Fernanda Magnotta – Por um projeto de Brasil que não trate política como entretenimento – UOL Confere

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Fernanda Magnotta é doutora e mestre pelo PPGRI San Tiago Dantas (UNESP/UNICAMP/PUC-SP). Especialista em política dos Estados Unidos, atualmente é senior fellow do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI) no núcleo ?Américas – EUA?, professora e coordenadora do curso de Relações Internacionais da FAAP e atua como consultora da Comissão de Relações Internacionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/SP). É autora do livro “As ideias importam: o excepcionalismo norte-americano no alvorecer da superpotência” (2016) e diversos outros capítulos de livros e artigos científicos. É co-criadora do ?Em Dupla, Com Consulta?, um dos maiores canais dedicados ao ensino descomplicado de Relações Internacionais no Youtube Brasil. Já foi chefe de delegação do Brasil na Cúpula de Juventude do G-20, na China, acompanhou as eleições presidenciais dos Estados Unidos, em Ohio, a convite da Embaixada norte-americana em Brasília, e foi selecionada pelo Programa W30 da UCLA/Banco Santander como uma das 30 mulheres mais destacadas em gestão acadêmica no mundo. Contribui frequentemente com veículos da imprensa nacional e internacional analisando os Estados Unidos.
Colunista do UOL
30/09/2022 09h50
Chegamos às vésperas da eleição presidencial no Brasil, todos de ressaca, exaustos pela exposição à tanta baixaria. Fomos capturados para dentro de campanhas que, nos tempos das redes sociais, privilegiam recortes maliciosos e conteúdos que dinamizam suas próprias bolhas, mas que dedicam pouco espaço a discutir um projeto de Brasil para o futuro.
A culpa disso é de todos aqueles que estimulam os próprios líderes a se comportarem como apresentadores de programa de auditório. Presidente não é feito para “mitar”; é feito para conceber, negociar e implementar políticas públicas que beneficiem o interesse coletivo.

Temos muito chão pela frente e os desafios não param de se multiplicar no horizonte. É urgente abrir canais para uma reconciliação entre os diversos “Brasis”, tanto quanto é urgente criar condições para resgatar a nossa reputação e credibilidade no campo internacional.
Um projeto de país exige diálogo, temperança, trabalho diuturno e a percepção de que o conhecimento é o ativo mais valioso de uma sociedade. Para o Brasil do futuro, precisamos nos deitar sobre o divã e discutir questões menos emocionantes, mas realmente substantivas e complexas. Deixo aqui a minha sugestão de pauta:
1) Como criar meios para blindar e fortalecer a nossa democracia, as nossas instituições e os valores liberais, combatendo a desinformação, o negacionismo, o populismo e o obscurantismo;
2) Como promover, de forma consistente, reformas econômicas que promovam a melhoria da qualidade de vida das pessoas, o combate à pobreza e à fome, bem como o aumento da competitividade internacional do país;
3) Como combater o racismo, o nacionalismo xenófobo e o protecionismo;
4) Como elevar a segurança jurídica do país e avançar no cerco contra a corrupção de todos os tipos;
5) Como promover uma inserção internacional que diversifique parceiros e seja pragmática, com foco nos interesses nacionais, em seu projeto de desenvolvimento de longo prazo e nas convergências possíveis;
6) Como retomar o protagonismo brasileiro na América Latina, sobretudo junto aos mecanismos de integração regional;
7) Como fazer do Brasil uma voz respeitada para liderar o movimento de reformas das instituições internacionais em busca de uma ordem mais plural e representativa;
8) Como aprofundar a cooperação científico-tecnológica e incluir o Brasil na revolução 4.0;
9) Como desenvolver projetos e parcerias no campo do meio ambiente, sobretudo no que tange à Amazônia e a preservação da biodiversidade, bem como na gestão das mudanças climáticas, energias limpas e agricultura sustentável.
10) Como recondicionar a burocracia especializada, dentro do governo, valorizando talentos e a competência dos quadros técnicos, e aproximando-a de outros stakeholders relevantes da sociedade civil rumo à um processo de tomada de decisão mais descentralizado e inclusivo.
Um país que deseja crescer, para ser levado a sério, precisa de muito mais do que frases de efeito no Twitter e vídeos no TikTok.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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Fernanda Magnotta
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