Famílias revivem fortes chuvas um ano após enxurradas na Bahia – UOL

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Era madrugada de 8 de dezembro de 2021 quando as águas do rio Jucuruçu subiram de forma rápida, inundando as ruas da cidade de mesmo nome do extremo-sul da Bahia.
Na casa da servidora pública Simone Porto, 36, o nível da água chegou a mais de dois metros. Ela, o marido e o filho, então com 9 anos, fugiram para o andar de cima do imóvel, que estava desocupado.
“À medida que acompanhávamos o rio subir, primeiro, levamos nosso carro para a parte mais alta”, lembrou. “Depois de uma chuva de dez minutos, a água veio com tudo. Só deu tempo de subir uma cama, uma tevê e um forno elétrico”, recordou Simone.
Diferentemente dos conterrâneos que tiveram as casas destruídas, a servidora não precisou de recursos públicos para se reerguer. Mas para evitar transtornos a família passou a viver em definitivo no andar superior do imóvel.
Um ano após os temporais que deixaram um rastro de destruição na Bahia em dezembro de 2021, com um saldo de 27 mortos, famílias tentam refazer a vida, enquanto prefeituras aguardam verbas para reconstruir cidades e continuam a pagar auxílio-aluguel.
No dezembro mais chuvoso no estado desde 1989, os temporais que atingiram mais de um milhão de pessoas em 222 dos 417 municípios, segundo dados da Defesa Civil da Bahia.
As chuvas causaram cheias em rios, deslizamentos de terra, destruição de casas, bloqueios em rodovias, rompimentos de pontes e transbordamentos de barragens. Castigaram mais força cidades como Itabuna, Itamaraju e Jucuruçu.
Em dezembro deste ano, a Bahia registrou novas ocorrências provocadas pelas chuvas em 106 cidades. Neste fim de semana, voltou a chover forte em diversos municípios, como Jequié, no sudoeste, que ficou alagado após um rio transbordar.
“Mas, felizmente, sem o mesmo impacto do ano passado, até agora. A água que desceu pela rua foi da própria enxurrada”, disse a servidora pública Simone Porto, de Jucuruçu. “O rio chegou a subir, mas sem o mesmo volume para invadir a cidade, por enquanto.”
Apesar dos estragos provocados no fim do ano passado, gestores públicos de três municípios dos mais atingidos –Itabuna, Jucuruçu e Jequié– afirmam ainda não terem recebido verba federal para obras de reconstrução das cidades.
De acordo com Ministério do Desenvolvimento Regional, a União disponibilizou R$ 1 bilhão para os municípios brasileiros afetados pelas chuvas em 2021, mas “a liberação de recursos é autorizada após reconhecimento federal, mediante solicitação do ente atingido”.
Os municípios devem apresentar um plano de trabalho sujeito à aprovação para receber a verba. A pasta diz ainda estarem disponíveis R$ 196,6 milhões para ações de socorro, assistência e restabelecimento, mais R$ 113,6 milhões para obras de reconstrução.
Em Itabuna, onde duas pessoas morreram em 2021, a secretária de Planejamento Sônia Fontes conseguiu aprovar R$ 83 milhões em recursos federais para a construção de 696 casas. Mas diz que o projeto está em licitação e o dinheiro deve chegar apenas no próximo ano.
Itabuna tinha 1.100 pessoas desalojadas. Desse total, 803 precisam ser realocados para saírem de áreas de risco e 82 ainda recebem aluguel social pago pela prefeitura no valor de R$ 484.
Entre elas está o aposentado Manoel Souza, 93. No ano passado, ele esteve entre as famílias que passaram noites em baias para animais no Parque de Exposições da cidade.
No início deste mês, conta o filho, ele repetiu a situação de 2021, durante as chuvas que elevaram o rio Cachoeira novamente.
Manoel morava em uma área ribeirinha na rua de Palha, quando teve o barraco de madeira arrastado pela força das águas.
“Com o auxílio [municipal], ele alugou um imóvel. Disseram que ia dar umas casas, mas até hoje não saiu”, disse o autônomo Adalto Souza, 28, filho de Manoel.

Meses após a inundação, prossegue Adalto, o pai foi contemplado com um cartão com crédito para reposição de eletrodomésticos perdidos com a enxurrada. “Deu para comprar umas besteirinhas, geladeira, fogão, mas quase perde de novo com essa nova chuva”, disse.
Em Jucuruçu, município que registrou três mortes após a cheia do rio que dá nome à cidade, 1.907 pessoas foram afetadas pelas chuvas, 307 ficaram desabrigadas, 155 casas foram destruídas, informou a secretária de assistência social Thaís Silva.
Ela afirma que governo federal aprovou projeto para a construção de 56 casas, mas as obras só começam no próximo ano: “Nossa dificuldade é encontrar um local seguro, já que a cidade toda foi construída próxima ao rio”.
O município recebeu cerca de R$ 48 mil do governo estadual para uso emergencial. Verba usada para locação de abrigos e pagamento de auxílio-aluguel –84 pessoas que ainda recebem o benefício.

Na avaliação do professor Alberto Novaes, do Departamento de Física da Terra e Meio Ambiente da Universidade Federal da Bahia, a incidência das chuvas de dezembro na Bahia, além de estados do Sudeste, está relacionada à formação de um corredor de umidade vindo da Amazônia.
“É um fenômeno considerado dentro da faixa de normalidade, apesar do grande volume de precipitação, mas que tem sido potencializado pelas mudanças climáticas, a exemplo do fenômeno La Niña”, explica.
A meteorologista Maryfrance Diniz, do Inema, órgão ambiental do governo Bahia, diz que o La Niña é um fenômeno, de certa maneira, bom para o Nordeste por favorecer chuvas nas cabeceiras do rios, sobretudo no oeste da Bahia. O problema, diz, são os impactos causados nas cidades que cresceram de forma desordenada nas áreas de vazão dos rios.
Presidente da UPB (União dos Municípios da Bahia), o prefeito de Jequié, Zé Cocá (PP), diz que os colegas têm reclamado de que os municípios afetados pelos temporais estão em dificuldades. Em Jequié, 190 casas foram destruídas pelas fortes chuvas em 2021, além de estradas na zona rural.
“O município não recebeu verba para recuperação de estradas e para construção de casas, tanto por parte do governo federal quanto por parte do estado”, disse.

Em nota, o governo da Bahia diz ter distribuído emergencialmente colchões, cobertores, além de lençóis, cestas básicas, refrigeradores, fogões e botijões de gás a partir de dezembro de 2021.
Também informou que não recebeu recursos federais para investir em reparos na infraestrutura das cidades. Mas diz, com recursos próprios, investiu R$ 150 milhões na aquisição e doação de equipamentos e em obras emergenciais para mitigar os efeitos das chuvas.
O boletim mais recente da Defesa Civil, divulgado nesta segunda-feira (26) com base em informações das prefeituras, aponta que 2.212 pessoas estão desabrigadas e 24.758 desalojadas em razão das chuvas deste mês. No total, 205.071 pessoas foram atingidas pelas enchentes em 106 municípios do estado.
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