Ganhar a Copa muda o futebol e a sociedade de um país. Traz o hexa, Brasil! – UOL Esporte

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Comentarista esportivo há 26 anos, Walter Casagrande Jr. é ex-atleta profissional de futebol, atuando por Caldense, Corinthians, São Paulo FC, Porto/POR, Ascoli/ITA e Torino/ITA, Flamengo, Paulista de Jundiaí e São Francisco do Conde da Bahia, além de Seleção Brasileira na Copa do Mundo de 1986, no México. Também é palestrante, contando sua experiência de vida, abordando a conscientização sobre uso de drogas e superação, e radialista: é um dos apresentadores do programa Rock Bola 89, na 89 FM – A Rádio Rock. É autor dos livros “Casagrande e seus demônios”; “Sócrates e Casagrande – uma história de amor” e “Travessia”, junto com o Jornalista Gilvan Ribeiro. Também foi idealizador e produtor de alguns shows do Raul Seixas, na década de 80, e recentemente do espetáculo “Adonirando”.
Colunista do UOL, em Doha (QAT)
07/12/2022 11h13
Como a conquista da Copa do Mundo pela seleção brasileira pode influenciar positivamente o futebol interno e a nossa sociedade?
Vou entrar direto na resposta mais fácil: a conquista do hexa teria uma boa influência nos nossos campeonatos.

Sem dúvida alguma o nosso futebol ficaria mais atraente e haveria um aumento de motivação nas competições, ainda que apenas três jogadores que atuam no Brasil estejam na Copa — Weverton (Palmeiras), Pedro e Éverton Ribeiro (Flamengo).
Nossos campeonatos seriam os do país campeão do mundo, e acredito que isso daria uma boa valorizada até na questão da venda dos direitos de transmissão para o exterior.
O Campeonato Brasileiro ficaria mais competitivo do que já é, por ser o principal campeonato do país vencedor da Copa do Qatar. E eu vi essa mudança acontecer quando o Brasil foi campeão em 2002, na Copa da Coreia e no Japão.
Acredito também que os clubes ficariam numa situação de destaque em qualquer negociação de jogadores com os grandes clubes europeus. Eles estão contratando nossos jovens faz tempo, é verdade. Mas, com um título mundial, esses atletas sairiam do país do hexacampeonato mundial.
A valorização do nosso futebol seria iminente e todos os setores que envolvem nosso principal esporte cresceriam com isso.
Fico pensando, por exemplo, em um jovem como o Endrick. Além de demonstrar muito talento e estar no Palmeiras, um time multicampeão, ele viraria um jogador ainda mais valorizado do que já é após o hexa do Brasil.
Até porque ele já é, aos olhos europeus, o futuro Richarlison, Vinícius Jr, Rodrygo, Antony, só para ficar nos jogadores mais jovens dessa seleção possivelmente campeã. Mesmo antes de um possível hexa, Endrick já está em avançada negociação com o Real Madrid, em uma negociação que supera a casa dos 70 milhões de euros.
Acredito também que o interesse na contratação dos jogadores brasileiros aumentaria. Mas as negociações não seriam tão fáceis, porque os valores envolvidos aumentariam, o que seria bom para os clubes brasileiros.
E não vou nem falar de todos os jogadores da seleção que já jogam na Europa. Esses ocupariam os primeiros lugares no interesse das grandes potências do continente. Sem contar possíveis premiações individuais.
Agora quero falar sobre a influência positiva na sociedade brasileira no caso de o Brasil ser campeão.
Essa não é uma resposta fácil, porque tivemos uma destruição quase que completa das instituições com um governo liderado por uma pessoa covarde, mentirosa, perversa e corrupta.
Um presidente que degradou a cultura, a educação, a saúde e foi além: distorceu os princípios e os valores da nossa sociedade, implantando o ódio e valorizando os piores preconceitos (que já existiam, mas afloraram por causa do seu aval).
A pobreza e a destruição da Amazônia aumentaram, e muito. E como um título mundial no futebol poderia ajudar na reconstrução do nosso país?
Com a eleição de um novo governo, a esperança já voltou e, rapidamente, as coisas começaram a mudar, principalmente nas relações exteriores.
E para quem ainda acha que o futebol não deve se misturar com política: alguém duvida que, se o Brasil for campeão, um chefe de Estado não vai dar parabéns pelo hexa ao presidente eleito Lula?
Eu não tenho dúvida nenhuma.
Mas, na prática, como o título da Copa do Mundo vai interferir no nosso cotidiano?
O humor da grande maioria dos brasileiros, que já está ótimo desde do dia 30 de outubro, vai melhorar ainda mais.
Porque a camisa e a seleção, que foram sequestradas pelos golpistas, já “mudaram” de lado. Até porque os falsos patriotas resolveram rejeitar esses símbolos.
Mas acredito que a influência mais significativa será nas crianças, que amam o futebol e têm os jogadores como grandes ídolos.
O futebol mexe diretamente com o emocional da garotada. E mesmo as crianças que são de famílias muito prejudicadas economicamente pelo desgoverno ficarão muito motivadas.
Já fui criança depois de um título mundial — e não foi qualquer título, foi o título mundial de 1970, desculpa aí! —, e a minha cabeça mudou completamente, assim como a dos meus amiguinhos de, na época, 7 anos.
Ficamos cheios de energia para tudo: para estudar, brincar, correr e, claro, jogar futebol.
Um título da Copa do Mundo ajudará muito na atmosfera familiar porque, mesmo na dificuldade, os pais vão ver os filhos alegres, motivados e cheios de energia. E os adultos também se envolvem nessa atmosfera de entusiasmo, ganham força para lutar.
Portanto esse hexa, caso venha, poderá contribuir para a recuperação emocional e motivacional da sociedade brasileira.
Essa minha mudança de opinião veio porque eu ampliei a minha visão, que saiu do retângulo de um campo de futebol e foi para toda a sociedade brasileira. Vejo que um possível título pode nos dar força para sairmos do caos deixado pelo clã bolsonarista.
Força, Brasil! Traga esse título para as criancinhas brasileiras, como pediu o Rei Pelé aos governantes da época, quando marcou o seu milésimo gol, em 1969, no Maracanã.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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Walter Casagrande Jr.
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