos da Grécia Antiga. A qualidade das equipes, claro, nem estava em questão nessas diferenças. É que tínhamos modalidades como dominó, damas, xadrez, pingue-pongue (não tênis de mesa) e às vezes truco, além de esportes de quadra e de algumas provas de atletismo, principalmente corridas de cem metros rasos ou pouco mais. 
Sempre aconteciam coisas divertidas nessas “Olimpíadas”.
Bom, minhas indicações para técnicos de times qataris seguem abaixo.
Numa cidade do sul de Minas, o técnico orientava o time no vestiário, antes de entrar em campo, e o técnico filosofou. Disse que tinham que marcar um gol logo no início e afirmou: “Se a gente marcar logo de cara, fizer um a zero, e não deixar o time deles marcar nenhum gol, nós ganhamos”. 
Já numa cidade do interior paulista, o técnico ensinava aos seus craques como marcar gol contra um goleiro muito bom: “Se ficar cara a cara com o goleiro, chuta para bater no travessão e voltar aos seus pés. Quando uma bola bate no travessão e volta, o goleiro fica perdido, aí não pega o seu chute”.
Um dos lugares que mais gostei de trabalhar foi Porto Feliz, cidade que hoje é cheia de condomínios luxuosos, mas na época era uma cidade pequena. O grupo de jovens de lá era muito bom, muito atuante. 
Depois de muitas atividades, o grupo decidiu fazer foi uma “Olimpíada” municipal dessas que a gente tinha prática. 
Uma preocupação do grupo era evitar que certos grupos brigões entrassem nas competições com intenção prévia de arrumar encrenca. Como esses grupos só jogavam futebol de salão, pusemos no regulamento que cada equipe teria que ter praticantes inscritos em todas as modalidades. 
O resultado é que mesmo as equipes de jovens não tinham gente para todas as modalidades, e foi preciso treinar algumas equipes na última hora. Uma delas foi a da Polícia Militar, que nas modalidades femininas inscreveu mulheres dos policiais, filhas e amigas. Mas mesmo para modalidades masculinas havia problemas: nessa equipe da PM, por exemplo, ninguém jamais havia jogado vôlei. Mas se inscreveram. E lá foi a moça que liderava o grupo achar uns professores de educação física pra tentar ensinar pelo menos as regras de alguns esportes para equipes formadas uma semana antes da abertura dos jogos.
No sorteio, uma coisa esperável: o primeiro jogo seria de vôlei masculino, entre a equipe da PM e uma de jovens já experientes na modalidade. A segunda partida da noite seria de basquete feminino, entre duas equipes que com muito agrado poderiam ser classificadas como “iniciantes”.
Primeiro saque do jogo de vôlei, logicamente ganho pelos adversários da PM, dois PMs correram de lados opostos em direção a bola, deram uma baita cabeçada no meio da quadra e caíram meio desmaiados. Demorou um tempão pra se recuperarem.
Em seguida, o jogo de basquete, que deveria entrar para o Livro dos Recordes. Resultado final: 2×1. Alguém já soube de uma partida de basquete que terminou com esse placar?
Apesar de tudo, a “Olimpíada” foi um sucesso, pois não havia muito o que fazer à noite na cidade, e todos iam ver os jogos, que afinal eram divertidos. Sempre aconteciam coisas esquisitas e a torcida era animada. A grande festa era nos jogos de futebol de salão, com a torcida gritando para o jogador Cuca: “Tira o Cuca… deixa o Cuca… tira o Cuca… DEI-XA-O-CU-CAÍ…”
*Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Fórum
 

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