Eu amo um rei – Grande Prêmio

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Eu amo um Rei. Mas como é possível amar um rei se sou averso à monarquia? Como é possível amar um rei vivendo em um país democrático como o Brasil? No dicionário, a definição de rei é de “chefe de Estado investido de realeza, príncipe soberano de um reino, monarca e soberano”. Tirando a parte do chefe de Estado, poucos apelidos se encaixaram tão bem como para Edson Arantes do Nascimento, o Rei Pelé.
Um Rei brasileiro, e de trajetória parecida com muitos brasileiros. Veio da modesta Três Corações, no interior de Minas Gerais. Negro, filho de dois trabalhadores, encontrou o Santos Futebol Clube como um casamento perfeito para exercer a sua soberania. Alguém que também nasceu sem muitos holofotes, sem a mesma repercussão de quem está na capital, mas que tem algo diferente o suficiente para estar acima dos gigantes.
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O que é algo diferente? Meio difícil de se explicar. Talvez a magia. O feitiço em ser simples, criativo, de basicamente sair do nada para brigar com os gigantes. De finalmente dar um título mundial ao país que saiu traumatizado do Maracanã oito anos antes. De levar aquele clube do litoral paulista ao topo do mundo, derrotando gigantes europeus e colocando mais de 100 mil pessoas no mesmo Maracanã.
O Brasil não é uma potência nuclear, muito menos bélica. Que bom! Que orgulho de ser conhecido no mundo por ser uma potência futebolística. Em vez de empilhar corpos, o Brasil empilha conquistas, arrasta multidões, e Pelé foi o principal protagonista disso por muito tempo.
Se o futebol é motivo de paixão nacional e não é um trauma eterno por causa de 1950, é porque o Rei esteve lá para resgatar isso e liderar as conquistas da seleção, que viraram parte da nossa cultura, que geraram Zicos, Romários, Ronaldos e Neymares por aí.
Se hoje olhamos tristes para a camisa amarela, é porque em algum momento foi um sinal de admiração, de imponência. E foi muito por causa de Pelé. Se o conjunto todo branco é sinal de paz para o resto do mundo, para nós, é de um time que parou a guerra e chegou ao topo do mundo com o que de mais brasileiro tem.
Futebolisticamente, Pelé revolucionou o jogo, desde o franzino garoto que destruiu uma final de Copa do Mundo aos 17 anos, na Suécia, até o colosso físico que comandou o esquadrão tricampeão no México. Sua realeza soberana em campos virou um ícone cultural. Todos paravam pra ver o Rei, que não era inglês, americano, francês ou italiano: o mundo parava para admirar um brasileiro.
Derrotar o Santos ou a Seleção Brasileira era motivo de orgulho. O Olympiacos, da Grécia, colocou no próprio hino a façanha de bater o Santos de Pelé. O Colón, da Argentina, batizou seu próprio estádio de ‘Cemitério dos Elefantes’ por derrubar o gigante brasileiro. Mais do que as vitórias, o soberano se destaca também quando sua derrota é uma grande notícia. Toda derrota de Pelé é lembrada com carinho por aquele que o derrotou, que também ganha o gostinho de entrar para a história de alguma forma.
A frase “não chore porque acabou, sorria porque aconteceu” é um clássico da internet, e talvez se encaixe justamente neste contexto. Não chore porque o Rei Pelé se foi, sorria por ter sido contemporâneo dele, por tudo que ele fez, nos ensinou e nos inspirou. Pelo nosso orgulho em amar este jogo, e pelo nosso orgulho em também ser brasileiro.

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