Futebol, Guedes atrasado e zero revanche: o encontro de Bolsonaro no STF – VEJA
Dois dias depois de confirmada a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições, o ajudante de ordens do presidente, tenente-coronel Mauro Cid, telefonou para o Supremo Tribunal Federal (STF). Homem da estrita confiança de Bolsonaro, ele tinha a incumbência de convencer quatro ministros, o decano Gilmar Mendes, o ex-presidente da Corte Luiz Fux e os dois indicados bolsonaristas ao tribunal, Kássio Nunes Marques e André Mendonça, a ouvir em primeira mão o discurso em que, horas depois, o presidente agradeceria os mais de 58 milhões de votos conquistados no segundo turno e deixaria subentendido que, a despeito dos temores de que não aceitaria o resultado das urnas, transmitira o cargo ao adversário Lula.
Do outro lado da linha, a falta de consenso era evidente. Se os quatro fossem até o Palácio da Alvorada se encontrar com o presidente, poderiam ser interpretados como apoiadores do silêncio auto imposto pelo ex-capitão depois da derrota. Se fossem, poderiam também ser tachados como submissos ao mandatário que, até ali, havia quebrado o mais comezinho dos protocolos em eleições. Se fossem, poderiam por fim dar azo a interpretações de que o STF estava rachado em pelo menos duas alas: uma supostamente pró-Bolsonaro e outra alinhada às decisões do ministro Alexandre de Moraes, desafeto do chefe do Executivo e responsável por tocar investigações sensíveis à primeira-família. “Em tempos normais não haveria essa discussão de irmos ou não porque poderíamos ir institucionalmente para uma audiência com o presidente da República. Nos tempos de hoje nossa presença nesta convocação poderia ensejar todo tipo de interpretação”, disse um dos convidados a VEJA.
À frente da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes era o mais enfático a defender que ninguém devia ir até Bolsonaro enquanto ele não reconhecesse o resultado eleitoral. Convencidos por um inédito consenso, juntos, nove ministros elaboraram a declaração de que “o Supremo Tribunal Federal consigna a importância do pronunciamento do Presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições” e aguardaram Bolsonaro dizer que “enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”. Ato contínuo, Rosa Weber convidou o presidente da República a se reunir com o tribunal.
Avesso a mesuras institucionais, Jair Bolsonaro adotou um tom ameno, na noite de terça-feira, 1º, em quase uma hora de conversa com nove dos 11 integrantes do tribunal – Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli estavam fora de Brasília e não participaram. Brincou com o algoz Alexandre de Moraes e disse que a rivalidade deles estava circunscrita aos campos – Moraes é corintiano e Bolsonaro palmeirense. Na sequência, transmitiu o que ministros consideraram um recado eloquente de que não haveria turbulências maiores: “Acabou. Conflitos passados estão no passado”. Segundo interlocutores ouvidos por VEJA, o presidente afirmou que, a partir de 2023, iria se dedicar a seu partido, o PL, e cuidar da saúde.
“Nunca houve revanchismo”. Foi assim que um dos ministros presentes à reunião resumiu a Bolsonaro a atuação do STF nos quatro anos de governo do ex-capitão. Os magistrados lembraram, por exemplo, o aval da Corte para o orçamento de guerra durante a pandemia e, mais recentemente, a decisão do TSE de tirar do ar uma peça publicitária do PT que o acusava de pedofilia por ter usado a expressão “pintou um clima” em uma conversa com meninas venezuelanas de 14 anos. Em um aceno de que Judiciário e Executivo estavam dispostos a virar a página, ministros falaram no “aprendizado” da Justiça Eleitoral no combate às fake news nessas eleições.
Atrasado na audiência entre o presidente e integrantes do tribunal, o ministro da Economia Paulo Guedes chegou ao encontro munido de dados sobre feitos econômicos desenvolvidos pela equipe de Bolsonaro e desfiou conquistas do governo, tema que àquela altura do tensionamento pós eleições pouco fazia sentido para os ministros do Supremo. Era a senha para o fim, pacífico, da reunião.
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