Homenagem da cidade de São Paulo ao trabalho do professor Francisco Capuano Scarlato – USP

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Por Glória da Anunciação Alves, professora do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP
 
O professor Scarlato sempre cumpriu com o que se espera de um professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo: ministrou aulas na graduação e, mesmo já aposentado, continuou a oferecer cursos no bacharelado do curso de Geografia; além de participar inúmeras vezes do Conselho Departamental, também foi, durante parte da primeira década dos anos 2000, presidente da Comissão de Graduação da FFLCH, contribuindo muito no projeto de Formação de Professores da USP, além de participar da extinta Comissão Intraunidades das Licenciaturas (CIL).
Em 1997 recebeu o Prêmio Jabuti pelas contribuições publicadas no livro Geografia do Brasil, mas é sobre a metrópole paulista que encontramos suas maiores contribuições. O artigo publicado em 2018 na revista intitulada Boletim Paulista de Geografia expressava justamente o tema de maior relevância em seus estudos: “São Paulo: uma metrópole em constante mutação”. Mesmo hoje, aposentado e na condição de professor sênior, continua lecionando no Programa de Pós-Graduação de Geografia Humana da USP, dedicando-se ao estudo das centralidades periféricas da cidade de São Paulo, ministrando disciplinas e orientando alunos de mestrado e doutorado, bem como publicando artigos em livros e revistas especializadas.
Até o momento, orientou 37 dissertações de mestrado e 27 de doutorado, sendo que muitos desses ex-alunos hoje são professores em instituições de ensino superior como a Universidade de Brasília, Universidade Federal de Roraima, Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal do Pará, entre outras. Com alguns desses professores desenvolve também pesquisas ligadas ao debate sobre o patrimônio.
Apaixonado pela cidade de São Paulo, era recorrente, até pouco tempo atrás, a realização de trabalhos de campo na cidade paulista, tanto para alunos da graduação como da pós-graduação. Quando dos 450 anos da cidade de São Paulo, fez parte da Expedição São Paulo 450 anos: uma viagem por dentro da metrópole, tendo contribuído com um capítulo dessa publicação, em 2004. Esse trabalho não era apenas de coleta de informações e dados, mas de documentação das vidas e dos agentes sociais que ajudam a construir a cidade. Além disso, desenvolveu o trabalho de extensão intitulado Geograficidade paulistana, no qual, junto com os alunos de graduação e pós-graduação, buscou, a partir da análise da construção e transformação da cidade, e dos trabalhos de campo, auxiliar na construção de uma educação pública de qualidade.
Os trabalhos de campo sempre foram para ele a forma mais didática de articular a teoria debatida em sala de aula com a realidade, por isso é marcante sua atuação nas disciplinas de Regional Brasil, tanto Sul como Sudeste, nas quais os alunos interagiam entre si e com o professor, articulando os conhecimentos, bem como na pós-graduação e graduação com suas inserções no Centro de São Paulo. Antes de se aposentar, e mesmo alguns anos depois de sua aposentadoria, sempre fez questão de realizar um city tour com os calouros no Centro de São Paulo para dar as boas-vindas ao Departamento e ao curso de Geografia, proporcionando a eles, pela análise da paisagem, que levantassem questões, indagassem sobre a realidade, algo que esperava que continuassem a fazer durante o curso da graduação.
Envolvido com as questões sociais, continua participando de ações e atos públicos em defesa da democracia: em períodos recentes o fez durante as várias manifestações na Avenida Paulista contra o golpe de 2017 e, ainda neste ano (2022), esteve presente na aula pública promovida pelo coletivo USP pela Democracia, realizada dia 15 de agosto no vão do prédio de Geografia e História, com as professoras Marilena Chauí (Emérita da FFLCH), Ermínia Maricato (FAU) e Adriana Alves (IGc), além de falas com outros professores, funcionários e alunos da USP.
O reconhecimento, pela Câmara Municipal de São Paulo, do conjunto de seu trabalho é uma manifestação da importância das pesquisas científicas realizadas na Universidade e que possibilitam um melhor entendimento da realidade, auxiliando na construção de alternativas para uma sociedade mais democrática, justa e menos desigual. Parabéns, professor Francisco Capuano Scarlato.

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Por Glória da Anunciação Alves, professora do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP
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