Financiar gasoduto afasta Lula de sustentabilidade, diz InBS – Poder360
Segundo o Instituto Brasileiro de Sustentabilidade, gás extraído na Argentina tem alto potencial para aumentar o aquecimento global
O financiamento do gasoduto Nestor Kichner, também conhecido como Vaca Muerta, para extração de gás de xisto, na Argentina “demonstraria total desacordo de Lula com o compromisso assumido com o desenvolvimento sustentável”, afirma o Inbs (Instituto Brasileiro de Sustentabilidade).
Em documento enviado ao Poder360 (79 KB), o instituto elenca os seguintes argumentos contrários ao financiamento do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) da obra:
O instituto diz ainda que no Brasil há outras soluções, como o aprimoramento da exploração própria de gás natural do pré-sal, menos poluente do que a extração do país vizinho. O InBS usa como argumento os altos índices de reinjeção de gás natural aqui no país. O Poder360 explica neste post que um dos motivos para isso é a falta de dutos de transporte para escoamento.
A ministra do Meio Ambiente reagiu com uma nota cautelosa quando Lula anunciou o financiamento ao gasoduto argentino. Depois, Marina Silva disse que a obra tem um alto impacto ambiental e está sendo analisada pelo governo. Até agora, entretanto, a ministra não condenou a iniciativa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou na 2ª feira (23.jan.2023) que o BNDES financiará parte da obra estatal do gasoduto na argentina. O chefe do Executivo classificou as críticas ao apoio financeiro do Brasil ao empreendimento argentino como “pura ignorância”.
O empreendimento tem cerca de 1.025 km ao todo. A parte que será financiada pelo BNDES tem 467 km e fica entre as províncias de Vaca Muerta e Santa Fé.
A reserva de Vaca Muerta, no oeste da Argentina, é uma formação geológica rica em gás e óleo de xisto. O xisto é um tipo de rocha metamórfica que tem um aspecto folheado e pode abrigar gás e óleo em frestas. Para extrair gás desse tipo de local há um processo considerado muito danoso ao meio ambiente, porque é necessário quebrar o solo, num sistema conhecido em inglês como “fracking”, derivado de “hydraulic fracturing”.
A exploração de gás de xisto (o tipo de insumo da Argentina) não é regulamentada no Brasil e já foi objeto de decisões judiciais na Bahia e no Paraná que suspenderam as atividades de exploração por meio do fraturamento em áreas leiloadas pela ANP(Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Em julho de 2019, o governo do Paraná sancionou lei que proíbe o uso da técnica no Estado. Eis a íntegra(721 KB).
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