Ex-presidente do sindicato da Polícia Federal do DF participou da quebradeira no STF. Veja – Congresso em Foco

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Honorato comemora invasão e depredação do STF: “O povo quebrou tudo”. Foto: Reprodução
Atos golpistas

12.01.2023 18:40 0

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Pelo menos quatro agentes da Polícia Federal participaram dos atos golpistas no domingo (8) e estão sendo investigados por isso. Dois vídeos obtidos pelo Congresso em Foco mostram o policial federal Fernando Honorato dentro do Supremo Tribunal Federal (STF) no momento em que o prédio era depredado pelos golpistas. “O povo quebrou tudo”, grita Honorato nos vídeos.
Veja abaixo:

Honorato não é um policial qualquer. Ele é uma liderança dentro da Polícia Federal. Foi presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal (Sindipol-DF) de 1995 a 2004. E chegou a ser investigado em 2005 por má gestão no sindicato. Em 2005, o sindicato contratou uma auditoria contábil para analisar as contas da gestão dele. “Ou moralizávamos ou fechávamos as portas”, diz uma nota do sindicato, divulgada em 27 de agosto de 2005.
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Agora, nos vídeos, Fernando Honorato comemora as ações do “povo” no STF. No primeiro vídeo, ele está em frente ao STF, e registra o momento em que as pessoas sobem para o prédio para invadi-lo. O vídeo mostra que as pessoas pegaram as grades de proteção para usar como escadas para subir. “Tudo quebrado!”, comemora Honorato. “O povo está acusando os membros desse Supremo de corrupção. De canalhice e de safadeza”. E segue comemorando: “Olhem o que o povo fez”.
No segundo vídeo, Fernando Honorato está dentro do plenário do STF totalmente destroçado. Ou, como ele diz, “reduzido a lixo pelo povo”. O policial mostra então o cenário de destruição. O brazão dourado da República, que depois acabou sendo retirado, ainda está na parede atrás de onde fica a cadeira da presidente do STF, Rosa Weber, assim como o crucifixo de madeira.
O Congresso em Foco não conseguiu localizar a defesa do policial. O espaço está aberto caso ele queira se manifestar sobre o assunto.
O policial apagou os vídeos. Mas eles foram preservados na investigação. Além de Honorato, há pelo menos outros três policiais federais que estão sendo investigados.
“A Polícia Federal está completamente contaminada. Para a investigação, está sendo necessário tomar todos os cuidados na escolha de quem irá trabalhar por causa dessa infestação”, disse ao Congresso em Foco uma fonte da PF. O ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF Anderson Torres, cuja prisão foi pedida pelo ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, é delegado da Polícia Federal. Segundo os indícios, Anderson Torres teria atuado para facilitar a invasão dos três principais prédios da República brasileira. Na casa de Anderson Torres, foi encontrada uma minuta de decreto de Bolsonaro para alterar o resultado da eleição.
Das 1.700 pessoas que foram presas inicialmente, há ainda entre 800 a 900 pessoas que continuam presas. Por ordem do ministro do STF, Alexandre de Moraes, foram liberadas aquelas que tinham mais de 60 anos e que tinham comorbidades e precisavam de medicação constante (como hipertensos e diabéticos).
Os depoimentos colhidos já permitem uma série de conclusões. A primeira delas é que claramente tudo foi, desde o início, arquitetado para que os prédios fossem invadidos. Claramente não se tratou de algo espontâneo ocorrido no calor da manifestação. O plano era esse desde o início.
Os depoimentos também permitem chegar aos financiadores, cujos nomes estão sendo investigados. Como a investigação ainda está em andamento, a fonte do Congresso em Foco preservou os nomes. Segundo a fonte, porém, há entre os financiadores políticos, empresários (especialmente ligados ao agronegócio) e pastores evangélicos. A leitura dos depoimentos permite concluir que cerca de 80% das pessoas que participaram dos atos golpistas tiveram o seu deslocamento inteiramente pago pelos financiadores.
Um outro padrão que chamou a atenção é que,ao longo do domingo e da segunda-feira, foram chegando até o ginásio da Academia Nacional de Polícia, onde os presos foram colocados, advogados mais experientes, vindos de São Paulo, do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Antes desses advogados chegarem, foi possível tirar mais informações. Depois, eles começaram a ser orientados a permanecer em silêncio.
Em poucos depoimentos, os presos admitiam ter depredado os prédios. Mas vários admitiram que viajaram de graça, deram informações sobre os financiadores e ter participado das invasões dos prédios. Foi feito um formulário padrão para cada um dos presos responder. Aqueles que, a partir daí, davam mais informações, eram levados para dar um outro depoimento mais detalhado.
“Não pagou. Não sabe de quem era o ônibus”, diz um dos depoimentos visto pelo Congresso em Foco. Sobre os autores da depredação, diz outro depoimento: “Estavam usando máscara. Voou bomba de tudo quanto é lado”. Há depoimentos em que os presos admitem ter obtido ajuda para entrar no Palácio do Planalto. De pessoas fardadas. Investiga-se se eram do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) ou da Polícia Militar.
Ao contrário do que se tentou dizer, a grande maioria dos presos tinha menos de 40 anos. Somente 4% deles eram idosos. Entre os ditos “patriotas”, havia gente com ficha criminal por tráfico de drogas e por agressões pela Lei Maria da Penha.
Uma arma – um revólver 380 Magnun – roubada de uma sala do GSI foi recuperada. Também foram recuperados cadernos com capa de couro utilizados pelos ministros nas sessões do STF. E um notebook com placa de patrimônio também do Supremo.
O exemplar da Constituição brasileira com as assinaturas dos constituintes (na verdade, uma réplica) também foi encontrado. Ele foi levado por Marcelo Fernandes, um mineiro da cidade de São Lourenço. Embora ele alegue que pegou o livro para tentar preservá-lo no meio da quebradeira, a Polícia Federal tem indícios de que foi ele mesmo quem quebrou o vidro do móvel no qual o livro era exposto.
Neste momento, está havendo uma negociação para que Marcelo Fernandes devolva o livro. Em São Lourenço, não há delegacia da Polícia Federal. Então, a negociação é para que ele leve o livro até a cidade de Varginha, onde há uma delegacia.

Autoria
Rudolfo Lago Diretor do Congresso em Foco Análise. Formado pela UnB, passou pelas principais redações do país. Responsável por furos como o dos anões do orçamento e o que levou à cassação de Luiz Estevão. Ganhador do Prêmio Esso.
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