Há 40 anos, Flamengo fugiu da "entregada" e terminou campeão – UOL Esporte

0
61

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
André Rocha é jornalista, carioca e colunista do UOL. Trabalhou também para Globoesporte.com, Lance, ESPN Brasil, Esporte Interativo e Editora Grande Área. Coautor dos livros “1981” e “É Tetra”. Acredita que futebol é mais que um jogo, mas o que acontece no campo é o que pauta todo o resto. Contato: anunesrocha@gmail.com
Colunista do UOL Esporte
02/12/2022 08h08
O tema “entregada” voltou à tona com a conveniente derrota da Espanha para o Japão que eliminou a Alemanha no saldo de gols no Grupo E e fez a “Roja” encarar Marrocos, e não a vice-campeã mundial Croácia, nas oitavas e fugir de um provável duelo com o Brasil pelas quartas.
Nenhuma acusação ou ilação, apenas os fatos e uma análise da atuação “preguiçosa” da seleção comandada por Luis Enrique. E, se aconteceu, não será a primeira, nem última vez. Na impossibilidade de um sorteio antes das oitavas, por questões logísticas, a Copa do Mundo sempre correrá esse risco. Assim como corria dentro de outras fórmulas de disputa.

Em 1974, a Alemanha, então Ocidental, foi derrotada pela Oriental na primeira fase por 1 a 0 e, com isso, fugiu de uma segunda fase contra Argentina, Brasil e Holanda, encarando um grupo menos complicado, com Suécia, Polônia e Iugoslávia. Os anfitriões, com um timaço que contava com Sepp Maier, Beckenbauer, Breitner, Overath e Gerd Muller, lideraram o grupo e só encararam a “Laranja Mecânica” na final em Munique, vencendo por 2 a 1 e celebrando o então bicampeonato.
No Mundial de Vôlei Masculino em 2010, a seleção brasileira, comandada por Bernardinho, então bicampeã, perdeu com time misto por 3 a 0 para a Bulgária na segunda fase e assim encarou um grupo mais tranquilo na etapa seguinte, com Alemanha e República Tcheca, enquanto os búlgaros tiveram que encarar Espanha e Cuba. O Brasil terminou campeão, mas muito criticado.
No futebol brasileiro, os títulos de Flamengo em 2009 e Fluminense em 2010, com adversários não se esforçando tanto nas últimas partidas porque prejudicariam arquirrivais locais, fizeram com que a CBF, em 2011, reservasse a rodada derradeira para os grandes clássicos estaduais.
Mas em 1982, o Flamengo, então campeão sul-americano e mundial, fugiu de uma situação que seria confortável e até aceitável diante de um Brasileiro inchado e com regulamento confuso.
Na primeira fase, o time de Zico encarou um grupo com São Paulo, então campeão paulista e que cederia quatro jogadores à seleção brasileira, Náutico, Treze e Ferroviário. Voltou de férias no dia 14 de janeiro, por ter massacrado o Liverpool em Tóquio por 3 a 0 em 13 de dezembro de 1981, e no dia 20, feriado de São Sebastião no Rio de Janeiro, já estava no Maracanã para estrear na principal competição nacional contra o São Paulo.
Virada por 3 a 2, depois de sair para o intervalo perdendo por 2 a 0. Depois os times tiveram campanhas semelhantes até a última partida, que seria no Morumbi. O Flamengo tinha 13 pontos e o São Paulo, 11. Se vencesse por 1 a 0, o time paulista igualaria nos pontos e superaria no saldo de gols: 13 a 10.
Com a derrota, os rubro-negros fugiriam de um grupo na segunda fase com Internacional, Atlético Mineiro e Corinthians e cairiam em outro com Ceará, Ponte Preta e Atlético-PR.
Na época, sem internet, surgiram rumores de que o Flamengo escalaria time misto, ou não faria muita força no estádio são-paulino. Mas Paulo César Carpegiani escalou titulares, a equipe carioca cumpriu uma de suas grandes exibições no campeonato, dentro de um dos melhores jogos da competição, e venceu, novamente de virada, por 4 a 3.
Não fugiu do que ficou conhecido como “Grupo do Povo”, pelos times com torcidas numerosas, e conseguiu a classificação, ainda que um ponto atrás do Corinthians. O São Paulo, óbvio, liderou o seu grupo, mas viria a cair nas quartas para o Guarani, de Jorge Mendonça e Careca, com duas derrotas, no Morumbi (0 a 1) e Brinco de Ouro (2 a 0).
Já o Flamengo superou Sport nas oitavas, Santos nas quartas, o próprio Guarani na semifinal e, na decisão em três partidas, o Grêmio, campeão do ano anterior. Em seis meses, fechou o ciclo de títulos possíveis no país: estadual, brasileiro, sul-americano e mundial.
Sem direcionar confrontos ou escolher adversários. Como deve ser.
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}

Por favor, tente novamente mais tarde.

Não é possivel enviar novos comentários.
Apenas assinantes podem ler e comentar
Ainda não é assinante? .
Se você já é assinante do UOL, .
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia os termos de uso

André Rocha
André Rocha
André Rocha
André Rocha
André Rocha
André Rocha
André Rocha
André Rocha
André Rocha
André Rocha
André Rocha

source

Leave a reply