Imagens inéditas mostram falhas da PM e destruição do STF em ato golpista – UOL Notícias
Do UOL, em Brasília
25/01/2023 18h00Atualizada em 26/01/2023 06h55
Novas imagens do circuito interno do STF (Supremo Tribunal Federal) mostram detalhes da invasão ao edifício-sede da Corte durante os atos golpistas de 8 de janeiro.
Nas gravações, obtidas pelo UOL, é possível ver falhas da resposta da Polícia Militar em evitar a invasão dos radicais à Praça dos Três Poderes, o embate entre a Polícia Judiciária e os golpistas, e a retomada do prédio, no fim da tarde.
As filmagens foram entregues à Polícia Federal e devem ser utilizadas para subsidiar as investigações e identificar os envolvidos.
Falhas na resposta da PM contribuíram para a invasão da Praça dos Três Poderes. Gravações feitas por drones e por câmeras acopladas em um dos pilares do edifício-sede mostram o momento em que os golpistas se aproximam da Alameda das Bandeiras.
Somente após centenas de radicais avançarem contra o Congresso Nacional é que uma equipe de Choque da PM fez uma barreira para impedir o avanço dos golpistas.
O fechamento da Esplanada dos Ministérios estava previsto em protocolo de ações que poderiam ser adotadas pelo governo do Distrito Federal, assim como a proibição de acesso à Praça dos Três Poderes. As imagens, porém, demonstram que nada disso foi feito, o que contribuiu para a destruição dos prédios.
O próprio bloqueio do Choque foi desfeito minutos depois, após a passagem de uma viatura da Polícia Militar. Não é possível saber o que foi discutido, mas momentos depois parte dos veículos da equipe de Choque deixam o local.
Um veículo blindado do Choque permanece. Sem resistência, os golpistas passam tranquilamente pelo veículo e descem em direção à Praça dos Três Poderes.
Bolsonaristas estavam preparados para confronto. Nas imagens, após entrarem na Praça dos Três Poderes, os golpistas avançam para os gradis de segurança do Supremo, muitos usando máscaras e óculos de proteção contra gás lacrimogêneo. Alguns vestem luvas para revidar as granadas de efeito moral lançadas contra o grupo.
As imagens mostram que, enquanto a Polícia Judiciária volta para a marquise do prédio, uma faixa de militares da Polícia Militar permanecem entre os golpistas. Em diferença numérica, não oferecem resistência aos golpistas, começam a avançar contra a sede do tribunal.
Centenas de granadas de efeito moral foram lançadas pela Polícia Judiciária, que apoiou a PM com equipamentos de segurança como capacetes de cassetetes. Apesar de contar com o mesmo efetivo usado na proteção do STF durante o 7 de setembro, a Polícia Judiciária não conseguiu conter os radicais.
O grupo usou os próprios gradis do tribunal para quebrar os vidros laterais e formar passagem para o interior do prédio. Lá dentro, o grupo passou a destruir as áreas do térreo, como o plenário e o Salão Branco.
Rastro de destruição atingiu obras de arte. A primeira área atacada foi o Salão Nobre, que funciona como uma antessala do plenário. Em um corredor, ficam os armários dos ministros – a porta do armário do ministro Alexandre de Moraes foi retirada.
As imagens feitas por câmeras no teto do tribunal mostram o grupo invadindo e, inicialmente, observando o local. Um dos golpistas retira a mangueira de incêndio enquanto outros começam a depredar o local.
O rastro de destruição se concentrou no plenário, onde as cadeiras dos ministros foram retiradas e destruídas, assim como poltronas usadas por advogados e interessados que acompanhavam as pessoas presencialmente. É possível ver ainda focos de incêndio em pontos do vídeo.
A mangueira de incêndio é então usada para disparar jatos de água contra o patrimônio do prédio, e volta a aparecer em outros momentos. Uma das câmeras captou o momento em que um dos radicais usando a mangueira para disparar jatos de água contra a obra “Os Bandeirantes de Ontem e de Hoje”, do artista Masanori Uragami.
No andar de cima, o grupo destruiu bustos de mármore da República e do ex-ministro e ex-presidente Epitácio Pessoa (1919-1922).
Em uma das imagens é possível ver a Constituição roubada do prédio do Supremo sendo exibida por um dos golpistas durante a invasão. O documento foi recuperado pela Polícia Federal e devolvido ao STF no último dia 13.
Segurança focou em impedir avanço pelo subsolo. Com a tomada do edifício-sede por bolsonaristas, o foco da Polícia Judiciária foi evitar que o grupo avançasse, pelo subsolo, aos anexos administrativos do tribunal. É no anexo 2 que ficam os gabinetes dos ministros – que não foram atingidos.
Os bolsonaristas que tentaram seguir caminho pelo subsolo foram detidos, incluindo um radical que usava uma toga roubada do tribunal. Ao todo, oito pessoas foram presas ao tentarem invadir o subsolo do tribunal.
A retomada do prédio começou a ser feita no fim da tarde, com a chegada de equipes do Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar e do Comando de Operações Táticas da Polícia Federal. No fim da noite, com o prédio já retomado, a ministra Rosa Weber e o presidente Lula estiveram no local para avaliar os danos.
O UOL entrou em contato com a Polícia Militar sobre a atuação da PM captada pelas imagens e aguarda manifestação.
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