Há espaço para política industrial em meio à desglobalização? – folha.uol.com.br

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Professora do Instituto de Economia da UFRJ
Da hiperglobalização à desglobalização, diversos analistas buscaram situar historicamente as mudanças na natureza da globalização.
A expansão da produção internacionalmente fragmentada é uma das marcas da hiperglobalização. Dani Rodrik, quem originalmente propôs tal termo, argumenta que, como consequência da hiperglobalização, as restrições às políticas industriais são a restrição externa mais significativa que os países em desenvolvimento enfrentam. Haveria cada vez menos espaço político para que esses países empreendessem políticas industriais.

Cabe então indagar sobre o espaço para política industrial em meio à desglobalização. Na última década, a desaceleração dos fluxos de comércio em relação ao PIB levantou questões acerca de um “pico” das cadeias globais de valor, com implicações diretas para a prática de negócios das corporações e estratégias dos países para melhorar suas posições na economia global. Uma das discussões que têm ganhado fôlego, em um primeiro momento nos países desenvolvidos, é justamente sobre a capacidade de um Estado de desenvolver tecnologias que considera críticas para o bem-estar e a competitividade.
A relação entre desglobalização e soberania tecnológica tem sido discutida a partir da vulnerabilidade das cadeias a choques cada vez mais graves e frequentes. Uma sequência de eventos climáticos —como o terremoto e tsunami Tohoku no Japão, as enchentes na Tailândia e o furacão Harvey nos EUA— impactou a organização da produção internacional. Também são diversos os choques geopolíticos, macroeconômicos e ataques cibernéticos, com diferentes graus de intensidade, durabilidade e efeitos cascata em diferentes regiões e setores. Do ponto de vista da vulnerabilidade das cadeias, a pandemia é o evento disruptivo recente de maior duração, magnitude e amplitude.

No nível corporativo, um relatório da McKinsey revelou algumas fontes de vulnerabilidade das cadeias: a estrutura das redes de fornecedores —concentração geográfica da produção, substitutibilidade e interconectividade e número de níveis dos fornecedores—, o planejamento de demanda e gerenciamento de estoque, as interrupções inesperadas na infraestrutura física ou digital e o fechamento de fronteiras. A fragilidade financeira dos fornecedores e as características do produto também aparecem como dimensões importantes para avaliar a capacidade de construir cadeias mais resilientes.
No campo das formulações de políticas, as principais considerações sobre resiliência versam sobre competitividade e segurança nacional. Em uma era de antagonismos geopolíticos e intensificação da competição global de base tecnológica, há uma crescente demanda para que os Estados preservem sua capacidade de agir estrategicamente e de forma autônoma. Esse movimento, é claro, não está isento de contradições.

Recentemente, o ministro de Finanças da França, Bruno Le Maire, manifestou seu descontentamento com a estratégia dos EUA para “desenvolver sua capacidade industrial em solo americano” em sintonia com o modelo chinês de política industrial. Ao seu lado na entrevista, o ministro alemão da Economia, Robert Habeck. Há algumas semanas, a Alemanha barrou a venda de duas empresas produtoras de chips do país, em linha com decisões articuladas pelos EUA para impedir o salto tecnológico chinês na indústria de semicondutores. Habeck ressaltou que o setor de semicondutores é importante para proteção da soberania tecnológica e econômica da Alemanha e da Europa.
A tensão entre o modelo econômico dominante e o apelo à soberania tecnológica é crescente, embaralhando o discurso dos países desenvolvidos sobre política industrial na desglobalização.
Certamente o espaço para que países em desenvolvimento estabeleçam políticas industriais —sem receio de assim chamá-las e cientes das mudanças no cenário internacional— deverá ser disputado. Mais uma vez, o custo de não enfrentar tais questões será alto.
TENDÊNCIAS / DEBATES
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