Grande Premium: Os últimos chefes da Ferrari na F1 – Grande Prêmio

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A saída de Mattia Binotto estava clara desde antes do fim da temporada 2022 da Fórmula 1 e, com o campeonato encerrado, foi oficializada rapidamente. Demorou quase um mês até que a Ferrari anunciasse um sucessor para o cargo de chefe de equipe. Fred Vasseur, que até alguns dias atrás dava as cartas na Alfa Romeo, é o novo responsável pelas decisões e se junta a uma longa lista de profissionais que contaram com as dores e delícias de comandar a Ferrari.
Embora a rotatividade no cargo seja bastante alta nos últimos sete anos, a história nem sempre é assim. Para completar a lista de dez últimos chefes de equipe da Ferrari na Fórmula 1, é preciso começar em 1978 e viajar por 45 anos no tempo. Na lista separada pelo GRANDE PREMIUM, estão figuras que contavam com os cargos de chefia ou diretor-esportivo, mas que foram, cada um a seu tempo, os #1 em Maranello.
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10 – Marco Piccinini (1978/88)
O comendador Enzo Ferrari queria alguém para definitivamente substituir Luca di Montezemolo na chefia da equipe e tentara com Daniele Audetto, mas sem sucesso. Assim, convidou um jovem Piccinini, aos 25 anos e com formação em bancos. Mas o monegasco agradou ao chefão e, como havia se envolvido na formação de uma equipe de Fórmula 3, ganhou o emprego.
Nos anos seguintes, Piccinini mostrou que tinha talento para a política. Teve papel central no Pacto da Concórdia original, bem como nos enfrentamentos entre FISA e FOCA, no começo da década de 1980. Com ele, a Ferrari foi campeã de Pilotos em 1979 e de Construtores em 1979, 1982 e 1983, mas também viveu, em 1980, o pior ano da história esportiva na F1. E era o chefe quando Gilles Villeneuve morreu, tragicamente, na classificação do GP da Bélgica de 1982. Deixou a equipe após a morte de Enzo Ferrari e chegada da Fiat, com 26 vitórias, e ainda trabalhou junto à FIA por algum tempo, anos depois.
9 – Cesare Fiorio (1989/91)
Homem do rali, Fiorio atingiu muito sucesso com a Lancia, parte do Grupo Fiat, durante as décadas de 1970 e 1980. Quando a família Agnelli assumiu o controle da Ferrari, após a morte do fundador, quis levar alguém de confiança, com assinatura do sucesso, e escolheu o italiano.
Assumindo num período em que a Ferrari já não impulsionava um piloto ao título há uma década, trabalhou numa tentativa de reestruturação e conseguiu contratar Alain Prost e juntá-lo a Nigel Mansell para a temporada 1990, quando o título esteve em disputa. Mas, no começo de 1991, o clima era pesado entre a parte esportiva, técnica, pilotos e presidência. Incomodado, Fiorio pediu as contas ainda na primeira parte do campeonato: deixou Maranello com nove vitórias e 36 pódios.
8 – Claudio Lombardi (1991)
Outra figura do rali, Lombardi era o #2 de Fiorio na Lancia e migrou para a Ferrari junto do chefe anterior. Quando Fiorio brigou e quis ir embora, coube a Lombardi carregar o piano como chefe-interino durante o restante de uma temporada conturbada com um carro muito ruim.
Lombardi, que mais tarde voltaria à parte técnica da Ferrari, não foi chefe em nenhuma vitória, mas era quem estava à frente das operações quando Prost acabou demitido antes da última corrida do ano por dizer que seria mais fácil guiar uma caminhonete que a Ferrari 643 — na qual o motor fora supervisionado por Lombardi.
7 – Sante Ghedini (1992/93)
Mas o agora presidente Luca di Montezemolo ainda buscava uma figurava que pudesse ser efetivada para resolver as questões da Ferrari e se voltou a um velho conhecido. Ghedini esteve em Maranello desde o fim dos anos 1960 até os títulos de Niki Lauda, em 1975 e 1977, em diversos cargos. Quando Lauda foi para a Brabham, carregou Ghedini.
O retorno à Ferrari foi em 1992, como diretor-esportivo, após o fiasco da era Prost. Mas não deu certo. Durante os dois anos em que esteve no cargo, Ghedini não levou a equipe a uma vitória sequer.
6 – Jean Todt (1993/2007)
A grande solução da Ferrari foi outra figura que não veio da Fórmula 1. Todt passara por 12 anos como diretor de esportes da Peugeot, tocando sucessos no rali e no endurance, quando foi convencido a se mudar para a Itália e assumir o cargo de gerente geral da divisão esportiva da Ferrari. O objetivo era finalmente virar a maré de derrotas. O resto é história.
A otimização institucional veio conforme os anos passaram, mas os frutos apareceram. Em 1996, Michael Schumacher apareceu, já bicampeão, na vida dos italianos. No ano seguinte, Ross Brawn e Rory Byrne completaram o Time dos Sonhos. A Ferrari alinhou os Mundiais de Pilotos e Construtores em cinco anos seguidos, entre 2000 e 2004, numa das eras mais dominantes de todos os tempos. Já em 2004, virou CEO da marca, e, com outros interesses em mente, passou a preparar um substituto. A saída aconteceu de vez ao fim de 2007. Dois anos depois, o francês foi eleito presidente da FIA.
