Fui governador, sei o que está acontecendo na segurança’, diz Wagner

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A Câmara dos Deputados não deve demorar a votar o projeto que acaba com saídas temporárias de presos em datas comemorativas, as chamadas saidinhas. O texto foi aprovado pelo Senado na terça-feira (20) com ampla maioria e a expectativa é que tenha adesão similar entre os deputados.

Caso a previsão se confirme, a matéria seguirá para sanção do presidente Lula (PT). No governo, o tema deve dividir auxiliares próximos do mandatário. Por um lado, a ala política defende que a medida seja sancionada integralmente por considerar que um eventual veto seria derrubado e ainda acirraria o clima com o Congresso.

O projeto foi relatado pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e abraçado pela ala conservadora do Senado. O governo hesitou em relação ao tema e chegou a cogitar uma movimentação para barrar o projeto.

No entanto, a base aliada do Palácio do Planalto se viu encurralada diante da ampla adesão à proposta e, no fim das contas, o líder do governo, Jaques Wagner (PT-BA), liberou a bancada governista, ou seja, não exigiu voto contra a matéria.

O desconforto ficou evidente no discurso de Wagner. “Ficou claro nesse debate, até quando olha para o painel, o grande número de partidos que são da base do governo e orientaram voto ‘sim’. Não adianta aqui eu confrontar com lideranças partidárias. Mas não vou orientar voto sim porque eu entendi todas as razões, matéria apaixonante, fui governador oito anos, sei o que está acontecendo na segurança porque fui governador e sei desse drama”, disse Wagner.

Por outro, porém, há uma tendência de que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, que chefia a pasta responsável pelos presídios federais, recomende o veto. Além disso, ministros mais ligados à esquerda também pressionam para que Lula não ceda à pressão da ala conservadora do Parlamento e mantenha uma coerência com o discurso progressista sobre a necessidade de implementação de medidas de ressocialização de presos.

No entanto, não é descartado o cenário em que uma ação chegue ao tribunal e um magistrado dê uma decisão liminar (provisória), forçando a discussão sobre o assunto no plenário. As avaliações do governo e do Supremo sobre o tema, no entanto, ainda dependerão do texto que será aprovado pela Câmara.

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