Goiás ganha bastante com nomes goianos na proa do governo Lula – Jornal Opção

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26/12/2022
25 dezembro 2022 às 00h07
Na prática, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) já governa o País. É o sentimento que todos têm, tanto pela intensa articulação promovida pela equipe que oficialmente toma posse em 1º de janeiro como pela absoluta ausência de quem ainda, em tese, dirige a máquina estatal até 31 de dezembro.
Mais do que expectativa, portanto, o governo Lula já é realidade. Nesse sentido, o anúncio, na semana passada, de que dois conhecidos goianos passam a integrar a elite da próxima administração parece ser bom sinal, não só pela reconhecida competência de ambos, mas pelas portas que podem se abrir para uma ligação republicana mais forte entre o Palácio das Esmeraldas e o Planalto.
O primeiro, recrutado pelo futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, é o deputado federal Elias Vaz (PSB). Em seu primeiro mandato em Brasília, o ex-vereador repetiu no Congresso o que sempre fez em Goiânia: teve atuação destacada na fiscalização dos atos do Executivo, no papel clássico da oposição genuína. Ganhou projeção nacional ao denunciar compras suspeitas realizadas pelas Forças Armadas, que se tornaram ainda mais escandalosas por seu conteúdo: milhares de comprimidos para disfunção erétil e dezenas de próteses penianas. O pessebista vai para o segundo escalão de Lula, como secretário de Assuntos Legislativos do ministério.
O outro é Olavo Noleto, um nome com bastante experiência em governo federal: foi secretário de Assuntos Federativos da Presidência da República nos governos Lula e Dilma Rousseff e também secretário-executivo de Comunicação Social, com Dilma. Está hoje como presidente da Codemar – a Companhia de Desenvolvimento de Maricá (RJ) – e vai deixar o município fluminense para assumir o cargo de vice-ministro de Relações Institucionais. Na prática, será o número 2 de Alexandre Padilha, o titular da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), que tem status de ministério e que, se o Planalto fosse um condomínio horizontal, seria “vizinho de muro” de Lula.
Não poderia haver notícia melhor para Ronaldo Caiado (UB) do que ter dois nomes de Goiás no entorno imediato do presidente, ainda que as diferenças ideológicas sejam significativas entre o governador e os conterrâneos que serão auxiliares de Lula. Isso porque tudo o que um chefe do Executivo ciente de sua tarefa quer é harmonia para conduzir sua gestão.
Nos últimos anos, vivendo tempos distópicos, o Brasil se desacostumou a uma máxima: governo não faz oposição a governo. Políticos experientes, embora de lados opostos, Caiado e Lula precisam um do outro agora para seu melhor desempenho. O petista busca estabilidade no início de seu trabalho, em meio ao caos deixado após quatro anos de desgoverno e com a extrema-direita ainda nas ruas, e dialoga para formar uma sólida base parlamentar– algo em que governadores são peças fundamentais. O governador quer, em seu segundo mandato e com o caixa organizado, colocar de fato sua marca em Goiás.
Olavo Noleto e Elias Vaz, treinados no tato com a realpolitik e seus protagonistas, podem ajudar bastante nesse processo fazendo a ponte Goiânia–Brasília.
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