5 – Stefano Domenicali (2008/14)
O escolhido por Todt foi Domenicali. Nos últimos anos, sobretudo pós aposentadoria de Schumacher, em 2006, o italiano já passara a ser quase um chefe-adjunto ao lado do francês e seus muitos afazeres na companhia. A oficialização veio em 2008.
No primeiro ano de Domenicali, a Ferrari conquistou o Mundial de Construtores, algo que não repetiu até o momento, a bateu na trave no Mundial de Pilotos, com Felipe Massa. Fernando Alonso chegou em 2010 e conquistou dois vices, em 2010 e 2012, mas os carros vermelhos eram inferiores ao da Red Bull. Durante 2014, o ambiente interno implodiu. Domenicali caiu, Alonso saiu no fim do ano, bem como Montezemolo. Uma repaginação estava em curso. Com Domenicali, a Ferrari venceu 20 corridas. Após deixar a equipe, o italiano passou anos longe da F1, até voltar, em 2020, como chefão da categoria, escolhido pelo Liberty Media.
4 – Marco Mattiacci (2014)
Mattiacci tinha uma vida boa como diretor-executivo da Ferrari da América do Norte, morando nos Estados Unidos, preocupado em vender carros. Até que o telefone tocou: Domenicali estava saindo, e Montezemolo queria que ele, que nunca estivera no esporte, assumisse o cargo e ficasse à frente de reconstrução que se desenhava.
Mas Mattiacci não entendia do ramo e simplesmente foi incapaz de aprender o que era a Ferrari F1 enquanto mexia os pauzinhos para reconstruir a equipe, que acabava de trocar quase todos os diretores e o presidente. Acabou fora da equipe e da companhia.
3 – Maurizio Arrivabene (2015/18)
Sem Montezemolo, o novo presidente era Sergio Marchionne, que queria deixar a marca dele na equipe. Contratou Arrivabene, figura que fora envolvida com a Ferrari entre o fim dos anos 1990 e o começo dos anos 2000, então como vice-presidente da Phillip Morris, patrocinadora da Ferrari. Tido de maneira jocosa como ‘vendedor de cigarros’ no paddock, chegou com respaldo para ajudar a remontar a equipe.
Com Arrivabene, chegou Sebastian Vettel, e a Ferrari voltou a vencer corridas, algo que não fazia há quase dois anos. E os carros que foram surgindo eram competitivos: Vettel foi vice campeão em 2017 e 2018, mas a Ferrari não conseguiu superar a Mercedes. Foram 14 vitórias. Mas com a piora de saúde de Marchionne, que teve de se afastar meses antes de morrer, em julho de 2018, a sustentação de Arrivabene deixou de existir.
2 – Mattia Binotto (2019/22)
John Elkann, presidente que substituiu Marchionne, quis limpar a casa e demitiu Arrivabene. Mas não tinha grande nome para a sequência, então somente promoveu Binotto, que era o diretor-técnico desde 2016. Binotto tinha história para dar e vender na fábrica, onde estava desde 1995.
O carro era bom no primeiro ano, muito potente, mas 2019 terminaria marcado por polêmica: a FIA concluiu, após reclamações de rivais, que o motor da Ferrari, especialidade de Binotto, estava em desacordo com as regras. O que se sucedeu foi um acordo secreto com Todt e FIA. Apesar de nunca muito claro, o acerto fez a Ferrari piorar instantaneamente e, pouco depois, aceitar a implementação do teto orçamentário, tópico no qual a Ferrari foi histórica opositora até aquele momento.
O que se viu dali para frente foi uma gangorra. Atingida por 2019, o carro de 2020 foi o pior desde o de 1980. A Ferrari melhorou em 2021, mas ainda estava longe de brigar por vitórias. Com o regulamento altamente modificado de 2022, vieram as vitórias e a constatação de que a remontagem da Ferrari como competidora real estava nos trilhos. Só que a incapacidade de desenvolvimento, os erros evidentes em tomadas de decisão, a postura fraca frente às rivais e uma rixa com Charles Leclerc custaram o cargo. Ao todo, com Binotto, a Ferrari venceu sete corridas.
1 – Fred Vasseur (2023-)
Agora, o escolhido é outro francês, como Jean Todt. Vasseur não tem um estofo de vitórias na Fórmula 1, mas conta com experiência à frente de equipes da categoria: foi o chefe escolhido para a Renault retornar à categoria como equipe de fábrica, em 2016, quando caiu após queda de braços interna com Cyril Abiteboul; depois, em 2017, assumiu a Sauber/Alfa Romeo, onde ficou até 2022. Se não venceu corridas por lá, ao menos coordenou uma mudança de patamar num time que, anos atrás, lutava contra as calculadoras.
Mas a experiência de Vasseur no esporte vai muito além da Fórmula 1. Foi um dos fundadores da equipe ASM, vencedora em categorias-satélite e que se fundiu mais tarde para virar a atual ART, da qual também é um dos fundadores. Até fora das operações diretas de corrida ele já estava quando fiu um dos artífices na criação da Spark, companhia criada para construir todos os chassis da Fórmula E. O buraco, agora, é mais embaixo.
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