Gosto de Bolsonaro pela morte vem de Hitler e Mussolini, mostra livro – UOL

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Mestre em sociologia pela USP, é autor dos romances “Jantando com Melvin” e “Noturno”.
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Bolsonaro é fascista? Na dúvida, prefiro responder que sim. Mas a questão é complexa, e não acabaremos nunca de apontar diferenças ou semelhanças entre fenômenos históricos separados por cem anos de história.
Acabo de ler um livro brilhante, que traz elementos à discussão. Chama-se “Fascismo como Arte”, da editora Hedra, e faz parte da coleção de seis volumes em que o pesquisador João Bernardo analisa a extrema direita dos anos 1920, 1930 e 1940 de múltiplos ângulos.
Outros volumes tratam da política, da economia, da política racial daqueles anos.
“Fascismo como Arte” estuda não apenas a estética favorecida por Mussolini e Hitler, na arquitetura e nas artes plásticas principalmente, mas a visão que esses líderes tinham de si mesmos.
Encaravam-se como “artistas”, com a massa de seus seguidores pronta a ser moldada num espetáculo, num ritual, num acontecimento. Até aí, a ideia é conhecida: os famosos desfiles à luz de tochas em Nuremberg, ou as enormes arquibancadas projetadas por Albert Speer para os comícios nazistas, fazem parte da memória visual do século 20.
Mas a análise de João Bernardo vai além. Começando com o futurismo de Marinetti, o que se destaca na mobilização fascista é o culto da atividade e do dinamismo típicos do mundo moderno —esse
destruidor do tédio, das velharias e das instituições.
Acontece que esse “dinamismo” acontecia a serviço de ideais reacionários, incluindo: a ordem, a autoridade, a disciplina, a hierarquia.
Obediência e rebeldia, organização maquinal e instinto destruidor: só uma coisa poderia unificar essas duas tendências. Tratava-se da guerra, “o futurismo intensificado”, como queria Marinetti.
Mas existem guerras e guerras, algumas mais justificadas do que outras. Zelenski se defende da Rússia sem fazer disso um oba-oba estético.
Na mentalidade fascista, a guerra não era propriamente uma necessidade, mas um esporte, uma purificação. Vitttorio Mussolini, filho do Duce, gostou de lançar bombas incendiárias sobre
aldeias no norte da África.
“Era um trabalho muito divertido, de efeito trágico, mas de grande beleza”, disse. A ideia é fundamental, porque se associa ao que o fascismo pretendia configurar na psicologia humana.
Nada de sentimentalismo. Nada de ter pena dos outros. A virtude do líder está no desprezo, na desumanidade —que faz dele, e seus liderados, ao mesmo tempo uma máquina impessoal e força da natureza.
Aqui vamos chegando mais perto da atitude de Bolsonaro frente às mortes da Covid. “E daí?”, perguntou. Todo mundo morre, por que esse chororô?
O desprezo a qualquer forma de compaixão, evidentemente instrumental também para a política econômica do neoliberalismo, tinha aqui um forte componente fascista. Pois não se tratava apenas de lavar as mãos, como faria um bom neoliberal, e dizer: “lamentamos e estamos fazendo o possível, sem estourar o teto de gastos”.
Tratava-se de uma estética do desafio, da indiferença afirmada e celebrada. Liga-se a outro comportamento de Bolsonaro, cujas raízes fascistas o livro escrito por João Bernardo ajuda a identificar.
É o culto do risco, do perigo, da temeridade. Não usar máscara, procurar multidões, andar de moto sem capacete —esse é o “heroísmo” de quintal em que Bolsonaro viveu sua fantasia de macheza.

Na segunda parte, o livro de João Bernardo vai mais fundo, explicando o culto da morte que tomou conta, como se sabe, do fascismo espanhol e das SS nazistas.
A estética burguesa do século 19, diz o autor, buscava ocultar a ferida da industrialização. Não se fala aqui dos grandes artistas, mas do gosto médio, eclético, das exposições de arte que rejeitaram o impressionismo.
Era o culto do exótico, do longínquo, das ruínas, do mitológico, do pastoral. No fascismo, a busca pelo instinto “da raça” (coisa perdida na bruma imaginária do passado) e a tentativa extrema de se adaptar ao mundo industrial (pela máquina, pelo dinamismo, pela destruição) criaram o culto não apenas da guerra, mas o da própria morte.
O indivíduo nada mais é que seu sangue puro e jorrado, a fertilizar o solo nacional para uma grandeza futura, presente e passada, fora do tempo.
Necrofilia não é só um slogan político. Defendendo as armas, desprezando a pandemia, defendendo os que mataram e torturaram na ditadura, Bolsonaro podia não saber, mas tinha uma longa tradição atrás de si.
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